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Estava em um beco sem saída, por mais que eu corria, a sensação que eu tinha é que eu não saia do lugar, uma melodia soava bem baixo, e mesmos que eu quisesse não conseguia a alcançar. Abri um dos olhos vendo meu celular tocando sob a cômoda. Isso foi um sonho..

   — Alô?

  — BEATRIZ! CADÊ VOCÊ? – Afastei um pouco o telefone do ouvido e Suspirei. — ESTOU LHE ESPERANDO HÁ UM TEMPO AQUI, E VOCÊ AINDA NÃO APARECEU.

  — Primeiramente, Fala baixo, por que não sou surda e acabei de acordar. E segundo, quem é?

   — Você só pode estar de brincadeira, é a sua tia. – Suspirou irritada. — A gente tinha marcado de ir no cabeleleiro, mas até agora, você não veio.

   — Na realidade, eu não lembro disso.

   — Tanto faz, só desce aqui na portaria, precisamos ir. – Desligou o telefone, me sentei a cama bufando, admito, você ter uma tia chata que ama cuidar da sua vida, é irritante.

   Depois de alguns minutos no carro, estávamos ao shopping, enquanto a seguia pensava oque eu poderia fazer para fugir dela. Mas, mesmo que eu tentasse, não iria dar certo.

    — Beatriz, esse é Cláudio. – Sorriu. — Cláudio, você já sabe, não é? Uma boa reforma. Obrigada. – Nos deixou e sumiu entre a multidão.

   — Vamos. – Me guiou até uma cadeira. Começou a deslizar seus dedos pelo meu cabelo. — Desculpe ser intrometido, mas por que quer pintar? Essa cor ficou muito bonita para você. – Suspiro.

  — Eu não queria. Mas, aquela mulher fica pegando no meu pé, e mesmo que eu não queira, ela não se importa.

  — Entendo. É sua familiar?

  — Sim, aquela tia “Rica”. – Disse isso com um pouco de desgosto. — sabe, que acha que tudo oque faz é bom para os outros? Quando na realidade é horrível?

   — Sei sim, na verdade, entendo. – Por alguns segundos, seu rosto estava pensativo. — E em relação ao seu cabelo, você não quer pintar, não é? – Balancei a cabeça negativamente. — Olha, eu tenho uma boa opção. E se colocarmos peruca? Assim, você não tira a cor verdadeira do seu cabelo, quer dizer, a cor que você gosta. E sua tia, não irá pegar mais no seu pé. – O encarei e sorri. — Pode ser? – Assenti. – Ótimo. Karen, Tanaka. Necessito de uma peruca castanho claro, por favor.

   Após alguns minutos, estava me olhando ao espelho. Meus cabelos antes azuis marinho, agora estavam castanho claro. Não exatamente, era uma peruca. Isso de certa forma me consolava. Tinha motivos para ter cabelos coloridos. Minha tia chegou bem na hora e sorriu, aquele maldito sorriso, que arde até o fundo da minha alma. Eu odiava aquele sorriso, e ela sabia disso.

   — Agora sim, parece gente. – Desviei o olhar e logo observei Cláudio que me deu uma piscadela. Saímos dali e voltamos para o hotel. Olhei ao meu celular, e ainda eram exatamente 8:30 da manhã, ou seja, que rápido. Sem fazer nenhum barulho, pois os dois irmãos ainda dormiam, e deitei na minha suposta cama. Não demorou muito para Roberta levantar e logo acender a luz fazendo Grenw resmungar e reclamar.

   — Bom dia, Bea. – Sorriu me observando.

  — Bom dia. – Eu ainda estava lá, com meu abajur desligado. Por que? Todos sabemos o motivo. Roberta sorriu e entrou ao banheiro. Seu irmão se sentou ao sofá espreguiçando.

  — Dia.  – Me encarou. —Oque, oque você fez com seu cabelo? – O encarei surpresa.

— É...

  — Bea. VOCÊ PINTOU SEU CABELO? - Roberta saiu do banheiro me encarando.

— Sim..  – Desviei o olhar.

—  Ficou muito bom. – Sorriu e saiu do quarto.

— Beatriz? Você realmente pintou, não é? – O encarei assentindo. Ele Suspirou e abaixou o olhar.  — Pena, agora você não é mais a Smurfete. – Fez uma cara de triste. Peguei um dos travesseiros e joguei em seu rosto. — Estou brincando, estou brincando. – Começou a rir. Alexandre entrou ao quarto e me encarou, e logo o Grenw.

   — Não sei oque vocês estão fazendo, mas vamos a praia novamente?

  — Não, obrigada. – Me sentei novamente a cama.

  — Por que? – Cruzou os braços.

  — Já tenho planos.

  — Tipo?

— Ficar sem fazer nada. – Sorri. Alexandre Suspirou e sorriu. Observou meus cabelos e novamente me lançou um olhar melancólico.

  — Tudo bem, se precisar de alguma coisa, Bea. Me liga, okay? – Apenas Assenti enquanto ele saia do quarto. Estava sozinha naquele quarto, finalmente. Me levantei indo até o banheiro e colocando uma roupa mais “confortável”. Peguei uma mochila e coloquei umas coisas dentro dela, não precisaria levar o buli, já que o pequeno foi para a praia com o Alexandre. Abri a pequena geladeira que havia ali pegando uma garrafa de água até sentir um ar quente entrar em contato com o meu pescoço.

   — Oque você vai aprontar? – Virei a garrafa com tudo para acertar, mas uma mão a impediu. — Calma, garota.

  — Grenw! Não faz isso. – Resmungo irritada.

— Desculpa aí. Medrosa. Mas, onde vai?

  — E por que quer saber? – coloquei a garrafa dentro da mochila.

— Curiosidade. – Deu de ombros. O encarei lhe dando as costas. — Baseado na sua vestimenta e nos seus utensílios, você parece que vai acampar. Apenas dei de ombros.

— Acredite no que você quiser.

  — Okay, eu acredito nisso, e vou junto. – O Encarei.

— Oque? Por que?

— Vou ficar de olho em você, não sei oque vai aprontar.

— Você não vai comigo! Não quero. – Ele sorriu.

— Não tem querer, agora atura. – Pegou sua mochila e despejou suas coisas sobre o sofá. Comecei a dar alguns passos para trás até a porta mas ele me parou. — Você vai me esperar.

— Qualé, Grenw. Não, vai para a praia.

— Não, obrigado. Também quero acampar.

  — Não vou acampar, vou fazer trilha. – Suspirei irritada.

  — Melhor ainda, nunca fiz trilha. Deve ser legal. – Revirei os olhos, meus planos foram por água abaixo. 

— Tá, okay. Leva as coisas úteis para você, não vou te emprestar. – Coloquei a mochila as costas e sai pela porta.

  Depois de pegar um ônibus lotado, andar um pouco, chegamos a um extenso bosque. Adentramos o local e um dos guardas nós perguntaram se precisaríamos de um guia, disse que não, e depois de beber água, começamos a caminhar. Grenw vinha resmungando a todo momento, basicamente, isso estava me irritando.

   — Pare de reclamar, você quis vir junto, não me culpe. – Suspirei subindo um morro íngreme. Grenw se apoiando aos seus joelhos subia lentamente o morro.

  — E... Eu não, sabia... Que iria ser, tão, íngreme. – Sorri.

  — Quer desistir? – Digo já ao tomo do morro.

— Não, não.  – Quando finalmente chegou ao topo, pegou uma das garrafas d’água virando com tudo.

   — Acho melhor não beber muita água, por que, temos muitos morros ainda. – Me virei e continuei andando. Escutei um suspiro e logo passos. Começou a me seguir, chegamos a uma subida muito íngreme, era fácil até encarar, mas pela cara de Grenw não parecia, estava cada vez mais a sua frente, parei um momento e olhei para trás,  mesmo andava com as mãos no joelho e respiração muito pesada, sua  a boca estava aberta enquanto passava toda hora sua língua sobre os lábios . O encarei sorrindo .

   — Oque foi? – Seus olhos encontram o meu.

  — Está ouvindo esse som?

  — O barulho de sapo?

  — Sim. Se não me engano, esse som é do sapo-veneno-de-flecha, você sabia que esse animalzinho pertence ao gênero Dendrobates? E um único sapo, pode conter até 1.900 microgramas de uma certa toxina, na qual apenas 200 microgramas podem ser fatais? Inclusive para a espécie humana?  - Me encarava surpreso.

   — Nossa, isso é novidade... E por que o nome?

  — É derivado da Utilização amplamente por algumas tribos de índios sul-americanos, que extraiam o veneno Para mergulhar a ponta das flechas de suas zarabatanas, utilizando-se na caça.

   — Uau, essa pequena Criatura pode ser tão fatal? – Assenti.

  — Sabe, eu não gosto muito de sapos, na verdade, tenho um pouco de nojo, mas, eles me fascinam de um jeito, que não se explicar. – Me Agachei observando uma joaninha.

  — Lhe entendo bem. – Sorriu, me levantei e continuamos a andar.  — Cara, como você não está cansada?

  — Sou acostumada a andar. Então, para mim é fácil.

  — Eu tô morrendo.

  — Eu disse que era para você ficar quieto na praia.  

  — Fica quieta. – Suspirou.

  — Quer descansar?  - Apenas Assentiu. — Okay, vamos lá. – Andamos mais um pouco até chegar a algumas cachoeiras. Grenw mantinha seu olhar na água.

  — Que lugar maravilhoso. – O encarei e sorri.

  — Sim, e o melhor, se quiser nadar, é aberto ao público. – Me encarou.

  — Sério? – Assenti. — Oba, vou lá. – Desceu rapidamente a pequena colina e tirou sua camisa, seguido pelo sapato e pulou a água. Coloquei minha mochila perto de uma pedra, tirando meus sapatos e colocando os pés a água. Grenw apareceu sobrepondo na água e começou a balançar seu cabelo, consequentemente, muitas costas de água acertam meu rosto.

— Ei, cuidado.

— Por que não entra ?

  — Não quero.

  — Por que? A água está muito boa. – Balançou novamente a cabeça. Coloquei minhas mãos a frente do rosto. 

   — Não estou afim.

  — Você trouxe troca de roupa? – Assenti levantando uma sobrancelha. Senti suas mãos seguraram meu braço e me jogarem para dentro da água. Comecei a me debater na água, enquanto mexia os braços freneticamente. Segurei a pedra saindo da água. Tossia sem parar enquanto tentava tirar a água do meu rosto.

   — Seu idiota! – Digo tossindo.

— Você não sabe nadar?

  — Oque você acha?

  — Desculpa, eu não sabia. – Se aproximou de mim colocando seu braços apoiado já pedra. Um de cada lado do meu corpo. — Desculpa. – Desviei o olhar. Um silêncio Pairou sobre nós, enquanto Grenw fitava meu rosto que estava virado para o lado posto, eu não conseguia o encarar. Estava com muita vergonha.

  — Aquela cachoeira, ela é bonita, não é? - Me observou abaixando o olhar e moveu seu olhar para a cachoeira.

   — Sim, é belíssima.

  — Por que continua aqui? Vai nadar.

  — Mas, e você?

  — Vou ficar bem.

  — Não quer ir até lá ? – Seu olhar decaiu até minha camisa molhada e logo voltaram para meus olhos.

  — Querer, queria, mas é fundo e longe, então, deixa quieto.

   — Isso não é um problema, eu lhe ajudo. Vem. – Estendeu sua mão para mim.

  — Não, obrigada. Além disso, nadar de uma hora para a outra é impossível.

  — Não vou te ensinar, vou te ajudar.  – Levantei uma sobrancelha.

  — Não precisa, é sério.

  — Vamos Bea. – Suspirei segurando uma de suas mãos enquanto era puxada lentamente para água. Quando meu corpo entrou em contato com a água, grudei imediatamente ao seu pescoço fechando os olhos.

  — Eu vou, eu vou me afogar.

  — Calma. – Passou um de seus braços pela minha cintura me puxando para mais perto.  — Eu estou te segurando, okay?  - Olhei em seus olhos e assenti. Acabei de perceber que nossos corpos estavam literalmente colados, enquanto ele desviava seu olhar.

   — Desculpa, acho que foi uma péssima ideia. – Tentei segurar novamente a pedra mas ele me puxou para longe, oque me fez grudar ainda mais ao seu pescoço.

  — Não se preocupe, apenas segure. – Desceu o olhar. A maneira que se movimentava sobre a água, nós aproximávamos das Cachoeiras e mais do fundo. Um medo percorreu minha espinha e segurei mais firme em seu pescoço. Uma das coisas que acabará de notar é que, além dele estar sem camisa, nossos corpos estavam exageradamente colados. Pensei na possibilidade de tirar meus braços, mas isso não irá dar certo. Então permaneci ali até chegamos as pedras.

Grenw Narrando.

   Eu estava sonhando, não sabia exatamente com oque, mas sabia que era bom. Só que tudo isso foi interrompido pela minha irmã, ela sempre me atrapalha, em praticamente todos os momentos bons da minha vida. Acendeu a luz do quarto e começou a falar alto, me sentei ao sofá resmungando.

    Beatriz havia pintado seu cabelo, e mesmo que tenha ficado diferente, ainda a preferia do jeito se sempre. Era diferente do comum, e isso, por mais estranho que fosse, era de certa forma interessante. Entendo, provavelmente ela deve ter algo traumático com sua tia, mas evito me intrometer.

   Admito que foi até que fácil fazer ela me deixar ir junto, realmente, eu nunca havia feito trilha, foi minha primeira vez, e cara, aquilo mata qualquer um. Sério, se percebesse o tamanhos dos morros, era impressionante.

    Acho ainda, que a parte mais impressionante do meu dia, foi no momento que descobri que ela não sabia nadar. Estava tão arrependido de ter puxado ela para água, mas como ia saber que ela não sabia nadar, quem não sabia nadar, agora estava ela com a cara fechada para mim sentada espremendo a roupa encharcada e mexendo no cabelo. Notei que a raiva dela não era tanto por ter puxado ela para água, mas pelo fato de não saber nadar, e com isso impedia que ela curtisse o momento. Um silêncio predominou por alguns segundos.

  Depois quando disse para mim ir para a cachoeira e apontando com a cabeça empinando seu narizinho e deixando um sorriso de desafio aparecer, me virei para ver o lugar, não era muito distante era próxima a queda da água com algumas pedras onde poderia se sentar. A cachoeira era uma queda de pelo menos 20 metros que descia verticalmente e caia na piscina natural em que estávamos formando um véu e criava uma nuvem de respingos. Ao redor as rochas formavam um paredão que avançava levemente pelas laterais e cobertos por plantas que as deixavam verdes, espantei. Voltei a encarar ela, fiquei um tempo observando suas curvas pela blusa molhada, depois tive um a ideia, na verdade uma ótima idéia.

    Virei-me para ela e com um impulso perguntei se ela queria ir, podia ver nos seus olhos que queria, mas tinha medo e receio, mas com um olhar fofo e persuasivo como o meu ela não ia negar. Com cuidado ajudei a descer da onde ela estava. O menina desastrada. Não sei oque houve, mas em um impulso agarrou ao meu pescoço com força dizendo que ia cair ,tentei acalma lá mas era difícil , coloquei minha mão esquerda na sua cintura e passei o braço, senti seu corpo dar uma leve retraída e soltei um sorriso discreto, ela colocou uma mão em minha nuca .

  Seu rosto estava próximo ao meu que podia ver seus olhos brilhando e sua boca vermelha contrastando com sua pele pálida, seu cabelo estava mais escuro por estar molhado, nossas barrigas se tocaram, tive que me controlar para que não ocorresse algum acidente, se é que me entende.

  Sem responder me impulsiono contra a água gelada e dou a primeira braçada, e bato as pernas fortes para ir à direção certa, ela apertou as mãos na minha nuca e puxou meu cabelo levemente, quando me dei conta estava me olhando, e assim que percebi ela virou o olhar, todas as vezes isso aconteceu, se não era ela desviar o olhar era eu.
Eu tinha controle total da situação e logo chegaríamos às pedras, o som da cachoeira ficava mais forte e algumas pequenas ondas se formavam e batiam no cabelo dela. Senti que com o tempo ela foi se soltando e arriscou desastrosamente bater as pernas, mas ainda estava coma as mãos fincadas no meu pescoço.

Em poucos segundos estávamos próximo as pedras a cascata parecia bem maior daqui. Chegamos nas pedras me apoiei em uma mais baixa ainda submersa, apertei sua cintura firme e a apoiei numa pedra mais alta, ainda assim seu rosto era mais baixo que o meu , ela estava me encarando e nossos corpos estavam próximos , próximos o bastante para senti sua respiração, ela respirava rapidamente parecia assustada ou nervosa.

Eu respirava quase com a boca aberta devido ao esforço e tudo que queria era oxigênio, porém aquele olhar na minha direção só piorava, então percebi que ela não olhava mais para meus olhos e sim para meu corpo e parecia envergonhada. Não pude deixar de me senti estranho, o olhar dela na minha direção me deixava um pouco estranho, me sentia envergonhado, mas não podia deixar de olhar, exista uma atração entre nós. Espero que ela não tenha percebido.

  Quando finalmente estávamos seguros, pedi que me soltasse, e com receio, retirou suas  mãos quentes da minha nuca sem mudar a expressão, ainda me encarava, o vento criado pela queda bateu na minha nuca e me deu um leve arrepio, mas para ser sincero não sabia se era por isso mesmo que estava arrepiado. Ela estava sobre a pedra e ao fundo a cachoeira caia, o sol batia nas folhas e pintavam tons claros e escuros de verde ,o vento batia levemente no cabelo dela, mas parecia não incomodar, podia ver seus lábios e sua expressão ,queria a beijar e parecia que ela também.
Movimentei um pouco a cabeça, com o pensamento de que isso não iria acontecer, apontei com o rosto para ela se virar e ver a cachoeira de perto, com olhar desconfiado ela virou o rosto para trás, e seu pescoço mostrou seu músculo em totalidade. Para com isso Grenw. Me levantei e sentei na pedra ao lado a sua direita e juntos se viramos para a cachoeira.

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WellyntonDeLimaSilva ❤️

Diferente do meu Passado? ( A Rockeira e o Playboy).Where stories live. Discover now