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Haviam se passado vários dias, para simplificar, passou cerca de duas semanas que tudo aquilo aconteceu. Beatriz foi sequestrada, machucada e internada. Eu tentei falar com ela, algumas vezes, mas todas as vezes que me dirigia a sua casa, ela não estava. Quando ligava, recebia a mensagem Número programado para não receber ligações. E quando mandava mensagem, era a mesma coisa. Isso me preocupava. Eu queria explicar a ela, que o que eu fiz foi idiota da minha parte. Eu só queria uma chance de me explicar.

  Olhava freneticamente pela janela a fora. As nuvens escuras cobriam a luz solar e preparavam para deixar cair água. Permaneci deitado a minha cama, imóvel. Faltava algo, algo realmente estava errado. E eu sabia, claro, o que era. Me sentei a cama quando lembrei de um fato importante. Me levantei indo até minha escrivaninha e puxando uma das gavetas pegando um pedaço de papel. Lembro de ter visto Alexandre trabalhando em uma sorveteria aqui perto. E lembro também de ter anotado o endereço. Olhei o papel que continha o endereço e fechei a gaveta.

- E lá vamos nós. - Coloquei uma jaqueta e um tênis, e desci rapidamente as escadas. Maria estava a janela limpando o vidro com um pano branco. A observei atentamente. - Maria, vou sair. Qualquer coisa, você me liga, tudo bem? - Ela apenas balançou a cabeça positivamente e sorriu. Sai pela porta e andei em direção a garagem, mas nenhum dos dois carros estavam lá.  - Merda. - Bati o pé contra o chão um pouco forte demais. Opção dois, ônibus.

Peguei um ônibus que não demorou muito para chegar. Me sentei a um dos bancos da frente e comecei a observar o lado de fora pelo vidro. Fui deixado a um ponto de ônibus exatamente na frente da sorveteria. Andei até o local.

  Me sentei a uma mesa mais ao fundo. Um rapaz de avental pairou ao meu lado. Seus olhos estavam em chamas, e sua expressão era fria. Eu não julgo, eu entendo ou não, o que ele está sentindo.

- O que vai querer? - Seu tom de voz era sério.

- Oi, Alexandre.

- O que vai querer? - Soltou um Suspiro. Seu tom era ainda mais autoritário que a pergunta anterior.

- Uma taça de chocolate, por favor. - Sem responder se virou e começou a andar em direção a bancada. Não demorou dez minutos para voltar com a taça e colocar a minha frente. - Alexandre. - Ele parou, ainda de costas e apertou firmemente a bandeja.

- O que você quer? - Quando citou a palavra "Você" foi algo como "Você, seu idiota, babaca. O que VOCÊ QUER?"

- Quero saber sobre a Beatriz. - Seus olhos se viraram para mim. Uma expressão de deboche com raiva permanecia ao seu rosto.

- Agora, Grenw? Depois de duas semanas. Não.

- Alexandre, por favor. - Ele se virou e começou a andar até a bancada. - Alexandre. Só uma chance. - Eu não sei ao certo como isso soou, mas todas as pessoas ali presentes se viraram para nós com uma expressão incrédula. O rapaz apertou o passo em minha direção ainda mais irritado.

- Cale-se. Não diga coisas com duplo sentido. - Eu Suspirei levando as mãos ao cabelo.

- Desculpe. Mas, eu realmente preciso ver ela, falar com ela. Por favor. - Alexandre respirou fundo e deslizou suas mãos pelo bandeja a trazendo a frente sa barriga.

- Por que eu deveria te deixar ver, ou te dar alguma informação? Você apenas a ignorou por duas semanas.

- Não, isso não é verdade. Eu tentei falar com ela.

- A jura? Por que pelo o que eu percebi, vocês não estão se falando.

- Eu tentei. Muitas vezes, eu juro, mas todas as vezes que eu ligava, mandava mensagem ou ia até a casa dela, ela não estava. - Alexandre cruzou os braços segurando a bandeja rente ao corpo.

Diferente do meu Passado? ( A Rockeira e o Playboy).Where stories live. Discover now