capítulo 31 | Lucius Callahan

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O bar não parava de encher. Todas as cabines e mesas tinham algum cliente, e aquilo era tudo que eu não queria nesse momento. Dionísia precisava de mim, e eu não podia ficar com ela.

— Tá bem cheio cara —

— Eu percebi — respondo, olhando para minha conversa aberta no contato de Dionísia. Não haviam mensagens, nem sinal de que ela havia aparecido online.

— Chama o tio Marcus. Ele vai entender —

— E se ela precisar desse tempo sozinha? — murmuro, pegando os pedidos da sua mão e lendo-os rapidamente, puxando as bebidas e copos respectivos a cada um.

— Então precisará esperar — Olho de volta para a tela do meu celular, nenhuma mensagem ainda.

Me forcei a afastar um pouco o aparelho e focar minha atenção nos seis pedidos idênticos. Stephan me observava, atento e a postos caso eu de repente subisse correndo ao mínimo som de cima, ou decidisse descontar minha raiva no primeiro idiota a causar confusão.

Eu entrego as bebidas assim que as termino, pondo na bandeja, e ele vai a caminho da mesa.

O meu celular brilha e eu pego o aparelho na mesma hora, lendo a mensagem que Dionísia havia acabado de me mandar.

 
Posso beber água?

      

Dionísia é inacreditável. Estava preocupada com o fato de não ser seu apartamento, e que algo que fizesesse pudesse me incomodar, e não no fato mais importante, de que deveria focar nela mesma, tentar se acalmar e se sentir segura. Eu digitei minha resposta sem hesitar.
    

Pode fazer o que quiser
Quebre os copos. Quebre
os pratos. Quebre o meu
apartamento todo, se assim
quiser, anjo, ponha ele abaixo,
se isso for fazer você
se sentir melhor


            
Ela vizualizou a minha resposta e começou a digitar, mas então parou, tornou a digitar novamente, e parou de novo.

Mesmo preocupado, decidi que o melhor seria não pressiona-la, se ela não sabia o que falar, ou não queria dizer nada mais, eu compreendia bem entre não saber como se expressar e preferir não se expressar, tendo por detrás milhares de justificativas para a razão de privar seus sentimentos e pensamentos, eu conhecia cada uma.

— Ela disse algo? — Stephan perguntou ao me ver segurando o telefone. Eu o pus na bancada e sinalizei que sim.

— Eu sei tampouco sobre quanto você —Tirei um cigarro do maço e acendi.

— Talvez Daisy saiba —

— Não tenho o contato dela. E, não acho que Dionísia quer que a prima ou mais alguém saiba disso, ela meio que fugiu —

— E agora ele quer caçar ela, ela tomou uma péssima decisão —

Stephan murmura uma lamentação.

— Acho que essa foi a decisão mais corajosa que ela conseguiu tomar para tudo que certamente passou com ele — O ruivo concorda comigo.

— Ela não está sozinha agora, ela só tem que enxergar isso — me fala.

— Esse é o maior problema — batuco o cigarro no cinzeiro e torno a dar uma nova tragada. — Fazer alguém que se sente sozinho entender que não está sozinho por mais óbvio que seja, porque a pessoa simplesmente se recusa a enxergar —

Heart ProblemsWhere stories live. Discover now