capítulo 26 | Dionísia

41K 4K 2.7K
                                    

— Você acordou cedo —

Daisy falou. Eu me virei, vendo ela sair do quarto esfregando olhos, os cabelos loiros curtos apesar de bagunçados continuavam lindos.

— Eu nem dormi — suspirei, mordendo um pedaço do pão que eu tinha feito enquanto ela dormia.

— Será que agora você consegue me contar o que aconteceu entre o Lucius e você para sair tão irritada do bar? — ela sentou no banco e pegou um pedaço do pão doce, olhando-me na expectativa.

— Por que você não me conta de você e o Stephan só de sorrisos bobos quando eu saí??? — eu sorri maliciosa para ela e me surpreendi quando vi as bochechas de Daisy se tornarem verdadeiros tomates de tão vermelhas que ficaram.

— Ele...ele disse que gostaria de me conhecer. — abaixou olhos, sorrindo constrangida. Eu sorrio, extremamente feliz.

— E você respondeu o quê? —

— Que eu não morava aqui. E ele disse que a distância não era um problema para ele. E então eu disse que voltaria essa semana e daria minha resposta. Eu, ainda não sei se quero conhecer alguém e me interessar...você sabe. — suspirou. Eu segurei suas mãos e lhe mostrei um sorriso encorajador.

— E como você se sentiu enquanto conversava com ele? O que sentiu quando se olharam? — a pergunto, deitando meu peito na bancada a observando pensar.

— Foi estranho...— disse, mais para si mesma do que para mim. Me mantive calada, esperando que ela fosse adiante. —...me senti bem. —

— Por que soa como um crime? — sorri. Ela me encarou e empurrou meu braço revirando os olhos azuis.

— Idiota — xingou-me, rindo. — Eu me senti bem mas...eu não sei. Eu não  sei. — Daisy ergueu ambos braços escondendo o rosto em torno deles.

— Hey, Daisy, se sentir bem perto dele é algo muito bom. —

Esfrego os braços da loira para anima-la.

— Não acho isso...ele vai me machucar. Todos fizeram isso. E sempre foi ficando apenas pior. —

— Mas os seus amigos...os namorados das suas amigas. Eles não a machucaram e você se sente bem perto deles. —

— Existe um limite entre nós. E até mesmo com eles, há vezes em que...meu reflexo grita, acabo reagindo sem razão alguma. — balança a cabeça várias vezes se recusando a erguer sua cabeça. — Não. Não. Estou bem sozinha. —

— Você prometeu. Eu prometi. Se quebrar a sua promessa...como eu conseguiria manter a minha? —

— Você não entende Dionisía! —

Exclama erguendo a cabeça e me olhando irritada. Eu recuei para trás assustada. Era a segunda pessoa me acusando de não saber como ela se sentia como se eu tivesse insunuado saber, logo eu que sabia bem que ninguém além de nós mesmos sabemos como nossas dores e traumas fincam dentro de nós.

Eu ri, passando a mão pelo rosto para não chorar. Respirei bem fundo e soltei o ar aos poucos.

— Eu sei disso — murmuro rispída.

— Desculpa eu...eu..—

Daisy ofega se aproximando.

— Eu não sei o que é alguém tentar me ajudar assim há muito tempo. — ela sussura, remorso na voz.

Heart ProblemsOnde histórias criam vida. Descubra agora