capítulo 68 | Lucius Callahan

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— Você não pode ficar aqui.

Eu murmurei, limpando o balcão do bar, e olhando para a pequena bola de pelos branca parada no último degrau da escadaria que leva para o andar de cima. Luna tinha dormido comigo e com Dionísia aqui ontem, e eu acabei deixando que ela permanecesse comigo quando amanheceu e Dionísia foi para o seu apartamento.

Era começo de ano, terceiro dia de janeiro, e eu abriria o bar em alguns minutos. E Luna tinha descido sorrateiramente, tomando proveito do fato de que esqueci a porta aberta.

O bar era um dos locais proibidos para ela por causa do pelo nas bebidas e no local, embora Daisy, Dionísia e Penélope cuidassem dela mais do que qualquer outra coisa.

A gata me encarou, os olhos azuis expressavam muito mais do que eu pensei que um mero gato podia, ela me encarava como se estivesse me desafiando a tirá-la daqui, ali sentada no último degrau, como quem dizia eu tecnicamente não estou no bar, então ainda posso ficar aqui. E bem, ela tinha razão.

— Se ficar , tudo bem — murmurei por fim. Luna miou e deitou no degrau bastante satisfeita com aquilo, e eu cogitei estar perdendo o juízo por acreditar que essa gata de fato entendia tudo o que eu falava.

— Garoto! — meu tio exclamou absurdamente eufórico assim que entrou no bar, sorriso de orelha a orelha, vestindo uma camisa branca e uma calça social preta da loja da Dionísia, a barba feita e os brincos que tinha nas orelhas brilhando quase tanto os olhos castanhos dele.

Eu levantei uma sobrancelha para o comportamento alegre dele, e vi Luna disparar pelo bar na direção dele como se fosse um cachorro vendo o dono depois de muito tempo. A gatinha era uma puxa saco do meu tio, acho que de todos nós ele era de quem Luna mais gostava. Talvez porque ele trata a gata feito um bebê, depois de ter passado o ano novo na casa dele com Flora ela voltou mais grudenta, culpa de Marcus que mimou o filhote.

— Oi, Luna. — meu tio pegou ela no colo e caminhou na minha direção, colocando a gata de volta no último degrau da escada e se voltando para mim.

— Feliz ano novo, garoto — ele disse, cruzando braços e se encostando na bancada do meu lado.

— Feliz ano novo, tio. — murmurei, contente por ver ele de novo depois de passar o ano novo longe e os últimos dois dias sem sua presença. Por alguma razão ultimamente sentia mais falta dele, acho que o mês de dezembro trabalhando com ele me deixou mal acostumado de novo.

— Tudo certo por aqui? — ele olhou para o bar vazio e limpo, eu tinha passado a última hora limpando e organizando tudo.

— Sim, vou abrir já já — concordei,q passando o pano pela bancada do bar uma última vez.

— E os outros? Stephan? Shane? As meninas? — ele abriu sua garrafa de água e deu uns dez goles dela. Em comparação ao começo desse hábito ele tinha progredido bastante.

— Dionísia está cuidando da loja. Daisy voltou para a casa dela. Shane e Penélope voltaram para a cidade deles, e Stephan está dormindo, não falei que iria abrir hoje, então ele não vem.

— Por quê?

— Ele está estranho. Decidi deixar ele descansar, não sei — murmuro. Meu tio desvia o olhar do meu para a parede de bebidas.

— Por que acha isso?

— Ele está agindo diferente. Disse que está bem, mas está escondendo algo, consigo sentir isso — batuco meus dedos no balcão ao relembrar minha conversa com ele no apê de Shane.

— Esquece isso, garoto. Às vezes ele só está um pouco aéreo — meu tio fala, se afastando do balcão e pegando os envelopes de dinheiro dos últimos dias que eu deixei separado.

Heart ProblemsWhere stories live. Discover now