O câncer da ansiedade.

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Vai, vai e quando volta deixa o meu coração acelerado.
As minhas mãos trêmulas.
A minha garganta pesada...
Um vazio no meu peito incapaz de ser preenchido.

É como se todas as partes de mim estivessem a pedir ajuda, os pulmões pedem ajuda, as pálpebras pedem ajuda, pois não aguentam mais o peso dos olhos, os olhos pedem ajuda pois não aguentam mais o peso das lágrimas, o coração pede ajuda pois não aguenta mais bater aceleradamente, a mente pede a paz pois não aguenta mais produzir pensamentos, a pele pede socorro pois não aguenta mais ser agredida, todos aqueles acontecimentos psicológicos repercutem-se em consequências físicas, todas aquelas mágoas acumuladas são agora as maiores causadoras da destruição do templo corporal.

A ansiedade é o estuprador da alma, ela causa dor, dor constante quando presente mas quando se  vai eu me sinto bem, feliz sinto que sou capaz de fazer todas as coisas que dizes que não consigo. Quando estás presente é uma solidão inconsolável.

Como é possível que a presença de algo deixe tamanha sensação de vazio?

É deplorável o estado em que me encontro, é deplorável em que me deixas...
Todos os meus dias de existência parecem um pedido de socorro.

Olho para o espelho e não me reconheço, quem sou eu?

O que fizeste tu comigo?

És um câncer que se apodera do meu corpo, algo que eu sempre preferi acreditar que ia passar, mas quando dei por mim tinha consumido a minha alma, o meu coração, o meu cérebro, os meus hábitos do dia a dia, o meu desenvolvimento, a minha vontade de viver, as minhas relações, os meus sonhos...quando dei por mim a ansiedade havia consumido a minha vida.

Por que é que quando vens só trazes a tristeza e a destruição, atormentas a minha alma e magoas o meu coração?

Enches- me de pânico, de lágrimas e depois de me fazeres sofrer tu simplesmente desapareces é como se estivesse a espera de algo que nunca vai chegar, espero pela felicidade, espero pela tranquilidade, espero pela paz mas vão elas algum dia chegar?

Quando me vais deixar em paz?

Pertenço eu à ti?

Mereço toda essa escuridão que trazes para mim?

Quando tu vais eu me sinto em paz mas é uma paz fictícia pois eu sempre estou com o medo que a qualquer momento voltes e acabes com a pouca esperança que habita em mim.

Até quando hás de furtar a minha alegria?

Me esforço para parecer feliz, mas em mim só há tristeza. Vivo com medo de que amanhã o dia amanheça cinzento para mim, eu não  aguento mais chorar, eu não aguento mais gritar por essa ansiedade que vai, volta e nunca me deixa em paz.

Mais uma vez tu vais...

Mas se voltares...

Quando voltares não te esqueças de acabar de destruir tudo aquilo que sobrou em mim...

Luís Filipe e Alicia Renata.















Frutos Da MadrugadaWhere stories live. Discover now