63ºCapitulo

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-Harry? Harry estas ai?

Com um cuidado desnecessário abro a porta o apartamento. Não vejo o Harry em lado nenhum e o quarto está escuro, muito escuro.

Tento ligar o interruptor da luz mas apenas uma faísca dá sinal de vida. Avanço devagarinho pelo apartamento, com medo do que encontrarei no escuro. Tento não bater em nada, mas acaba a chutar o cesto das revistas.

Encontro a maçaneta do quarto e rodo-a cuidadosamente. Todo este ambiente me parece demasiado fantasiado e negro, nevoeiro. à estranho.

-Harry?- chamo mais uma vez.

Caminho até á cama, mas algo me impede de destapar o corpo por de baixo dos lençóis. Uma lâmina afiada encostada á minha garganta, fazendo apenas com que eu paralise. Estou perdida em medo e sufocação. A minha cabeça a andar ás voltas sobre elas mesma e um filme da noite em que fui perseguida a rodar á minha volta.

-então lindinha, saudades minhas?- a voz sedutoramente quente fala.

Sei que o silêncio é a minha melhor arma, por isso mantenho-o. Apenas para me certificar que tudo corre bem. A única coisa que passa pela minha cabeça é o Harry e se será ele deitado na cama. Sinto o coração a bater e a pulsação nos ouvidos. Não quero entrar em pânico, mas o medo crescente instala-se em mim e uma parte negra da minha psique começa a trabalhar prevendo vários cenários de morte.

Eu estendida no chão com uma procuração no peito. E uma nota. Tenho a merda de uma nota sobre o peito. Esforço a minha mente a trabalhar para a conseguir ver melhor.

âÂÂTu querias fugir, acabas-te mais preso.

Tu querias possuir e acabas-te sem nada

Tu querias ama-la e eu roubei-lhe o coração.âÂÂ

Um soluço estrangulado escapa-me da garganta com o facto de eu não ter um coração na minha visão. Sinto um par de mãos abanar-me e a gritar-me aos ouvidos.

-fala cabra!- a voz malvada grita-me aos ouvidos. E eu apenas consigo chorar silenciosamente com o lábio a tremer.

-então amor? O Harry foi embora? Oh princesinha, vais ver que isto vai ser bom, vou livrar-te do cabrão e mandar a tua alma pura para o paraíso.- ele sussurra a ultima parte.- mas sem uma parte de ti.- ele murmura ao meu ouvido.

Um grito oco e seco escapa-me pelos lábios.

-Soph?! Soph?!- alguma coisa está a chamar-me e abanar-me violentamente.

De um pulo sento-me, levando o lençol comigo. As minhas mãos a apertarem-no novamente com uma força sobre humana. Imagens do meu pesadelo a passarem-me novamente pela cabeça. Oiço o Harry a falar, mas perecesse com um eco distante.

Tive a merda de uma visão dentro de um pesadelo! Não percebo, não era suposto eu ter um sono tranquilo de modo a equilibrar as coisas? Agora tudo parece desequilibrado e eu não consigo apanhar a forma das coisas. De repente tudo parece mais escuro que o normal e o facto de a luz estar apagada está a dar forma aos meus medos. Eu morta no chão, é ainda pior do que outra qualquer partida que o meu cérebro me pregou. àtao assustador que me faz parar no tempo. Eu morta é pior do que ver o mundo acabar aos meus pés. O seu humano é um ser egoísta, sei disso, e ver-se morto é sem dúvida o seu pior receio. àpor isso que as pessoas normais não têm visões, elas não têm capacidade de aguentar isto. Mas pelos vistos eu tenho. Sou uma rapariga que recebeu um dom demasiado pesado.

Vision 1 - The JudgedWhere stories live. Discover now