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    Passava lentamente o Gilete pela sua bochecha descendo em direção ao queixo com todo o cuidado possível, percebia seu olhar sobre mim, gostaria de saber o que passava pela sua cabeça nesse exato momento, mas como sei que não conseguiria lhe perguntar isso atualmente, fiquei quieta, apenas terminando o que estava fazendo.

     Havia terminado, me afastei do mesmo sentando em meus joelhos e apoiando minhas mãos nas pernas enquanto o encarava com um sorriso fraco. Grenw com todo cuidado se levantou indo em direção ao espelho do banheiro e encarando seu reflexo, passou sua mão pelo queixo subindo pela bochecha.
   
  - É, realmente ficou bom. - Ele sorriu e me observou através do espelho.

- Eu disse, garoto. - Coloquei o gilete ao chão, ao lado do vidro de espuma para barbear.

- Você disse que cortou a pele da bochecha do seu amigo, e isso me deixou com muito medo. Na real. - Ele fez uma cara de medo e sorriu logo em seguida.

- Foi só um pouco, besta. - Soltei uma risada ainda sentada ao chão. Quando olhei em sua direção ele estava me observando através do espelho. Desviou o olhar passando a mão pelos cabelos, e logo voltou a me observar.

- Sabe... Eu senti muito a sua falta. Principalmente do seu sorriso. - Meus olhos estalaram e desviei o olhar passando minha mão pelo braço, em gesto de vergonha. - Desculpa por tudo. Quando eu cai na real, depois de uns dois meses, eu percebi que realmente estava errado. É só que, eu achava que ela tinha mudado, tinha se tornado uma pessoa melhor.

- Eu sei, Grenw. Temos esperança de que todos mudem com os erros, mas infelizmente, isso não funciona com todo mundo.

- Sim. - Ele suspirou novamente se virando para mim.

- A verdade, é que eu também peço desculpas. Deixei minha raiva dominar, ou meu ciúmes, não sei bem, mas... Eu fui covarde, essa é a verdade. Tive medo. - Abaixei o olhar suspirando e senti sua mão sobre a minha.

- Não se preocupe. Somos humanos, não? - Ele soltou uma risada fraca.

- Somos. - Retribui com um sorriso curto.

- Na verdade, você talvez não, ein. Está mais para um pequeno Smurf. - Revirei os olhos dando um soco de leve ao seu braço.

- Besta. - Soltei uma risada enquanto ele reclamava de dor. - Mas, o que aconteceu com você esses meses. Você emagreceu tanto...

- Muita coisa. Minha namorada me deu um fora sinistro. - Desviei o olhar. - Meu pai e minha madrasta se separaram e tive que correr com os papéis, e ajudar meu pai. Minha mãe reencontrou meu pai, e digamos que eles estão até que se dando bem novamente, e isso me assusta, por que são totalmente opostos. - Levantei uma sobrancelha. - Eu sei, eu sei. - Ele soltou uma risada. - Meu chefe me subiu de cargo, consequentemente tenho muito mais obrigações, então. É, isso é uma das coisas. - Ele suspirou.

- Sinto muito... - O encarei e coloquei a mão sobre a sua. Ele sorriu brevemente.

- Obrigado, eu acho. - Ele sorriu e colocou uma mão na minha bochecha, o que me fez virar uma estátua, arrancando uma risada dele. - Você continua a mesma garota fofa que conheci. Se faz de durona, mas é tão fofa. - Sorri envergonhada olhando para ele.

- Bobo. -  Ele me puxou para um abraço caloroso. Um abraço bem apertado.

- Senti sua falta... - Sussurrou e suspirou. - Vem, vamos comer algo. - Ele se afastou lentamente e andou para fora do banheiro. Peguei o vidro de espuma que estava ao chão e guardei ao lugar certo. Eu também senti sua falta, muito  - Quer assistir algo em especial? - Entrei ao quarto enquanto ele permanecia parado de frente para a televisão.

- Não, o que você colocar, por mim tudo bem. - Ele apenas acenou positivamente e continuou mudando de canal.

- Olha, tem desenho, pode ser?

- Claro. - Peguei um pacote de salgadinhos e me sentei a cama. Não demorou muito para ele se sentar ao meu lado enquanto devorava o pacote. - Estou com sono. - Me deitei a cama depois de um banho e fechei os olhos. Um tempo depois senti sua mão em minha bochecha e quando abri os olhos, ele estava me observando.

- Você é tão linda. - Corei e coloquei a mão sobre o rosto. - Ah, para. - Grenw soltou uma risada começando um cafuné em mim, o que me fez ter ainda mais sono.

- Assim eu vou acabar dormindo. - Soltei uma risada.

- Tudo bem, desde que eu possa te abraçar. - Olhei novamente para ele e me aconcheguei em seu peito, senti suas mãos se apoiarem nas minhas costas enquanto ele me puxava mais para ele.

- A verdade é que eu também senti sua falta, e muito. - Suspirei. - Desculpe, eu também fiz errado, e...

- Xiu, Xiu, Xiu. É passado, Bea. Deixa para lá, não faz mal. Vamos focar no agora, tá bem? - Ele sorriu e apenas acenei.

- Obrigada. - Isso soou mais como um sussurro. Fechei os olhos sentindo seu cheiro, e acabei pegando ao sono.

    
 
    

   
   
   
     
       

     

  

  

Diferente do meu Passado? ( A Rockeira e o Playboy).Where stories live. Discover now