Tenho as minhas calças de ganga vestidas, e uma camisola, e espero que o sítio onde vamos não seja um daqueles lugares chiques com código de vestir. Quando saio do quarto o Harry está a rir-se ao telemóvel e eu pergunto-me se alguma vez o vi rir-se ao telemóvel, ele é sempre tão serio nas suas chamadas, e quando me liga é apenas para me dar algum sermão por algo que eu definitivamente ainda vou fazer mal.
Calço as minhas botas pretas nos meus pés e agarro a minha mala. Balanço os meus pés para a frente e para trás e o Harry vira-se para mim. Ele aponta-me o indicador em sinal de um minuto e eu concordo.
Vou até ele e vejo as chaves do range Rover a balançar no seu bolso de trás. Eu esqueci-me de que ele o tinha mandado vir, e pelos vistos foi rápido. Três dias o carro chegou. Agarro nas chaves e ele assusta-se, ele ri-se e finalmente ele desliga.
Ele guarda o telemóvel no seu bolso de tras das calças e gargalha para mim. um gargalhada rouca a que eu posso dizer ser a única a ouvir.
-gostas mesmo de mim.- ele ri-se.
-desculpe?- finjo-me ofendida.
-faz qualquer coisa para chamar a minha atenção.- ele declara.
Eu paro por um momento e penso que talvez eu goste de chamar a sua atenção. Eu gosto quando ele ri de pequenas coisa que eu faço quando eu nem estou a perceber. A maneira discreta como ele olha para mim quando estamos a jantar, ou a ver televisão. Ou como ele sempre diz "amo-te" quando eu estou prestes a adormecer, como numa prece para afastar todos os meus medos, no tempo prefeito.
-é talvez eu faça.- murmuro a sentir as minhas bochechas queimarem.
-gosto que chames a minha atenção.- Ele agarra a minha cintura e beija os meus lábios suavemente.
-estou feliz por termos conversado, sinto-me mais leve.- ele murmura no meu cabelo.
Eu engulo a culpa para baixo. Um novelo a formar-se no meu estomago, e a minha garganta dói com o peso de lhe estar a mentir, quando ele se abriu comigo. Eu não sei, de todos os livros que li, de todos os filmes que vi, costuma ser o rapaz a ter a culpa, ele devia ser quem está mal, mas aqui estou a provar que os filmes, e os livros são apenas uma pequena parte de uma realidade, eu não posso descrever a dor no meu peito, eu apenas me posso agarra ao Harry e respirar baixinho, para que ele não me oiça. Como se eu fosse uma intrusa, uma pessoa que não deve estar aqui a viver isto, aqui e agora.
-vamos?- ele pergunta curioso pelo meu gesto.
Eu largo os braços dele devagarinho e deixo o conforto do peito dele. Olho para e vejo os olhos dele brilhar para mim, com paixão, amor, amizade, carinho, e eu não posso continuar com isto, não posso mesmo, eu preciso de lhe contar a verdade antes que o meu tempo acabe, antes que eu não consiga dizer-lhe eu, e ele venha a descobrir de outra maneira. Mas estou decidida a aproveitar esta noite, a poder divertir-me um pouco. Quero não pensar nisto, quero não pensar no peso da culpa.
Ele agarra a minha mão e fecha a porta atras de nós.
-posso conduzir?- preciso de me distrair.
-tu o quê?-ele ri alto.
-eu posso conduzir o carro hoje?- volto a perguntar.
-eu não sei Soph... tu sabes é apenas como...
Faço beicinho e os meus melhores olhinhos e ele sorri e deixa-me subir para o lado do condutor. E sei que estamos a fazer progressos, á alguma tempo ele não me deixaria mesmo fazer isto, de todo. Eu acho que ele percebeu a mensagem do "sufocamento" então ele está a fazer o seu melhor.
Ele entra para o lugar do passageiro e fecha a porta com força. Adoro o pequeno jipe e não me importaria de o conduzir.
-tenta não nos matar, ainda tenho algumas coisas a fazer contigo.- Ele ri-se.
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Vision 1 - The Judged
FanfictionHarry está ligado a um passado destrutivo, algo que não o afeta diretamente mas que ele sente necessidade de relembrar, como uma nota pessoal do quão culpado ele pode ser. Sophia está ligada ao futuro pela raiz, com medo do que pode acontecer a cada...