capítulo 25 | Lucius Callahan

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Idiota. Idiota de merda. Um grande filho da puta. Era isso o que eu era. Era exatamente como me sentia.

Tudo que eu queria dizer para Dionisía simplesmente não saí da minha boca. Ficava preso. Eu não conseguia falar que estar com ela era tudo que eu queria, que eu não me arrependia de ter lhe dado um orgasmo na bancada do bar mas sim de ter perdido o controle novamente quando tudo que eu mais queria era ir devagar. É apenas conhecer ela.

Ela não tinha ideia do quanto eu queria estar beijando ela até agora. De como eu queria ter beijado ela a noite toda no seu apartamento naquela noite, do quanto gostaria de estar nos braços dela agora, apenas sentindo ela comigo. Mas eu não consegui dizer nada disso e junto do arrependimento de ter apressado as coisas veio um medo maior. O medo de todo esse sentimento ruir no minuto em que eu soubesse como era sentir ela, porque, eu estava falando sobre estar de quatro por Dionisía, de pensar nela, de querer conhecer ela, mas, eu não sabia o que eu estava sentindo. Eu não sabia se esse sentimento era de fato verdadeiro, ou apenas uma ilusão.

Eu não tive amor de mulher alguma a vida inteira. Eu nunca soube o que era receber carinho e atenção até eles morrerem e Marcus decidir me criar. Eu não sabia o que era receber carinho e atenção de pessoa alguma até Marcus surgir naquela casa.

Tudo era só dor, dor, dor e dor. E conforme cresci a visão que eu tinha sobre mulheres não mudou, para mim elas sempre iriam tentar me machucar, me agredir, tirar tudo que eu prezava. A minha visão masculina progrediu, Marcus me mostrou como o mundo era, como ele era, mas, ele foi o único exemplo que tive. Ele não tinha uma esposa, namorada, e minha avó havia morrido há muito tempo. A única figura feminina que eu tive, a primeira e única que se impregnou na minha mente, era a figura da minha própria mãe. E a minha mãe não era minha mãe.

Minha visão sobre as mulheres se modificou ao longo dos anos conforme comecei a frequentar escolas mas as coisas era difíceis, foram anos para eu não me sentir mal quando alguma professora ou garota falava comigo, quando me tocavam eu sentia todo aquele horror de novo. Esse medo afastava todos de mim. O meu medo fez todos terem medo de mim. Elas iam me machucar era o que eu pensava. Elas iam fazer isso porque ela fazia isso comigo.

O restante da minha adolescência foi tão conturbada quanto minha infância. E então Stephan apareceu, Shane apareceu. E eles não sentiram repulsa, medo ou nojo de mim, quiseram ser meus amigos, quiseram me conhecer, quiseram me ajudar e não desistiram de mim. E aquilo apenas piorou minha visão feminina pois nenhuma delas queria se aproximar de mim, e eu não sabia como me aproximar de nenhuma delas. Conhecer Stephan e Shane me ajudou a aprender a socializar, um pouco, me ajudou a conversar com uma garota pela primeira vez sem desviar e recuar de qualquer gesto dela porque achava que iria me agredir. Meu tio, Stephan e Shane pouco a pouco conseguiram me ajudar a perceber que nem todas as mulheres do mundo eram como ela, assim como meu tio ao me criar me ensinou que nem todos os homens do mundo era como meu pai.

Eu ainda me senti mal perto de mulheres por um tempo, demorou para que deixasse uma me tocar, para que eu quissese tocar em uma, tocar em buscar de contato, tocar para ajudar, tocar para pedir ajuda, tocar por desejo, mas nunca, nunca toquei para machucar nenhuma delas, e, desde minha mãe, nenhuma das mulheres que me envolvi fizeram o mesmo que ela, talvez porque eu não tenha permitido quando eu feria seus sentimentos e para elas não restava nada além de arrependimento e ódio, mas até nesses momentos elas não eram iguais a ela. Passei um tempo ferindo os sentimentos de muitas garotas quando conseguia estar com elas, na época ainda sentia aquele ódio revoltante borbulhando aqui dentro, depois, percebi o quão errado aquilo era, e parei de brincar com os sentimentos dela porque foi como se eu fosse ela. Eu podia não ter agredido nenhuma daquelas mulheres mas os sentimentos delas eram tão importantes quanto seus corpos, e a dor, a dor física e a dor psicológica doíam do mesmo jeito, a psicológica mais.

Heart ProblemsWhere stories live. Discover now