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BEATRIZ.

      Depois de tudo oque aconteceu, da noite, e da manhã. Eu fui para casa, fiz um curativo básico ao olho e entrei em casa, me direcionei a cozinha onde estava minha mãe fazendo a comida. Bati meu dedo indicador a porta do cozinha, a mesma se virou sorrindo e logo me encarou assustada.

   — Filha, oque houve com o seu olho?

   — Ah, fui ajudar o pessoal na cozinha ontem, e acabou espirrando um pouco de olho ao redor do meu olho. – Se ela iria acreditar nisso? Não faço a menor ideia, mas não custa tentar. — Mas não se preocupe, mãe. Logo estará melhor.

    — Filha, cuidado. – Assenti sorrindo. — E como foi fazer o trabalho com suas amigas?

   — Que ? – Levantei uma sobrancelha.

   — O trabalho filha, não posou na casa da sua amiga, para fazer o trabalho?

    — Ah sim, esse trabalho. Sim, mas, foi bom. Consegui terminar. – Havia me esquecido completamente dessa desculpa.

   — Que bom. – Disse meio desconfiada. Meu Deus. E agora.

   — M-Mãe, vou subir, tentar dormir mais um pouco. –

   — Tudo bem, mas depois vem almoçar. – Assenti e me virei. — A Beatriz, rapidinho. – Voltei a cozinha a encarando. — Tenho duas notícias para lhe dar, a boa e a ruim, qual prefere ouvir primeiro?

   — An, a ruim. – Posso confirmar, que nem sempre a boa é realmente boa.

   — Lembra aquela viagem que eu, seu pai e o Victor fomos? Então, vai acontecer novamente, e novamente os dois adolescentes vão ficar aqui, te fazendo companhia. – Suspirei intrigada.

   — Vou para um hotel.

   — BEATRIZ! A boa, que na verdade são duas, é. Eu saindo, Alexandre vai chegar, ele me ligou e disse que vai passar um tempo aqui em casa, disse que está com saudades de você. – Sorri, pelo menos uma notícia boa essa semana. Alexandre, foi praticamente o único amigo que permaneceu na minha vida, desde aqueles tempos sombrios. — A outra parte, é que, sua tia Margareth está vindo para ficar quatro dias aqui com você, e me disse que possui uma surpresa. – Encarei minha mãe e instantemente meu sorriso desapareceu. Ela não, ela é uma pessoa complicada. Margareth é irmã mais velha da minha mãe. Consequentemente, minha tia. Essa mulher é de alto nível, ou seja, rica, metida, insuportável, egocêntrica, nojenta e tudo de ruim que não lembro no momento. Não a suporto, pois, tudo oque faço está errado ou é coisa chula. Ela me dá nós nervos, ao mesmo tempo que me deprime.

    — Ah, legal. – Forcei um sorriso e respirei fundo. Subi para meu quarto e me joguei a minha cama. “Por queeeeeeee”.

Uma semana depois ...

   Havia acabado de entrar de férias, hoje seria o dia em que meus pais iriam viajar e o Alexandre iria chegar de viagem . Estava largada ao sofá, ansiedade tomava conta do meu corpo, consequentemente, minha perna não parava de mexer nenhum minuto. Ficava fitando o relógio sem parar e quando o mesmo marcou uma determinada hora, peguei um ônibus e fui para o aeroporto. Caminhei até a plataforma de desembarque. Avistei diversas pessoas andando de um lado para o outro com enormes malas. Assim como meu olhar, que se movia rapidamente em todas as direções a procura do garoto. Observei o mesmo há alguns metros de distância e andei um pouco rápido de mais em sua direção pulando em seus braços e lhe dando um grande abraço, enquanto o mesmo me rodopiava no lugar.

     — Quanto tempo, garota! – Sorri, sim faziam anos que não via meu amigo.

     — Eu Também, faz tanto tempo, ein. – Sorri enquanto o mesmo me colocava ao chão.

    — Você cresceu.

    — Sim, estou praticamente do seu tamanho. – Alexandre soltou uma risada sarcástica.

    — Não é para tanto, vai. Falta muito para você sequer chegar ao mesmo tamanho que eu.

  — Não estraga minha felicidade. – Empurrei de leve seu ombro mostrando a língua para o mesmo. Uma garota de olhos castanhos,  cabelos soltos e uma roupa simples, se aproximou do garoto.

    — Bea, quero lhe apresentar a Luna. Ela é minha namorada. – Sorriu. Enquanto eu o encarava super surpresa.

    — Olá. Desculpa pela farra. – Abaixei o olhar sorrindo fraco.

    — Ei, relaxa. – Me retribuiu um sorriso. — É bom finalmente te conhecer. Alexandre falava sempre de você. – Encarei o garoto.

   — Espero que sejam coisas boas, se não você irá apanhar. – Sorriu sarcasticamente me mostrando a língua. Segurei sua orelha.

   — Por que não me avisou que estava namorando??

   — Aí, aí. Queria te fazer uma surpresa.

   — Sei. – Soltei sua orelha me afastando.

   — Oque houve com seu olho? – Desviei o olhar.

   — Um acidente leve de trabalho.

  — Tem certeza? – Assenti. — Tira o curativo então. – Balanceia cabeça negativamente, mas o mesmo tirou lentamente o curativo. — Beatriz! Você se envolveu em briga novamente??

   — Não, Alexandre. Já disse, foi no trabalho.

   — Não vem com essa, sei quando é sinal de soco, mesmo que esteja quando desaparecendo.

  — Alexandre, por favor. Sabemos que ela se meteu em briga, mas você veio passar um tempo com ela, não foi? Não fica dando sermão! – Alexandre encarou a namorada e logo a mim.

   — Você tem razão. Bea, não deixa o seu passado se repetir, okay? – Apenas assenti dando um abraço nele. Cheguei em casa novamente, e minha mãe estava arrumando suas malas, me apoiei a porta.

   — Você realmente irá hoje? – Continuou oque estava fazendo e logo fechou a mala.

   — Vou sim, filha. Grenw e Roberta chegam daqui a pouco. – Me encarou. — Alexandre já chegou?

    — Já sim. – Se direcionou até a porta.

    — Vamos lá?! – Assenti a seguindo. A observei alguns minutos e logo subi para o quarto do meu irmão.

    — Victor, precisa de ajuda?

    — Não, não. A mamãe já arrumou minha mala, só estou pegando alguns brinquedos.

   — Ah sim. – Sorri e ajudei o mesmo. — Ei, toma cuidado, okay? Se precisar de mim, me liga. – Dei um beijo na sua testa.

[....]

   O relógio marcava 18h, meus pais já estavam prontos e suas malas colocadas perto da porta, ouvi um som de carro e logo batida de porta. E novamente, ficaria eu e aqueles dois adolescentes, se não fosse meu amigo também estar aqui. Apresentei formalmente Alexandre a Grenw, mas, confesso que seu olhar para o garoto foi algo como “Estou de olho em você”, e para ser bem sincera, eu nunca tinha visto esse olhar. Diferente de Luna que rapidamente se simpatizou com Roberta e um pouquinho, com o Grenw. Alexandre se jogou ao sofá e ali ficou, conforme o tempo passava, todos começaram a se reunir na sala e assistir a um filme aleatório que passava na televisão, ou melhor, pelo oque pude perceber, era uma saga.

    — Cara, tô morrendo de fome. – Grenw disse a Roberta, um pouco alto , consequentemente, fazendo todos ouvirem.

    — Eu também! – Luna sorriu e encarou Alexandre. — Vamos pedir pizza? – O garoto sorriu assentindo e pegou seu celular discando o número da pizzaria mais próxima. Depois de comer praticamente uma pizza inteira, eu estava super satisfeita. Continuei ao sofá como todo mundo, até o momento que meu estômago começou a fazer barulhos estranhos. Ah não! Era só oque me faltava.

    — Eu acho que você se empolgou na pizza de queijo, dona Beatriz. – Alexandre sorriu e se levantou pegando um remédio. — Toma. Provavelmente vai melhorar. — Assenti para o mesmo, mas mesmo assim, optei por subir para meu quarto e tentar dormir um pouco. Infelizmente, minha tentativa foi falha. Não consegui dormir, então apena fiquei observando o teto enquanto músicas aleatórias eram reproduzidas. Buli estava ao meu lado esquerdo perto a minha cintura todo encolhido.

       Ouvi algo diferente, como se uma pessoa tivesse batido o dedo numa quina e tirei um fone observando a porta. A maçaneta se virou levemente mas não abriu, pois é óbvio, estava trancada. Suspirei , eu não ia levantar, não ia mesmo.

    — Oque é? Quem é?

    — Abre aí, garota. – Essa voz, por que ele estava na porta do meu quarto?!

    — Oque você quer Grenw?

    — Geral dormiu lá, e eu estou entediado.

    — E eu com isso?

    — Você está acordada. E outra, preciso de cobertores para geral ali. – Suspirei irritada. Me levantei deixando meus fones de lado e abrindo a porta, o lancei um olhar mal humorado e sai andando em direção a um dos quartos. Jogamos cobertores sobre as três pessoas que dormiam pesadamente na sala, enquanto Grenw foi em direção ao “seu” quarto, eu resolvi observar um pouco as estrelas.

       O corredor do segundo andar terminava ao fundo do terreno com uma daquelas janelas antigas, que ficava virada paralela a rua. Possuía uma visão de todo lado esquerdo da casa, essa janela dava acesso ao telhado, que não era tão inclinado como de costume. Nesse pequeno lugar, havia pouca iluminação, ou seja, perfeito para observar o céu noturno e as belíssimas estrelas e constelações. Mas, minha mãe, sempre pega no meu pé, diz que esse lugar é bem perigoso. Eu entendo, mas mesmo assim, sempre estou ali, na calada da noite. Comecei a observar as estrelas com os joelhos encolhidos, uma sensação de insuficiência se apoderava de mim.

   Fechei os olhos e tentei escutar alguma coisa que estaria longe. Consegui sim, ouvir uma respiração, uma respiração pesada, e estava... Bem ao meu lado? Abri os olhos olhando ao lado e vendo o garoto ali, observando a sua frente, sentado na mesma posição na qual eu estava. Levantei uma sobrancelha em dúvida, e logo, nosso olhares se encontraram.

    — Está bem frio aqui, ein. – Sorriu para mim e voltou a observar a sua frente.

    — Oque faz aqui? — O observei dar de ombros.

   — Te vi aqui, e resolvi ver oque você estava fazendo.

   — Sério? Não devia. – Voltei meu olhar a frente.

   — Por que ?

   — Esse lugar é perigoso.

   — E por que você está aqui, então? – O encarei novamente, esse garoto não desiste.

  — Por que.. por que... – Suspirei. — Por que hoje tem chuva de meteoros.

   — Oque? E desde quando você se interessa por essas coisas?

    — Desde, faz tempo.

   — Legal, não sabia disso.

   — Você não sabe muita coisa sobre mim, garoto. – Observei o céu exatamente quando uma estrela cadente cruzou o céu. 

   — Faça um pedido. – O encarei levantando uma sobrancelha. — Um pedido, uma estrela cadente, nunca ouviu falar nisso?

   — Já, mas não acredito nisso. Acho sem fundamento você fazer um pedido a uma estrela que você nem tem certeza se está viva ou não.

   — Você é deprimente, sabia?! Se você não acredita, não desanima quem acredita. – O mesmo Suspirou e continuo fitando o céu. Eu sei, mas oque eu disse é a verdade.  Obtinha uma visão perfeitamente perfeita da silhueta das casas e árvores da cidade ao longe. A cima das casas, pairava um céu aberto com milhares de pontos brilhantes distribuídos irregularmente por todo véu. — Você vem aqui por algum motivo especial ou apenas para observar estrelas? – O encarei surpresa pela pergunta repentina e logo desviei o olhar.

   — Observar estrelas. – Isso não estava errado, era ¼ do por que.

   — Beatriz.

  — Okay, talvez algum outro motivo... – Seu olhar pairava sobre mim.

  — Tipo?

   — Me isolar do mundo e descobrir constelações.

  — Entendo. As vezes precisamos nos excluir para colocar os pensamentos em seus devidos lugares. Mas, por que exatamente você quis se excluir do mundo justo hoje? Não gostou da pizza e dos filmes?

    — Não, não é isso. Eu só não sei, estou com alguns pensamentos estranhos. – O encarei e me calei. Merda, eu falei de mais.

   — Entendo. Se quiser conversar, estou aqui.

   — Okay, obrigada. – Continuei observando o céu e senti uma brisa gelada, me encolhi mais um pouco abraçando minhas pernas. Senti algo quente ser colocado sobre minhas costas e observei o garoto. Uma jaqueta.

   — Você parece estar com frio. Pode ficar. – Assenti colocando a mesma e continuei ali. Senti sua mão segurar meu pulso e apontar para o céu, seus olhos se animaram e ele sorriu. — A chuva de meteoros. – Alternava seu olhar animado entre mim e o céu, enquanto dizia coisas com empolgação. Acabei observando um pouco o céu, e logo mudei meu olhar para o garoto. Seu perfil era diferente quando falava sobre coisas astronômicas, o cabelo meio bagunçado mas ainda assim arrumado. Um sorriso sincero brotava de seus lábios enquanto observava o céu com uma tremenda admiração. Nem parecia a mesma pessoa da escola.

      Já do lado de dentro fechei a janela novamente, e comecei a andar pelo corredor até meu quarto, Grenw estava ao meu lado andando. Alexandre entrou ao corredor e soltou uma risada quando nos viu um ao lado do outro. Passou por mim me lançando uma piscadela e voltou para a sala. Parei por alguns segundos e observei suas costas. Oque foi isso?

   






   

 

 

     
    
   
    
   
   

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