Quando eu desisto de o beijar finalmente olho séria para ele. Foi a primeira vez que ele me recusou um beijo, e eu diria que está a doer bastante na realidade.
Fico a olhar para ele, mas ele parece manter pé firme no que me disse, e não parece disposto a ceder no facto de eu me ir embora amanhã. Bolas, já é amanhã, preciso de fazer a mala. Não posso perder tempo com a birra dele, não agora. Se ele quer ficar chateado, boa para ele. Já tomei uma decisão, ele faz parte da minha vida agora, e eu posso voltar a tempo do ano novo, ou um dia mais cedo.
-Harry, se vais amuar...
-achas que estou a amuar? Quero passar o natal com a minha namorada, e ela quer ir para o outro lado do mundo.- ele gesticula e passa as mãos freneticamente pelo cabelo.
-sim, porque a minha família está lá. Eu compreendo que não queiras ficar sozinho, mas não te posso levar, o meu pai ia obrigar-me a mudar-me para lá se desconfiasse de nós.
-não, não ia, porque, primeiro, da última vez que o vi, ele foi agradável, e segundo já és maior de idade.
-sim claro, pensa Harry, se nos vir juntos vai pensar que sou uma grande cabra e ando a foder contigo por partilhamos a casa.
-Nós. Não. Fodemos.
A expressão zangada no seu rosto faz-me recolher para dentro da minha carapaça. Detesto quando ele fala tão friamente como se não me conhecesse. Faz-me sentir alguém que ele despreze, como o Dean, ou o seu pai, isso é nojento.
-e para além do mais, tentaram atacar-te á menos de um mês, não podes ir assim para Nova Iorque e esperar que eu fique aqui a ver.
-Harry não vejo o meu irmão e a minha mãe á meses, preciso deles.- Viro-me de costas.
As passadas longas que dou para a frente e para trás soam como pedras a cair á nossa volta. Parece que o nosso castelo se está a transformar em areia e a cair, logo a seguir ao dia em que me dei a ele. Porque é que não consegue perceber?
Os meus olhos ardem, e apercebo-me que há imenso tempo que não me caia nem uma única lágrima, e que desde que eu e o Harry andamos, todas as minhas dores de cabeça desaparecem.
-Sophia, eu não vou...
-já comprei a passagem, esquece isso, eu vou.
Sinto os seus passos a parar atrás de mim, a sua mão envolve o meu braço e vira-me para ele. Os meus olhos vermelhos fazem a sua raiva ficar parada no tempo e os nossos olhos não se desviam. Cruzo os braços sobre o peito e decido falar.
-por favor Harry.- Imploro.- Não discutas comigo depois da noite de ontem. Vais magoar-me, ambos sabemos.- Fungo.
Ele larga o meu braço a dá dois passos atrás, vejo a sua desconcentração e a maneira como parece andar á deriva, numa tempestade, sem uma bussola.
-Soph, eu não quero magoar-te, mas não te quero longe, vou ficar horrivelmente mal se te fores embora, não aguento acordar sem ti ao lado, quanto mais, ires para o outro lado do mundo.
Penso nas suas palavras.
-porque não admites que o que mais te irrita é o facto de eu não ter pedido autorização.- esse é o seu problema.
-não é nada disso...é obvio que quero fazer parte da tua vida, e se tu não me deixas...
-tens que parar com isso, acabas-te de me dizer que sou maior de idade, não me podes dizer o que devo fazer.- Espeto-lhe um dedo no peito já sem as lágrimas.
-posso sim, amo-te, e posso fazer o que bem entender para te proteger.- ele ruge.
-não sou uma criança, não preciso que me protejas, eu compreendo, sei que fazes parte da minha e vida, não quero que isso mude, mas tens de parar de me tentar proteger de tudo. Não vai resultar e vai fazer-te ficar paranoico.
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Vision 1 - The Judged
FanfictionHarry está ligado a um passado destrutivo, algo que não o afeta diretamente mas que ele sente necessidade de relembrar, como uma nota pessoal do quão culpado ele pode ser. Sophia está ligada ao futuro pela raiz, com medo do que pode acontecer a cada...