Passaram-se dois dias desde incidente com a Soph, eu diria que ela está a lidar bem com a situação, na verdade ela está a lidar com isto como se fosse uma coisa muito normal. Isso começa a intrigar-me e apesar de ela não gostar do facto de eu fazer as coisas por mim, comecei a juntar algumas peças.
Ela falou-me de um médico a meio do semestre, lembro-me ter ficado zangado como o caralho e de termos acabado a discutir. Sempre o mesmo. De qualquer forma tenho o registo medico dela nas mãos, e a única coisa irregular é o facto de ela ter visitado mais de uma centena de psicólogos e psiquiatras, e o facto é que em vez de eu ficar assustado ou desconfortável, há uma parte de mim que quer descobrir o porque de tanta calma em relação ao pai dela e a ela mesma. Há alguma coisa que ela não me está a contar e eu vou descobrir o que é.
-então o problema é que minha mãe descobriu a caixa dos chás e agora não para de me chatear.- a voz dela ressoa-me pelo telemóvel, trazendo-me de volta para o presente.
-Harry? Ouviste alguma coisa?- ela soa zangada.
-sim amor, a caixa de chás.
-vou dizer á minha mão que o presente é teu.- ela ri-se.
-o quê?- sinto-me a querer ficar zangado, mas controlo-me. Posso ficar calmo por ela.
-podemos dividir hãn?- eu tento.
-tudo bem Harry, o que se passa?- ela seduz com a sua doce voz.
-nada.
-queres vir passear hoje á tarde?
-não será cedo demais para saíres?- pergunto desconfiado.
-não, estou bem.- ela declara com a voz cheia de entusiasmo.
-bom talvez mais á tarde, preciso de resolver umas coisas.
-estas a despachar-me?- ela parece magoada.
-não amor, tenho trabalho para fazer.
-pensava que tinhas deixado tudo tratado.
-porque é que não vamos parar de implicar com o meu trabalho e nos vamos concentrar no facto de te ir buscar ás seis da tarde ok?
-a sério?- ela guincha.
-sim, mas tens de te portar bem e não me chateares até lá.- riu.
Um silêncio faz-se e revejo a conversa mentalmente em busca de algo que tenha feito mal. Odeio quando ela se cala. Por muito tagarela que ela seja, se ela se cala durante muito tempo sinto que o mundo está próximo do fim.
-bom, podes vir buscar-me depois.- ela murmura.
-o que foi Soph?
-nada Harry, não te esqueças ok?
-porque haveria de me esquecer?
-quando ficas absorvido nas coisas esqueces-te do resto.- Ela murmura baixinho.
É exatamente o que acontece quando estou com ela, ela faz-me absorver tudo o que está relacionado com ela e esquecer-me do resto do mundo, fazendo-me quase respirar por causa dela.
-eu nunca me iria esquecer de ti.
-bom. Até logo amorzinho.- ela gargalha.
-tchauzinho querida.- riu e ela desliga.
A água fria do chuveiro caia sobre mim enquanto lavo o cabelo. De repente sou levado para o dia em que sai de casa á pressa para não começar a gritar com a Sophia e ela correu atrás de mim. Ela encontrou-me sem saber onde eu estava, e por muito estupido que seja, nunca me perguntei porque é que ela me encontrou, nem como. Era quase impossível que ela conseguisse encontrar-me, mas ainda assim ela consegui-o.
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Vision 1 - The Judged
FanfictionHarry está ligado a um passado destrutivo, algo que não o afeta diretamente mas que ele sente necessidade de relembrar, como uma nota pessoal do quão culpado ele pode ser. Sophia está ligada ao futuro pela raiz, com medo do que pode acontecer a cada...