Acho que as lágrimas acabaram. Desta vez é asserio. São duas da manha e continuo na minha posição com o Harry. Ele tem a sua cabeça no meu colo. Tomo uma decisão, não vou contar-lhe do que ele me disse, nem do que eu lhe disse. Vou fazê-lo crescer, amar e ser amado, e depois na altura certa...acabou. Não sirvo para ele, sou demasiado negra para ele. Ele está enganado, eu é que o vou deixar pior. Eu, é que tenho o defeito, não ele.
-Harry? Harry acorda.- abano-lhe o braço ao de leve, ele se resmunga.
-Harry, vá, vamos para a cama.- choramingo, e um olho de cada vez, ele acorda.
-onde estamos?- ele está perdido, mas a sua ressaca deve ter passado.
-nas escadas.- murmuro e as lágrimas formam-se outra vez. Merda, porque não consigo parar de chorar?
-o que se passa?
-nada Harry, devias ir para a cama.- murmuro e ele tira a cabeça do meu colo.
Ele começa a andar, mas quando ponho o pé no chão, percebo que não vou conseguir andar. Ele magoou-me no pé, onde eu já estava magoada. Olho para o local onde me agarrou, no tornozelo e a marca dos seus dedos está impressa a vermelho. O meu tornozelo tem riscas, feias e vermelhas.
-o que se passa agora?- ele volta para trás e eu permaneço sentada.
-eu não... não consigo meter o pé no chão.- digo quão baixinho consigo.
-porque?- ele pergunta rudemente. Ele não se lembra de nada. Mesmo nada.
-porque...- ele baixa-se e começa a examinar o meu pé.
Os olhos dele a arregalarem-se a medida que toca as marcas proeminentes. A pele arde-me onde ele me toca e tento afastar o pé, mas ele segura-o- olha para mim, depois para as marcas e vejo ódio começar a formar-se. Encolho-me esperando que não se destine a mim.
-fui eu?- ele pergunta baixo. Abano a cabeça.
-responde. Fui eu?- um soluço comprimido salta-me dos lábios.
-fodace Sophia fui eu não fui caralho?- ele explode e leva-me a responder-lhe.
-sim.- digo num fio de voz.
-oh merda. Não me lembro de nada.- ele olha para mim. Como a pedir para eu lhe explicar, mas a verdade é que não tenho uma boa desculpa.
Ele pega em mim ao colo, e surpreendo-me de repente com a facilidade com que o faz. Adoro estar nos seus braços. É sempre tudo o que promete ser. Passo os braços á sua volta e escondo a cabeça na curva do seu pescoço. Cheira a Harry e a bebidas espirituosas.
-doi-me a cabeça.- ele lamenta enquanto abre a porta.
-não te lembras mesmo de nada?- a minha voz num sussurro. Ele estava bêbado á uns dias atras e lembrava-se das coisas. Talvez desta vez seja mesmo diferente.
-não, mas o que quer que eu tenha feito. Diz-me que não te magoei, pelo menos não mais que isso. E eu lamento tanto, oh Jesus como lamento.- ele choraminga.
"E se eu rasgasse a porra da tua virgindade" As palavras dele a repetirem-se na minha cabeça. Será só isso que ele quererá? Sexo? No fundo hoje vi que não. Ele gostou quando lhe mexi no cabelo, quando lhe murmurei ao ouvido que gostava dele, e a expressão dele ao ouvir-me dizer que o amava. Ele gosta de mim, apenas não da maneira apaixonada que eu gosto dele. Apenas vê que eu sou alguma coisa de familiar para com ele. Ele sente a mãe dele. É apenas isso.
-não, não me magoas-te, apenas ficas-te zangado por eu ter dito que queria ir embora.- murmuro, mentindo-lhe.
-desculpa. Mas não te quero lá por fora, não agora. Não quero que te aconteça nada.- ele diz enquanto caminha pelo corredor até ao quarto.
JE LEEST
Vision 1 - The Judged
FanfictieHarry está ligado a um passado destrutivo, algo que não o afeta diretamente mas que ele sente necessidade de relembrar, como uma nota pessoal do quão culpado ele pode ser. Sophia está ligada ao futuro pela raiz, com medo do que pode acontecer a cada...