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      No dia seguinte, acordo com uma dor de cabeça insuportável, abro e fecho os olhos freneticamente na esperança de melhorar a dor, mas parece que apenas piora. Olho ao meu despertador que marca exatamente 4:20h da manhã, suspiro e pressiono o travesseiro contra minha cabeça. Eu poderia estar dormindo, ainda tenho 1 hora de sono, mas não, tenho que acordar por causa de uma dor.

  Consequentemente, meu humor foi de mal a pior, quando o relógio marcou exatamente 5:20h eu já estava pronta para ir a escola mesmo faltando quase 2 horas para a escola abrir .

     Coloco músicas aleatórias do Nirvana e saio de casa naquele mesmo horário. Vou até uma padaria onde servem umas rosquinhas maravilhosas. Depois de saborear algumas, meu horário de entrada na escola se aproxima, pago a conta e vou para a escola. Me sento com as pernas cruzadas em um dos bancos da entrada com meu livro e começo a viajar na leitura.

    Escuto um barulho estranho e olho a minha frente, consigo observar um pouco distante de mim, a mesma garota de ontem. Ela empurra outra que estava a sua frente, o que a faz cair no chão com seu material e tudo. Continuo observando, há três garotas ao seu redor, e ninguém faz nada ,o resto dos alunos apenas passam por elas fingindo demência. Será que ninguém percebeu que o que ela está fazendo é bullying ? Me levanto, como eu já disse, meu humor está péssimo hoje. Ando em direção a garota que estava caída ao chão e lhe entendo a mão, ela me encara assustada e segura se levantando.

    — Ó, É a estranha de ontem. – A garota loira me encara e sorri falsamente.

    — Agora entendo o por que desse look, novata. Você está se inspirando nessa aí, sério, não faça isso . – Uma outra garota aleatória, na qual eu nem faço questão em saber o nome, diz a jovem que eu ajudei e logo se vira para a loira, que se não me engano, se chama Sabrina.  A garota abaixa a cabeça bruscamente quase chorando, a observo de canto de olho e me agacho pegando seus matérias.

     — Agora as duas são mudas ! – Uma terceira garota que literalmente não sei quem é, só que é ruiva, se inclina rindo.

      — Na verdade, não queremos falar com pessoas que rebaixam as outras para se sentir melhores. E cá entre nós, vocês não são nem a metade do que se sentem . – As observei arregalar os olhos e franzir o cenho. Sorri falsamente e me retirei dali. Pelo o que percebi a garota de antes vinha atrás de mim sem dizer uma palavra.

     — Ei, elas não vão mais te incomodar. – A encarei e a mesma sorriu fraco.

   —  Como é seu nome ? - Ela acabou de enrolando na pergunta.

   — Beatriz.

   — Prazer, sou a Roberta ! – Disse sorrindo e entendendo a mão. Apenas assenti. Ela desviou o olhar e puxou a mão novamente.

— Obrigada por me ajudar, mas, você poderia me mostrar a escola? - Ah não, não gosto de praticamente ninguém aqui, não me faça andar por aí. A encarei até um garoto segurar fixamente o braço da tal de Roberta e a encarar com ódio. Qualquer um conseguia perceber que aquilo estava doendo, mas ele não parava. Coloquei uma das mãos ao seu peito e o empurrei para longe .

    — Cuidado com sua força, ela é uma garota . – Me retribuiu um olhar irritado. Ah não, o garoto de ontem, o novato, Grenw era seu nome, se não me engano.

    — E quem é você para se intrometer em uma conversa particular?

   — Eu sou uma garota que consegue visivelmente perceber que você estava machucando ela, ou seja, como uma "boa" cidadã, o mínimo que eu poderia fazer é socar seu rosto por ser tão machista, porém, como estamos em uma escola não irei fazer isso, dessa vez. – O encarei determinada . Grenw bufou e saiu dali sussurrado algo como " Você é irritante." Pois é meus amigos, eu consegui mandar um valentão embora só com a força de um discurso.

     — Não querendo me intrometer em sua vida, mas não deixa ninguém fazer bullying ou ser machista com você, ok ? Se valorize. – A encarei brevemente, já que ela estava cabisbaixa. E um silêncio pairou sobre nós.

    — Raven! – Acho que essa foi a primeira vez que agradeci por júnior ter me chamado.

    — Júnior essa é Roberta, Roberta esse é júnior. Mostre a ela a escola, ela é nova. Tchau.  – Sai o mais rápido que pude e andei até minha sala, me sentei a mesma carteira do dia anterior e ali fiquei. A aula já havia começado, o professor anunciou que havia um novo aluno a sala e todos estavam apavorados para saber se o garoto era bonito, para entrar para o grupo dos playboys. Se o garoto era skatista, para entrar ao grupo dos radicais. Se o garoto gostava de moda, para entrar ao grupo dos estilista. Enfim, todos os grupos queriam saber como ele era, menos eu. Sinceramente, não estou nem um pouco interessada em conversar com adolescente. E é nesse exato momento que me arrependo de ter dito isso, por que geralmente quando alguém fala isso, acontece tudo ao contrário. E foi o que me aconteceu, o garoto novo que possuía um estilo gótico resolveu se sentar a minha frente, o lugar que até então, era daquela garota falante. Me encarou por alguns segundos mas não teve retribuição de olhar, então apenas se virou para a frente e começou a prestar atenção a aula.

      As primeiras aulas passaram voando, e igual ao dia anterior, me dirigi ao mesmo local silencioso na arquibancada. Fiquei observando um tempo o céu e logo sinto alguém se aproximar. Não estou tendo sossego esses dias.

    — Oi . – O garoto gótico se sentou aos degraus de baixo, a minha frente sorrindo esperando ansiosamente por um "oi" . Porém só obteve um olhar neutro e uma desviada ao olhar.

    — Entendo o que está tentando fazer, mas particularmente, não vai conseguir.

   — O que exatamente você acha que estou tentando fazer ? – Digo observando um pássaro voar pelo céu.

    — Está me ignorando, quer me fazer sentir que você não quer falar comigo, coisa que sei que é verdade, para mim desistir, me levantar e ir embora. Conheço esses truques ,os uso sempre. Mas, não vai funcionar. – O encarei brevemente levantando a sobrancelha e dando de ombros.

    — Tens razão. Mas, se gosta de ser ignorado, não é culpa minha .

    — Não é questão de eu gostar de ser ignorado ou não, a questão é que essas escola não me parece uma das melhores, você deve saber o que estou dizendo. Grupos ideológicos, sabe ? Se uma pessoa tem algo em comum com outras, ela instantemente é considerada parte de um grupo. E pelo o que eu consigo perceber, você não faz parte de nenhum grupo, então, consequentemente, não possui ninguém aqui com gostos semelhantes ao seu.

     — E onde você quer chegar com esse discurso ? – O encarei novamente.

    — Você parece legal, então, já que você está sem grupo, podemos ser amigos, o que acha ? – Sorriu brevemente, me levantei lentamente.

    — A oferta é tentadora, mas eu recuso. Não gosto de me socializar com as pessoas, pois no fim, sempre me decepciono. – Me viro e começo a andar em direção as salas.

    — Mas se você se apegar sempre a dor, e automaticamente se fechar para o mundo, não vai descobrir coisas novas. Há pessoas boas, garota, pessoas que não querem te machucar. – Diz um pouco alto, mesmo eu já estando um pouco distante.

    — Quando achar uma pessoa assim, me avisa. – Falo num tom normal e continuo andando em direção a minha sala. Caminho silenciosamente em direção e quando finalmente vou entrar a mesma sou barrada pelos populares que riem sem parar.

Diferente do meu Passado? ( A Rockeira e o Playboy).Место, где живут истории. Откройте их для себя