capítulo 01 | Lucius Callahan

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— O que é esse roxo no seu olho? —

Stephan perguntou assim que se sentou no banco do outro lado do bar, agindo como se fosse um cliente assíduo.

— O que você acha que é a merda de um roxo no olho de alguém? — reviro olhos para a pergunta estúpida, apanho seu capacete estendido por cima do bar e ponho no canto da parte inferior da bancada.

Passei o pano pela bancada pela quinta vez. Stephan suspirou e revirou os olhos ao mesmo tempo que pegava o seu avental que joguei na sua direção e passava pela cabeça para iniciar o seu turno como garçom que ele dava início, mais tarde que o usual por ter ido buscar a sua moto no conserto do outro lado da cidade.

— Acho que significa que alguém provavelmente está no hospital essa hora...— comentou com ar de pena, pegando a bandeja que eu estendi na direção dele, deixando claro que ele devia começar logo porque tinham clientes esperando para serem atendidos e eu não estava com humor para ficar brincando nem enrolando, muito menos conversando.

— Talvez em estado de óbito.... —

Completei me virando para arrumar as garrafas de bebidas nas pratileiras de vidro do bar e repor as que estavam vazias, sendo atormentado pela extrema necessidade de ocupar a cabeça durante o trabalho. Embalei todas as garrafas vazias e as guardei nas caixas que as novas estavam.

— Por que a briga? Eu não posso ficar um dia longe de você que já perde a linha....tstststs..—

Stephan perguntou depois que terminou de atender todos os clientes, pelo canto do olho percebo-o por os pedidos na minha bancada. Ele se sentou em um dos bancos altos do bar e colocou a bandeja em cima do balcão se apoiando no próprio.

— O cara veio reclamar que eu fodi a namorada dele, quando, na verdade, deveria me agradecer por mostrar que ela não gostava dele ao ponto de ser fiel. Eu nem tava afim dela para começo de conversa. —

Ironizei fechando a caixa e a levando até o depósito. Deixei junto com as outras que iriam para reciclagem, quem sabe o lixo e quem sabe a cabeça de algum bastardo que me estressar. Dependeria do meu humor até o dia de me livrar delas.

Puxei a porta e retomei meu lugar no bar. Stephan estava atendendo novamente, jogando todo o charme para uma garota tola o suficiente para acreditar nas mentiras clichês que deixavam a sua boca.

Prendi todos os pedidos e separei os copos, taças e bebidas no automático.

— Eu não entendo porque todas as comprometidas te querem, cinzeiro ambulante. — Stephan ressurge, entregando mais pedidos e passando os pedidos prontos para a sua bandeja.

— Pergunte para elas, então — jogo os pedidos feitos na lixeira, apanhando três taças pela base com a outra mão.

— Seu grosso — xinga, se enfiando entre os clientes.

— E a garota, te procurou? — ele torna a falar. Suspiro, coçando entre as sobrancelhas ciente de que ele não fecharia a boca tão cedo, em razão para me testar a paciência cujo era seu passatempo favorito.

— Não, e espero que não procure. Elas já torraram a minha paciência pelo resto do ano. —

Ele pega mais dos pedidos conforme os distribuo no topo da bancada.

Agarro a faca no faqueiro e corto um pedaço de limão pondo na borda do vidro e entrego a taça da bebida para o garçom tagalera.

— Você sempre diz isso —

— Então por que ainda pergunta? Estou pouco me importanto com elas e com eles. Eles ao menos sabem que é só sexo e não me enchem o saco. — apoio ambas mãos na borda da bancada e o encaro mais irritado do que já estava.

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