-não, não ainda.- ele suspira, e o meu mundo cai.
-como não ainda?- a minha voz não passa de um pequeno sussurro.
Todos os meus medos a virem á superfície enquanto faço cálculos mentais do que isso implicaria. Tudo o que consigo pensar é no facto de já não estarmos tanto tempo juntos, de ele se mudar eventualmente para o seu apartamento de luxo no centro da cidade, e de me deixar sozinha. Todos cenários são horríveis, e tenho de poisar a chávena na mesa para não correr o risco de a partir, ou deixar escorregar.
-diz alguma coisa.- Imploro.
-tu sabes, sem mim lá a todo o tempo faz com que certas liberdades sejam autoconcedidas, e o Louis não pode ficar lá todo o tempo, ele também tem aulas, bom, dois dias por semana, mas tem...
-tu prometeste.- Lembro-me da nossa conversa.
-não pensei que chegasse a este ponto.- Ele passa as mãos pelos cabelos.
-que ponto?- grito.
Levanto-me e não me consigo conter mais. Não chorava á quase dois dias, e talvez seja esse o motivo de doer tanto. Chegamos ontem, mas parece que passou uma eternidade, ele levou-me a extremos em menos de vinte e quatro horas. Agora que penso nisso á dois dias estava a ser atirada ao chão para não ser atropelada, tenho as minhas costelas magoadas, mas pareço só conseguir lembrar-me da dor agora.
Agora tudo que não doía, dói. Dói muito.
Ele levanta-se e cresce para mim. Agarra o meu queixo e olha-me zangado.
-vamos parar de gritar ok?- ele manda.
-não enquanto não me explicares.- mando.
-fodace, não te vou explicar merda nenhuma caralho.- ele grita na minha cara.
Os meus olhos arregalam-se com a fúria presente na cara dele, e olho atentamente para cada traço. A sua veia saliente na testa, a fúria a encher outra veia no pescoço, a força com que aperta os seus punhos. Os seus lábios entre abertos, os olhos de um verde tão profundo que quase me consigo ver a cair num abismo de infinito verde.
Soluço baixinho com o grito dele. A verdade é que me calou e o silêncio reina, enquanto a respiração dele bate no topo da minha cabeça.
Pestanejo e as lágrimas caem pela cara. Desvio-me dele e avanço até ao quarto. Fecho a porta á chave, e troco de roupa. Visto a minha roupa interior, uma camisola normal, os meus habituais jeans, uma botas, e passo o meu casaco de malha pelo meu tronco.
Soluço enquanto me penteio, e não oiço nada do outro lado da porta. Está tudo em silencio. Pego no meu iphone e ponho-o no bolso de trás dos meus jeans. Agarro nas chaves de casa, e ganho coragem enquanto levo o meu punho á minha bochecha e lavo as minha lágrimas da minha cara.
Estou farta de chorar por uma coisa que nunca vai mudar. Temos problemas, e eles estão cada vez mais salientes, não posso aguentar isto por muito mais tempo. Derrotei o fantasma da minha cabeça durante algum tempo, e não vou permitir que o Harry faça tudo voltar como uma avalanche.
Abro a porta do quarto e vejo-o virado de costas, leva alguma coisa á boca e depois oiço o som do vidro a bater na bancada. Está a beber. Avanço até as minhas chaves e ele vira-se de repente para mim.
-onde vais?- ele pergunta rouco.
-ter com a Kate.- mando de chofre.
-não podes ir sozinha é perigoso.- ele começa a andar até mim, mas eu paro-o.
-o que é mais perigoso ir até á casa dela, ou ficar aqui com o meu namorado bêbado? – a minha sobrancelha sobe.
-Soph, foi só um copo.- ele fala baixinho, e vejo que está assustado, só que agora eu também estou assustada, e não consigo ficar perto dele.
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Vision 1 - The Judged
FanfictionHarry está ligado a um passado destrutivo, algo que não o afeta diretamente mas que ele sente necessidade de relembrar, como uma nota pessoal do quão culpado ele pode ser. Sophia está ligada ao futuro pela raiz, com medo do que pode acontecer a cada...