capítulo 35 | Dionisía

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 Daisy me abraçou forte enquanto subíamos a escadaria junto de Penélope. Eu sabia que ela já tinha percebido alguma coisa e certamente esse também foi o verdadeiro motivo dela aparecer aqui após eu virar o dia  e a noite sem falar com ela. Acontece que eu não tinha certeza se queria contar a verdade para ela e a meter em um problema que eu dei abertura para aumentar mais.

— Amanhã é o aniversário da mãe da Domenique, então todos iremos para a casa dos pais dela comemorar —

Minha prima explicou. Ela havia me explicado bem sobre a família das suas duas melhores amigas e dos demais amigos e familiares dos seus amigos que conheceu. Eu sabia que Domenique e Tatiana eram melhores amigas, que Domenique era casada com Joseph que é melhor amigo de Nathan que é casado com Tatiana, e que alguns anos depois de casadqa ironicamente as duas estão grávidas do mesmo tempo. Odete era mãe de Joseph enquanto Flora, sócia de Daisy e chefe como ela ainda a chama, é a tia perdida, não mais perdida, da Tatiana. Fernando trabalhava na lanchonete até alguns anos atrás e é amigo de todo esse círculo.

E havia a família da Domenique que Daisy me disse que vinha sendo como uma família para ela, junto das amigas e amigos ao longo dos anos. A família que nós duas não teríamos de volta.

— Que legal —

Penélope elogiou o meu apartamento, eu sorri, o lugar eram bem legal mesmo. Era espaçoso e bem iluminado apesar de ter apenas duas janelas, uma maior com vista para a rua e outra onde eu colocava meu colchão para dormir, dando para o prédio do bar.

— Vocês comeram alguma coisa? —

Pergunto, indo até o forno na pia.

— Não. Estou faminta — Daisy murmura vindo junto de Penélope.

— Estou com um pouco só —

— Fala logo que tá faminta — minha prima a cutucou quando elas sentaram nos bancos da bancada. — Assim não pareço a única desesperada — eu ri das bobagens e pus na mesa o pão recheado que fiz ontem de manhã antes de toda a loucura iniciar.

— Querem beber o quê? —

Abro minha geladeira, felizmente cheia, e tiro uma caixa de leite.

— Leite com nescau — Daisy pulou do banco para pegar o nescau no armário e Penélope saltou junto e veio ao meu encontro me ajudar.

— Leite com nescau é ótimo — me disse a garota de cabelos verde pastel, pegando a caixa de leite e a manteiga que eu a entreguei, levando para a bancada. Fiquei observando a cena dela e da minha prima rindo e arrumando a bancada, e a ficha de que eu não tinha algo assim com alguma amiga caiu, faziam tantos anos.

Tinha me tornado dependente de Dimitri e quando nos mudamos perdi contato com todas as minhas amigas e amigos, e foi apenas eu e ele durante todo aquele tempo, eu e ele, ele e eu, e, não parecia ruim na época até eu de fato sentir aquele vazio que ele não podia me ajudar a preencher, e quando tentei fazer amizades contratando meus primeiros modelos as manipulações dele me fizeram achar que tudo seria apenas por interesse e que elas me tratariam bem só porque queriam manter o trabalho. Mas a verdade era que Dimitri queria que eu excluísse o mundo de mim e que ele fosse meu mundo. E eu tinha sentido muita falta de estar no mundo de verdade e viver nele.

Peguei duas xícaras do armário e entreguei para elas. Uma já era de Daisy pois comprei para ela, a outra agora era para Penélope pois algo me dizia que ela estaria bastante por aqui.

— Você não está com fome? —

Daisy perguntou, parecendo surpresa, e mordendo um pedaço do pão enquanto Penélope despejava o leite nas xícaras.

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