Vision 1 - The Judged

96ºCapitulo

Abracei a Kate, mas algo me diz que esta não vai ser a ultima vez que venho a correr ter com ela. Algo me diz que isto é apenas o olho da tempestade e que isto ainda pode piorar e muito. Quando ela fecha a porta depois de um discurso sinceramente reconfortante, desço as escadas pronta para encontrar o Harry. Eu sei que voltar sempre está errado, mas sinceramente se eu conseguisse simplesmente apagar tudo o que o meu coração vê nele, eu faria. Eu amo-o, mas em dezoito anos de vida, eu nunca tive tantos problemas. Na realidade eu tive mais de "vida" nestes três, ou quatro meses, do que na vida toda.

Eu não sei se eu iria aguentar estar longe dele, todas as nossas brigas tem sido pequenas, eu comparo as nossas pequenas brigas com treinos de guerra, é isso basicamente.

Eu estive a treinar-me para contar ao Harry sobre o facto de eu saber quem ele era antes de o conhecer. Eu não sabia propriamente, eu apenas tinha imagens e pequenos filmes dele na minha cabeça. Pequenas coisas como as tatuagens dele, imagens dele em criança. E provavelmente até daquela vez em que eu tive uma visão dele, quando eu tinha quinze anos, de uma sombra de um rapaz a bater com o carro. Foi sempre ele. Eu nunca tinha pensado nas visões que eu tive antes de o conhecer, mas provavelmente eu tinha mais dele naquela altura do que tenho agora.

Porque antes eu podia apenas desligar e pintar, mas agora eu não me consigo desligar porque estou presa a ele de uma forma tão profunda que, quanto mais tento soltar-me, mais presa fico.

Eu sei o quão hipócrita é da minha parte obriga-lo a contar-me as coisas, quando na realidade eu estou a esconder-lhe algo ainda pior. Mas se eu pudesse trocar a merda de dom que tenho por cem borbulhas eu iria. Eu iria trocar o meu dom por qualquer coisa, eu faria qualquer coisa para me livrar disto.

Sei que no fundo o meu único medo é, não crer errar com ele, eu quero ter a razão do meu lado quando discutirmos sobre os nossos planos. Eu quero ser a rainha da razão, e por um momento eu sou transportada para a secundária. Quando eu era apelidada de "Ice Queen" porque eu nunca tive um namorado, e porque eu afastava todos os que se tentavam aproximar. Bom talvez não fosse eu, talvez fosse o Harry dentro da minha cabeça. Talvez eu sempre quisesse ter tido um namorado, mas eu não conseguia porque havia sempre o Harry a aparecer de vez enquanto, ou ele ou a sua mãe. Os dois trabalharam para me dar uma adolescência estranha e desordenada, mas ainda assim, eu mantive a minha essência, eu não desisti de mim, mesmo que houvesse razoes para isso.

Eu sabia que eu não era normal, ainda assim, eu lutei para o ser, para provar a mim mesma, que eu podia ser como as outras meninas da minha idade. E agora que eu cresci eu fico feliz, por os meus pais não me terem enviado para uma instituição de psicopatas, por não terem medo de mim quando lhes contei que eu via coisas.

Eu nunca cheguei a dizer-lhes que o Harry era o rapazinho das minhas visões. Eu quero poder guardar isso para mim. Eu nunca fui boa a guardar para mim. Se eu sentir que tenho alguém em quem por todos os meus medos eu vou faze-lo, não em exagero, mas eu sou uma miúda nervosa, eu ponho os meus nervo tão em alta que eu acabo a vomitar numa casa de banho se estiver demasiado nervosa. Já aconteceu e eu não quero a experiencia a acontecer outra vez.

Quando empurro a porta da entrada do átrio do prédio da Kate, ele está, encostado ao seu clássico da Ford. Assim que os olhos dele poisam em mim ele corre para mim. Eu vejo tudo em camara lenta, enquanto todo o seu corpo se move até mim. E quando ele finalmente me alcança, eu poderia dizer que ele nunca me abraçou com tanta força, que ele nunca expressou o seu amor por mim com tanta intensidade, enquanto os seus braços me embrulham no conforto do seu peito, e ele encosta a cabeça no topo da minha cabeça. Sinto enquanto ele respira o meu cheiro, e como o abraço não diminui. Eu passo os meus braços á volta da cintura dele e aperto-o contra mim.