capítulo 18 | Lucius Callahan

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Sinto cheiro de farinha por todo o meu nariz. Abro meus olhos e ergo meu tronco, passando uma mão pelo rosto, minha mão está branca e cheia de farinha e eu demoro um tempo observando aquele branco para me lembrar de como tinha parado ali, e de onde eu estava. E melhor dizendo, com quem eu estou.

Dionísia está dormindo ao lado do meu corpo, me abraça com o rosto apoiado no meu braço por debaixo do seu corpo. O seu rosto sujo de farinha está adormecido e tranquilo, ela respira tão fraco que começo a me preocupar até ver seu peito bem devagar subindo e descendo. Eu fico admirando-a, tanto apaixonado tanto surpreso com o fato de que eu realmente tinha dormido. Era a primeira vez que eu dormia com uma garota, e que eu me sentia bem com isso, que gostava da sensação de estar com ela ao meu redor e de a sentir me abraçando enquanto dormia. Era a melhor sensação da minha vida.

Me dou conta da claridade no apartamento e olho para o relógio me assustando ao encontrar o ponteiro marcando nove horas. E percebendo que dormi, encaro o forno assustado mas me recordo de Dionísia dizendo que o forno desligaria sozinho assim que o pão ficasse pronto.

E mesmo querendo me por em torno dos braços do meu anjo novamente e continuar dormindo, eu não faço minha maior vontade porque a sua prima poderia chegar a qualquer momento, e eu sei o quão importante isto é para ela, e não havia nada mais importante do que o meu anjo.

— Anjo...— eu a chamo, olhando de volta para seu rosto. Ela não acorda. — Anjo, precisa acordar. — chamo, pela segunda vez. Ela permanece imóvel. — São nove horas já. — sussuro na sua orelha, é quando sinto uma reação, ela estremece e recua despertando, os olhos se abrem rápido demais. Ela olha ao redor em pânico.


— Ei, sou eu, Lucius. Estamos no seu apartamento. Está tudo bem, tudo bem. — toco no seu rosto, ela esquiva de primeira mas parece me reconhecer antes mesmo de encontrar meu rosto. O seu corpo se tranquiliza e ela suspira levando as mãos para esconder os olhos.

— Me desculpa. Eu estava em um sonho ruim, me assustei. — segurei de leve na sua mão, afastando os dedos se seus olhos para que se sentisse melhor e a sua tensão dissipou quando o fiz. — Você disse...que são que horas? — ela pergunta, abaixando devagar suas mãos ao afastar da minha.

— Nove horas. — olho para o relógio. — Nove e duas, na verdade. — corrijo.

— Caramba, caramba, ela deve estar chegandoooo — Dionísia levanta do colchão em um pulo, parando do outro lado, ela olha as próprias mãos e olha de volta para mim e ri.

— Eu vou tomar um banho. Acho que deveria fazer o mesmo. Obrigada por me acordar. — Levanto sorrindo em concordância. Ela corre até o forno e retira um dos pães de dentro das grades.

— Aqui, esse é para você. —
Fala, e enrola o pão em um pedaço de sacola de papel e anda até parar na minha frente. Eu olho para ela e para o pão em suas mãos, sem saber o que fazer.

— Obrigada por me ajudar. E por aceitar me ensinar a me defender. Depois me diz se o pão ficou bom, por favor.— Ela sorri, o rosto branco como um fantasma, ainda sim, meu anjo continua linda e reluzente. Esbanjando luz para todos os lados.

Eu seguro o pão, tentando não expressar o quão malditamente contente eu estou para que ela não soubesse que era o primeiro presente que eu recebia de uma garota. Eu sabia que não era um presente, mas, era a primeira coisa que eu ganhava de uma mulher além de traumas, medo ou prazer, e me deixava ainda mais contente por saber que tínhamos feito esse pão juntos. Esse é um dos melhores presentes que poderia receber, ela me deixar ficar próximo dela é o melhor deles.

Heart ProblemsWhere stories live. Discover now