88ºCapitulo

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Eu subo tanto quanto consigo, mas não é o suficiente. Saio por uma das portas laterais do andor onde estou e carrego no botão do elevador. Um pequeno tinido, diz-me que o elevador chegou e entro para dentro. Não vejo nem oiço o Harry, e algo em mim me diz, que se calhar fui demasiado má.

Quando o elevador, para no andar dos meus pais, não há sinal dele. Abro novamente a porta lateral e espreito para as escadas. Mas nada, á apenas um silencio ensurdecedor. Volto para o corredor principal e abro a porta com as chaves. A minha mãe sorri-me da cozinha, mas estaca ao perceber a minha cara.

-mãe, posso vir cá jantar? Eu tenho que...resolver...- atrapalho-me com as palavras.

-vai lá querida.

Fecho a porta rápido e carrego no elevador novamente, felizmente ainda ninguém o tinha chamado. Entro e ele desce rápido, segundos depois o grande átrio revela-se, e eu corro para fora do elevador. Chego até á rua e tento encontrar o carro do Harry. Continua no mesmo sítio, caminho até ao carro, e bato no vidro. Ele destranca o carro e eu entro, devagar sem dizer nada. Fecho a porta e é o único barulho que se houve. Ele tem as mãos no volante e cabeça sobre as mesmas.

O meu coração aperta-se com a imagem dele assim. E pensar que foram as minhas palavras que o puseram assim, deixa-me com raiva de mim mesma. Eu sou tão má quando eu quero. Eu sei ser reles, e eu chamei-o de cubo de gelo, tudo o que ele não é. Ele só tem de aprender a comportar-se na rua, sem ser tão assumidamente protetor e controlado.

-Desculpa.- eu acabo por pedir.

Ele continua calado, a sua cabeça no volante, enquanto eu vejo os seus dedos ficarem brancos de tanto pressionarem o volante. É horrível, e tremo de saber que ele está a ter um grande problema de raiva. Ele consegue ficar controlado, ás vezes ele consegue.

-ele estava a atirar-se a ti.- Ele ruge.

-sim, ele estava.- Murmuro, porque ele tem uma certa razão. O rapaz era bonito, e talvez eu tenha sorrido demais.

-e tu sorriste para ele.- ele aponta também.

-sim, mas eu posso sorrir.

Ele levanta a cabeça rapidamente e olha para mim com os olhos em chamas, nada de gelo como eu lhe disse á alguns minutos. É apenas muito confuso estar com ele, num minuto ele tem o controlo, e segundos depois abandona-me no meio das escadas, por muito que a minha intenção fosse fugir para casa dos meus pais. É apenas meio lixado porque ele vem sempre atras de mim, a pedir algo como desculpas. Desta foi diferente, porque a culpa, meio que foi minha.

-não, eu quero os teus sorrisos para mim, eu quero tudo de ti para mim, sei que é fodido, mas quero.- ele mal se houve.

-E magoaste-me caralho, magoaste-me mesmo. Chamares-me aquilo foi como uma faca no meu peito, e fodace se não dói Sophia, é mesmo doloroso vindo de ti, como se fosses perfeita, deixa-me dar-te uma novidade, não és de todo perfeita.- ele cospe e eu encolho-me no meu lugar.

Porque está tudo a descarrilar de repente? Já dissemos coisas muito piores antes, não é justo que isto aconteça agora que nos estávamos finalmente a assentar. Porque tem sempre que ser assim? Avançamos dois passos, recuamos quatro.

Eu sei que não sou perfeita, sei que sou idiota, e maior parte das vezes choro demais, e sou demasiado sensível, mas sou eu e não o consigo evitar, sou sensível e tenho uma razão para isso. Mas tudo o que ele esta a fazer agora é atirar-me com tudo isto á cara para me fazer sentir mal pelo que disse a pouco, ele esta a vingar-se de mim. Tal como disse na noite em que ficou bêbado no meu apartamento e disse que me ia magoar, apenas para eu me sentir como ele, rasgada. E agora voltou a acontecer.

Vision 1 - The JudgedTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang