95ºCapitulo

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-não, não ainda.- ele suspira, e o meu mundo cai.

-como não ainda?- a minha voz não passa de um pequeno sussurro.

Todos os meus medos a virem á superfície enquanto faço cálculos mentais do que isso implicaria. Tudo o que consigo pensar é no facto de já não estarmos tanto tempo juntos, de ele se mudar eventualmente para o seu apartamento de luxo no centro da cidade, e de me deixar sozinha. Todos cenários são horríveis, e tenho de poisar a chávena na mesa para não correr o risco de a partir, ou deixar escorregar.

-diz alguma coisa.- Imploro.

-tu sabes, sem mim lá a todo o tempo faz com que certas liberdades sejam autoconcedidas, e o Louis não pode ficar lá todo o tempo, ele também tem aulas, bom, dois dias por semana, mas tem...

-tu prometeste.- Lembro-me da nossa conversa.

-não pensei que chegasse a este ponto.- Ele passa as mãos pelos cabelos.

-que ponto?- grito.

Levanto-me e não me consigo conter mais. Não chorava á quase dois dias, e talvez seja esse o motivo de doer tanto. Chegamos ontem, mas parece que passou uma eternidade, ele levou-me a extremos em menos de vinte e quatro horas. Agora que penso nisso á dois dias estava a ser atirada ao chão para não ser atropelada, tenho as minhas costelas magoadas, mas pareço só conseguir lembrar-me da dor agora.

Agora tudo que não doía, dói. Dói muito.

Ele levanta-se e cresce para mim. Agarra o meu queixo e olha-me zangado.

-vamos parar de gritar ok?- ele manda.

-não enquanto não me explicares.- mando.

-fodace, não te vou explicar merda nenhuma caralho.- ele grita na minha cara.

Os meus olhos arregalam-se com a fúria presente na cara dele, e olho atentamente para cada traço. A sua veia saliente na testa, a fúria a encher outra veia no pescoço, a força com que aperta os seus punhos. Os seus lábios entre abertos, os olhos de um verde tão profundo que quase me consigo ver a cair num abismo de infinito verde.

Soluço baixinho com o grito dele. A verdade é que me calou e o silêncio reina, enquanto a respiração dele bate no topo da minha cabeça.

Pestanejo e as lágrimas caem pela cara. Desvio-me dele e avanço até ao quarto. Fecho a porta á chave, e troco de roupa. Visto a minha roupa interior, uma camisola normal, os meus habituais jeans, uma botas, e passo o meu casaco de malha pelo meu tronco.

Soluço enquanto me penteio, e não oiço nada do outro lado da porta. Está tudo em silencio. Pego no meu iphone e ponho-o no bolso de trás dos meus jeans. Agarro nas chaves de casa, e ganho coragem enquanto levo o meu punho á minha bochecha e lavo as minha lágrimas da minha cara.

Estou farta de chorar por uma coisa que nunca vai mudar. Temos problemas, e eles estão cada vez mais salientes, não posso aguentar isto por muito mais tempo. Derrotei o fantasma da minha cabeça durante algum tempo, e não vou permitir que o Harry faça tudo voltar como uma avalanche.

Abro a porta do quarto e vejo-o virado de costas, leva alguma coisa á boca e depois oiço o som do vidro a bater na bancada. Está a beber. Avanço até as minhas chaves e ele vira-se de repente para mim.

-onde vais?- ele pergunta rouco.

-ter com a Kate.- mando de chofre.

-não podes ir sozinha é perigoso.- ele começa a andar até mim, mas eu paro-o.

-o que é mais perigoso ir até á casa dela, ou ficar aqui com o meu namorado bêbado? – a minha sobrancelha sobe.

-Soph, foi só um copo.- ele fala baixinho, e vejo que está assustado, só que agora eu também estou assustada, e não consigo ficar perto dele.

Vision 1 - The JudgedWhere stories live. Discover now