capítulo 14 | Lucius Callahan

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Encantadora. Absurdamente encantadora. O céu estrelado iluminando a escuridão que tinha dentro de mim me fazendo perceber que essa escuridão conseguia se tornar mais confortante de se conviver se houvessem estrelas brilhando nela. Eu me sentia estupidamente humorado, de verdade.

— Bom dia, tio. — cumprimentei Marcus quando desci e o encontrei acendendo as luzes do bar no painel de controle. Ele o fechou e seu rosto confuso apareceu, ele ergueu as sobrancelhas me encarando e eu o encarei de volta sem entender.

— Que foi? — pergunto.

— Acabou de me dar bom dia? — perguntou, me olhando de cima para baixo, procurando alguma coisa.

— Foi? —

— Você nunca me deu um bom dia em todos esses anos!! — quase gritou. —
Esta se sentindo bem, Lucius? — me seguiu quando eu o contornei e revirei os olhos fechando a cara.

— Eu estou ótimo. O senhor e esse olho roxo que não parecem muito bem. — frizei, batuco no meu olho para indicar o olho dele e o roxo em torno.

— E ainda disse que está ótimo, está com febre, garoto? — ele colocou a mão na minha testa e na minha garganta.

Apoiei ambas mãos no quadril e respirei fundo me controlando para não afastar ele ou ele chamaria uma ambulância só por eu me recusar a deixar ele verificar minha saúde por si mesmo. Lembro bem de que quando eu fiquei resfriado pela primeira vez desde que estava comigo. Ele me levou para o pronto socorro achando que era o fim do mundo e enquanto eu como sempre não me importava nem um pouco com meu estado por já ter tido outros resfriados e simplesmente continuado daquele jeito até melhorar, e a indiferença que eu tinha era o exagero de preocupação em Marcus.

Ter se tornado pai de um sobrinho sozinho e todo ferrado como eu foi uma missão impossível para Marcus e mesmo hoje em dia comigo crescido ele ainda se preocupava comigo. Eu pensava que um dia ele pararia, que teria um limite para se preocupar, mas, estava errado. Não tinha um limite de tempo estimado para se preocupar com as pessoas ao seu redor se fossem importantes de verdade para si. E, eu sou importante para o meu tio embora tenho demorado a compreender tudo isso.

— Obrigado por cuidar de mim, tio. —

Marcus arregalou os olhos e abaixou os braços e mãos da minha testa e garganta.

— Mais que raio de papo mais maluco é esse do nada??? Que diabos está acontecendo com você hoje, hein? São apenas nove horas da manhã, Lucius.
— ele recuou um pouco imitando minha posição. Eu me aproximei mais e segurei ele pelos ombros.

— O senhor descobriu sobre a minha existência no mesmo dia em que perdeu sua irmã, a única parente que tinha, e mesmo sem ser sua responsabilidade, mesmo sabendo o quão aquilo podia prejudica-lo, mesmo sabendo o quão problemático eu era, o senhor me trouxe com você e me criou, foi a família que eu nunca tive. E mesmo eu ferrando com o senhor e comigo mesmo não desistiu de mim, mesmo sem ter a menor ideia de como cuidar de uma criança, em especial toda ferrada como eu, e mesmo assim o fez. —

— E por que é que está falando disso agora? Está crescido, que diabos importa? —

— Porque eu acho que nunca falei em voz alta o herói incrível que é para mim. E acho que nunca terei palavras suficientes para demonstrar o quanto sou grato por ter me acolhido. E, eu queria que soubesse disso porque sei o quanto se achava um péssimo tio quando tudo que eu via era um homem incrível pra caralho tentando salvar um garoto destroçado em todos os sentidos. Obrigado por isso, e, me desculpe por ter dado tanto prejuízo e trabalho até ser capaz de entender o que estava fazendo por mim. —

aaaaaaaaaah eu preciso beber —

Meu tio se virou esfregando os olhos fingindo que não estava prestes a chorar, mas ao invés de agarrar uma garrafa de bebida ele agarrou a de água e deu um longo gole. Eu suspirei me virando, sempre me arrependo de expressar meus sentimentos e essa é uma das razões para manter todos comido, dessa vez não me arrependo do que expressei, me sinto até melhor por ter dito mesmo que possa ter sido um erro.

Heart ProblemsOnde histórias criam vida. Descubra agora