Eu subo tanto quanto consigo, mas não é o suficiente. Saio por uma das portas laterais do andor onde estou e carrego no botão do elevador. Um pequeno tinido, diz-me que o elevador chegou e entro para dentro. Não vejo nem oiço o Harry, e algo em mim me diz, que se calhar fui demasiado má.
Quando o elevador, para no andar dos meus pais, não há sinal dele. Abro novamente a porta lateral e espreito para as escadas. Mas nada, á apenas um silencio ensurdecedor. Volto para o corredor principal e abro a porta com as chaves. A minha mãe sorri-me da cozinha, mas estaca ao perceber a minha cara.
-mãe, posso vir cá jantar? Eu tenho que...resolver...- atrapalho-me com as palavras.
-vai lá querida.
Fecho a porta rápido e carrego no elevador novamente, felizmente ainda ninguém o tinha chamado. Entro e ele desce rápido, segundos depois o grande átrio revela-se, e eu corro para fora do elevador. Chego até á rua e tento encontrar o carro do Harry. Continua no mesmo sítio, caminho até ao carro, e bato no vidro. Ele destranca o carro e eu entro, devagar sem dizer nada. Fecho a porta e é o único barulho que se houve. Ele tem as mãos no volante e cabeça sobre as mesmas.
O meu coração aperta-se com a imagem dele assim. E pensar que foram as minhas palavras que o puseram assim, deixa-me com raiva de mim mesma. Eu sou tão má quando eu quero. Eu sei ser reles, e eu chamei-o de cubo de gelo, tudo o que ele não é. Ele só tem de aprender a comportar-se na rua, sem ser tão assumidamente protetor e controlado.
-Desculpa.- eu acabo por pedir.
Ele continua calado, a sua cabeça no volante, enquanto eu vejo os seus dedos ficarem brancos de tanto pressionarem o volante. É horrível, e tremo de saber que ele está a ter um grande problema de raiva. Ele consegue ficar controlado, ás vezes ele consegue.
-ele estava a atirar-se a ti.- Ele ruge.
-sim, ele estava.- Murmuro, porque ele tem uma certa razão. O rapaz era bonito, e talvez eu tenha sorrido demais.
-e tu sorriste para ele.- ele aponta também.
-sim, mas eu posso sorrir.
Ele levanta a cabeça rapidamente e olha para mim com os olhos em chamas, nada de gelo como eu lhe disse á alguns minutos. É apenas muito confuso estar com ele, num minuto ele tem o controlo, e segundos depois abandona-me no meio das escadas, por muito que a minha intenção fosse fugir para casa dos meus pais. É apenas meio lixado porque ele vem sempre atras de mim, a pedir algo como desculpas. Desta foi diferente, porque a culpa, meio que foi minha.
-não, eu quero os teus sorrisos para mim, eu quero tudo de ti para mim, sei que é fodido, mas quero.- ele mal se houve.
-E magoaste-me caralho, magoaste-me mesmo. Chamares-me aquilo foi como uma faca no meu peito, e fodace se não dói Sophia, é mesmo doloroso vindo de ti, como se fosses perfeita, deixa-me dar-te uma novidade, não és de todo perfeita.- ele cospe e eu encolho-me no meu lugar.
Porque está tudo a descarrilar de repente? Já dissemos coisas muito piores antes, não é justo que isto aconteça agora que nos estávamos finalmente a assentar. Porque tem sempre que ser assim? Avançamos dois passos, recuamos quatro.
Eu sei que não sou perfeita, sei que sou idiota, e maior parte das vezes choro demais, e sou demasiado sensível, mas sou eu e não o consigo evitar, sou sensível e tenho uma razão para isso. Mas tudo o que ele esta a fazer agora é atirar-me com tudo isto á cara para me fazer sentir mal pelo que disse a pouco, ele esta a vingar-se de mim. Tal como disse na noite em que ficou bêbado no meu apartamento e disse que me ia magoar, apenas para eu me sentir como ele, rasgada. E agora voltou a acontecer.
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KAMU SEDANG MEMBACA
Vision 1 - The Judged
Fiksi PenggemarHarry está ligado a um passado destrutivo, algo que não o afeta diretamente mas que ele sente necessidade de relembrar, como uma nota pessoal do quão culpado ele pode ser. Sophia está ligada ao futuro pela raiz, com medo do que pode acontecer a cada...