73ºCapitulo

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Quando eu desisto de o beijar finalmente olho séria para ele. Foi a primeira vez que ele me recusou um beijo, e eu diria que está a doer bastante na realidade.

Fico a olhar para ele, mas ele parece manter pé firme no que me disse, e não parece disposto a ceder no facto de eu me ir embora amanhã. Bolas, já é amanhã, preciso de fazer a mala. Não posso perder tempo com a birra dele, não agora. Se ele quer ficar chateado, boa para ele. Já tomei uma decisão, ele faz parte da minha vida agora, e eu posso voltar a tempo do ano novo, ou um dia mais cedo.

-Harry, se vais amuar...

-achas que estou a amuar? Quero passar o natal com a minha namorada, e ela quer ir para o outro lado do mundo.- ele gesticula e passa as mãos freneticamente pelo cabelo.

-sim, porque a minha família está lá. Eu compreendo que não queiras ficar sozinho, mas não te posso levar, o meu pai ia obrigar-me a mudar-me para lá se desconfiasse de nós.

-não, não ia, porque, primeiro, da última vez que o vi, ele foi agradável, e segundo já és maior de idade.

-sim claro, pensa Harry, se nos vir juntos vai pensar que sou uma grande cabra e ando a foder contigo por partilhamos a casa.

-Nós. Não. Fodemos.

A expressão zangada no seu rosto faz-me recolher para dentro da minha carapaça. Detesto quando ele fala tão friamente como se não me conhecesse. Faz-me sentir alguém que ele despreze, como o Dean, ou o seu pai, isso é nojento.

-e para além do mais, tentaram atacar-te á menos de um mês, não podes ir assim para Nova Iorque e esperar que eu fique aqui a ver.

-Harry não vejo o meu irmão e a minha mãe á meses, preciso deles.- Viro-me de costas.

As passadas longas que dou para a frente e para trás soam como pedras a cair á nossa volta. Parece que o nosso castelo se está a transformar em areia e a cair, logo a seguir ao dia em que me dei a ele. Porque é que não consegue perceber?

Os meus olhos ardem, e apercebo-me que há imenso tempo que não me caia nem uma única lágrima, e que desde que eu e o Harry andamos, todas as minhas dores de cabeça desaparecem.

-Sophia, eu não vou...

-já comprei a passagem, esquece isso, eu vou.

Sinto os seus passos a parar atrás de mim, a sua mão envolve o meu braço e vira-me para ele. Os meus olhos vermelhos fazem a sua raiva ficar parada no tempo e os nossos olhos não se desviam. Cruzo os braços sobre o peito e decido falar.

-por favor Harry.- Imploro.- Não discutas comigo depois da noite de ontem. Vais magoar-me, ambos sabemos.- Fungo.

Ele larga o meu braço a dá dois passos atrás, vejo a sua desconcentração e a maneira como parece andar á deriva, numa tempestade, sem uma bussola.

-Soph, eu não quero magoar-te, mas não te quero longe, vou ficar horrivelmente mal se te fores embora, não aguento acordar sem ti ao lado, quanto mais, ires para o outro lado do mundo.

Penso nas suas palavras.

-porque não admites que o que mais te irrita é o facto de eu não ter pedido autorização.- esse é o seu problema.

-não é nada disso...é obvio que quero fazer parte da tua vida, e se tu não me deixas...

-tens que parar com isso, acabas-te de me dizer que sou maior de idade, não me podes dizer o que devo fazer.- Espeto-lhe um dedo no peito já sem as lágrimas.

-posso sim, amo-te, e posso fazer o que bem entender para te proteger.- ele ruge.

-não sou uma criança, não preciso que me protejas, eu compreendo, sei que fazes parte da minha e vida, não quero que isso mude, mas tens de parar de me tentar proteger de tudo. Não vai resultar e vai fazer-te ficar paranoico.

Vision 1 - The JudgedWhere stories live. Discover now