capítulo 52 | Lucius Callahan

40.1K 3.9K 1.6K
                                    


Dionísia recebeu enfim alta, cerca de quatro dias depois que acordou.

Daisy veio buscar ela com o carro dela e eu ajudei Dionísia o tempo todo, óbvio,segurando-a o mais cuidadoso que nunca pensei ser capaz de fazer. Ela ainda sentia dor mesmo que pouca, tinha remédios e cuidados a tomar, voltaria para um consulta daqui algumas semanas e até lá estaria melhor.

— Pronto, anjo — murmurei ao por ela sentada no sofá como me pediu para ajuda-la. Ela suspirou fechando olhos por um instante, mordendo o lábio inferior para impedir de deixar um som de dor escapar.

— Vou na farmácia comprar os remédios. Qualquer coisa estou com meu celular — Daisy acena, já saindo do apartamento e fechando a porta, troca um olhar comigo que pede para que eu a conforte, após todos os avisos do médico dos cuidados pós cirurgia e os demais machucados que a acompanhavam também.

— Está doendo muito? — pergunto para ela, ajoelhado na sua frente.

Penso que ela está prestes a desmaiar mas logo entendo, o olhar dela vaga pelo cômodo. Ela não vinha desde que Dimitri apareceu. E essas lembranças não eram boas.

— Dionísia...— chamo, ela parece sair do transe das memórias e me olha, piscando duas vezes.

— Desculpe eu...— me impulsiono um pouco para cima e beijo a testa dela, acarriciando seus cabelos.

— Não tem que se desculpar. Apenas saiba que nada daquilo vai voltar para te atormentar outra vez. E se se sentir mal aqui, o meu apartamento é seu — ela concorda, e respira devagar.

— Quer recostar na cama? Talvez seja melhor. Daisy disse que colocou o colchão no quarto para você...

— Estou cansada de ficar deitada...— uma expressão triste aparece no rosto dela, refere-se ao fato de não poder realmente se deitar como o usual e sim manter seu corpo brevemente encostado.

— Que tal olhar sua loja, então? — tento animá-la, e funciona assim que vejo o olhar tão apagado dela se iluminar um pouco mais pela ideia. Mas tão rápido quanto veio seu brilho apaga e me dilacera, sei que está lembrando da remessa que o maldito destruiu.

— Não...agora não...não vou poder fazer nada de qualquer jeito.

— Claro que pode. Pode por em aberto novamente...ver todos os pedidos...e nós empacotaremos tudo. Enviaremos para você.

— Depois...mas obrigada. Obrigada por ficar comigo esses dias...por tudo...— beijo o joelho dela e aliso seu calcanhar com a ponta dos meus dedo, ainda ajoelhado.

— Não foi um favor, anjo. Só quero ver você bem — beijo a mão dela várias vezes e deixo que seus dedos encostem na minha bochecha, ela me olha e eu levanto sentando-o na sua lateral.

— O bar estava aberto, não vai para lá? — ela me olha deixando claro que não está incomodada comigo ao seu lado, apenas curiosa e preocupada eu podia ver ali.

— Posso ficar com você por quanto tempo me aguentar — brinco e minha tentativa de tom humorado a faz rir suavemente, música para meus ouvidos. Eu me perco na alegria que preenche seu olhar, especialmente quando ela não evapora e sim continua.

— Você mal dormiu direito no hospital e mal comeu nesses dois dias...— A mão dela toca no meu rosto e faço questão de encostar minha bochecha na sua palma a ecaixando daquele mesmo jeito que fez na noite no carro.

— Quero cuidar de você...estar aqui se precisar ou não de mim. — reluto, e ela ri do meu nítido desagrado de a abandonar.

— Precisa cuidar de si mesmo também, Lucius. Não vou permitir que fique cuidando de mim e não cuidar de si mesmo, quando não posso fazer de volta. Daisy fica comigo — minha expressão emburrada faz ela rir e se inclinar, beija minha bochecha e roça seu nariz pela região. Fecho meus olhos, rendido ao contato.

Heart ProblemsWhere stories live. Discover now