capítulo 10 | Lucius Callahan

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Encho o meu copo mais uma vez essa noite. Bebo tudo em um gole só, e torno a encher, dessa vez com uma bebida mais forte, acho que é cachaça, não faço questão de ler mas reconheço pela garrafa. Trabalhar em um bar por tanto tempo às vezes tinha suas vantagens.

Stephan está do outro lado do cômodo escorado em uma parede e conversando com uma garota, tagalerando, como de costume. Eu não sabia como era possível uma pessoa falar tanto, e o pior de tudo é que eu gosto dessa maritaca e sentia a ausência dele, entretanto algumas pessoas por outro lado. Ele logo percebeu que a garota não estava tão empolgada, e veio ao meu encontro a largando lá para o alívio da mesma que foi se juntar ao grupo de amigas de onde saiu ao se interessar pelo ruivo falso, e, perder o interesse.

— Eu pensei que queria foder, não recitar a bíblia inteira — lhe entreguei um copo, ele deu um gole e me respondeu.

— É, acho que perdi a vontade. —

Deu de ombros, olhando ao redor. Não havia nada fora do comum para nós dois nesse tipo de ambiente e a esta hora da madrugada que nem nos surpreendíamos com as obscenidades e coisas ilícitas que aconteciam pelo lugar.

— Ela foi grossa com você? — pergunto, cogitando ser grosseiro com ela como troco.

— Nah — ele deu de ombros e sacudiu a cabeça, afastando a garota do nosso diálogo. — Podemos ir? — perguntou, largando o copo metade cheio na mesa. Eu o olhei, um pouco desconfiado, peguei seu copo e bebi o restante, a bebida desceu quente pela minha garganta já habituada a bebida quente.

— Eu gosto de conversar com você, e desses seus papos sobre o universo. — falo, tentando soar divertiro. Ele me olha, sem interesse. — Em que lua estamos? — o seguro de lado pelos ombros, o conduzindo entre as pessoas para fora.

— Lua nova. — responde, mas apesar do ruivo amar astrologia e falar sobre os mistérios do universo, suas constelações e infinitas galáxias ele não se anima hoje para me contar sobre as descobertas que fazia com suas pesquisas por livre e espontânea vontade. Eu sei onde sua mente está, está nas últimas pessoas que foram sua família, e, sei que ele só vai voltar se eu me tornar a maritaca hoje, então eu começo a tagalerar sobre qualquer coisa que vinhesse na minha mente.

— Lucius! — uma voz estridente e feminina me chamou em meio a música. Eu me virei, largando Stephan que me avisou que esperaria lá fora. Eu tentei o impedir mas a dona da voz apareceu na minha frente, um sorriso enorme no rosto, ela tinha cabelos castanhos longos e lisos, pele clara e olhos acinzentados, os seus olhos me lembraram os olhos do meu pai e os traços do rosto dela me lembraram a minha mãe, aquilo me irritou e muito. Enquanto os meus olhos eram extremamente cinzas os de meu pai tinham traços mais claros misturados no azul, idênticos ao da garota me olhando.

Eu já via bastante deles no espelho todo maldito dia e aquilo já era uma tortura suficiente para que eu detestasse a encontrar em outras pessoas por menor que seja.

— Conheço você? — pergunto.

— Não se lembra? Aquela noite no clube de lutas...— a observei com um pouco mais de atenção, ela se inclinou na minha direção, sorrindo sugestivamente, aquilo fez os seus seios no vestido vermelho tomara que caia parecerem maiores. — Nos divertimos bastante juntos. — ela colou o peito ao meu e cercou meu pescoço, segurei seus braços, a aparência dela se fundindo com a da minha mãe, meu sangue ferveu e meu estômago se revirou em nojo, haviam grandes chances de ser a bebida a razão para a comparação mas eu não me lembrava mesmo dela então talvez a bebida daquela vez foi a razão para eu foder com ela sem relembrar minha mãe. A bebida mexia para caralho com a minha mente, especialmente depois que eu batia e apanhava, era quando eu esquecia de tudo ou lembrava ainda mais, nunca tinha certeza de qual dos dois iria acontecer. Hoje eu me lembrava mais, malditamente demais.

Heart ProblemsWhere stories live. Discover now