#45

280 15 8
                                    

  Depois de supostamente desabafar com a minha sogra, André me trouxe de volta a casa, a chuva ainda caia forte do lado de fora do carro, André se virou para mim, me observando atentamente.
 
   - Bea, tudo bem?

- Sim, eu só preciso de uns dias sozinha para colocar meus pensamentos no lugar. - Suspirei, e ele sorriu fraco.

- Se precisar de qualquer coisa, me liga. Okay?

- Okay, obrigada, André. - Abri a porta lentamente. - Tchau. - Corri em direção ao prédio a minha frente e peguei o elevador subindo para o meu apartamento. Abri a porta, a fechando em seguida. Buli correu até mim pulando ao meu colo e me derrubando ao chão. O cachorro a minha frente latia animado enquanto tentava lamber meu rosto. - Não, buli, não. - Sorri e acariciei o topo da sua cabeça. - Já estou aqui, calma.

   Depois de um banho quente me sentei ao sofá, estava sem fome, pelo contrário, estava enjoada, então não cheguei perto da cozinha.

Deixei uma música soar pelo apartamento enquanto me deitava ao sofá, levei minhas mãos a cabeça do buli que estava ao chão, bem ao meu lado e comecei a acariciar.

Eu estava triste, admito, mas não era como se eu fosse morrer, ou algo assim. Isso iria passar, iria doer, muito, mas vai passar. Senti algo quente escorrer pelo minha bochecha e levei a mão aos olhos, eu estava chorando sem nem perceber.

Não demorou muito para minha campainha soar, eram cerca de 20:30h da noite, e alguém queria me visitar. Sério?

Reuni forças para me levantar e andei em direção a porta lentamente a abrindo. Alexandre estava parado a porta com uma sacola a mão. Seus olhos estavam sérios, mas conhecendo ele, eu sabia que haviam uma pontada de tristeza. Seus braços me rodearam me puxando para um abraço forte. O abracei de volta e deixei as lágrimas saírem.

- Calma, Be. Calma. - Funguei algumas vezes e me afastei um tempo depois. - Tudo bem? - Afirmei com a cabeça e fechei a porta andando até a bancada da cozinha. Ele começou a tirar algumas guloseimas da sacola enquanto eu permanecia sentada a um banco, na bancada.  - Quer me dizer exatamente o que aconteceu?

- Eu... Eu terminei com o Grenw. - Abaixei o olhar.

- Por que?

- Lembra da Kelly? - Alexandre parou por alguns segundos olhando a sacola e me observou.

- Aquela garota que quase matou o Diego? - Afirmei. - O que tem ela?

- Ela está nessa cidade agora... E, para minha sorte, ela e o Grenw são amigos. - Suspirei. - E, meio que ele não acreditou quando eu disse que ela não é boa companhia.

- Bom, ela pode ter mudado. Você sabe, as pessoas mudam.

- Eu sei, mas Alexandre, eu sinto que não mudou. - Ele sorriu fraco.

- Você falou com ela? - balancei a cabeça negando. - Então, você não sabe se ela mudou ou não. E em qualquer caso, vocês deveriam conversar sobre isso.

- Eu e Grenw? Eu tentei, Ale. Mas, ele me disse que eu sou paranóica, e estou morrendo de ciúmes. E, eu perdi a paciência que eu nem sabia que eu tinha.

- Aí você terminou?

- Sim. - Suspirei.

- Olha, Bea. Não posso dizer que você está errada, ou que ele está errado. A verdade, é que ambos estão errados. Em primeiro lugar, ele deveria ter ouvido você, e ter entendido o que você queria dizer. Em segundo, você deveria explicar para ele, e não ter deixado o calor do momento te dominar e terminar com ele. Relacionamento é confiança e conversa. Ambos precisam confiar um no outro, e tentar entender o parceiro.

- Eu sei, mas... O que eu iria fazer, ele simplesmente me disse que sou ciumenta...

- E não é?

- Não? - Ergueu uma sobrancelha com um ar sarcástico.

- Não? - Continuou com aquela expressão.

- Talvez um pouco...

- Talvez? - Ele soltou uma risada.

- Okay, eu sou, mas nesse caso, eu só quero proteger ele.

- Eu sei, Bea. Eu sei. - Segurou um pãozinho recheado as mãos e levou a boca.

- Como soube que eu não estava legal?

- Luna. - Disse com a boca cheia, e suja de açúcar de confeiteiro. - Ela me ligou na hora do almoço. Disse que viu você saindo a pé do trabalho na chuva, depois encontrou o Grenw, e se afastou dele. Ela disse "Ale, eu acho que Grenw e Bea brigaram, por que ela saiu do carro dele, e parecia brava." E cá estou. - Sorriu me observando e oferecendo o pacote de Donuts. - E, não sei se você sabe, mas ela trabalha aqui perto, então.

- Então, quer dizer que vocês estão me sondando?

- Não exatamente, só foi coincidência. - O olhei pegando uma donuts e levando a boca.

- Aram, sei.
     

   André narrando:

Na real, ver a Beatriz chorando, foi algo surpreendente, logo ela que sempre se fazia de durona, e raramente demonstrava o que estava sentindo. Chorando por causa de um garoto, sentindo dor, a dor do amor, que te mantém vivo ao mesmo tempo que te mata lentamente. Eu me surpreendi.

Foi algo estranho para mim também descobrir que minha tia, na verdade é a mãe do Grenw, mas independente disso, ela continua sendo minha tia, não de sangue, mas de consideração. Ela foi a única que teve paciência em me ensinar coisas, já que meu pai havia me deixado e minha mãe virava o dia/noite trabalhando para nos sustentar. 

E foi surpreendente também ver aa expressão de minha tia, por que ela nunca havia conhecido a Beatriz, algo que faz sentido já que ele reencontrou ela recentemente, e tudo por causa da Beatriz. Minha tia tinha razão, ele mudou bastante quando conheceu essa garota. 

Parei o carro a frente de uma lanchonete, e quando finalmente fui abrir a porta, Grenw entrou a mesma. Ele usava uma calça preta e uma jaqueta vermelha. Abri a porta do carro bruscamente e apertei o controle do alarme. Abri a porta lentamente da lanchonete olhando em volta, a procura do garoto de jaqueta vermelha.  Ele estava a fila de pedidos, provavelmente esperando a sua vez.  Me espreitei atrás de um senhor de idade e olhei a minha frente, Grenw estava logo a frente. Não seria sensato da minha parte pegar ele pelo colarinho e lhe dar uns petelecos, mas era uma opção. 

Grenw desviou de varias pessoas e passou por mim, por breves momentos nossos olhos se encontraram e eu franzi o cenho, ele provavelmente entendeu o recado, por que ele abaixou o olhar e o desviou. Fiz meu pedido e sai da lanchonete indo para casa.  

- Mãe, cheguei. E trouxe comida. - Andei até o balcão da cozinha colocando a sacola sobre ele.

- Filho, oi. - Minha mãe saiu de um dos quartos com um olhar cansado. Ela usava uma camisola que caia até seus joelhos, por baixo usava uma calça branca. Sorriu novamente e andou até mim. - Você chegou tarde hoje filho.

- Desculpe, mãe. Fui ajudar uma amiga. E você, está bem? Não vai trabalhar hoje?

- Não, melissa disse para trocarmos de turno, o hospital estava vazio, então uma apenas dava conta.  - Tirei as comidas das sacolas.

 - Que bom, mãe. Aproveita e descansa bastante, okay? - Ela sorriu afirmando com a cabeça.  - Vem comer, eu comprei seu lanche favorito, aquele daquela lanchonete na saída da cidade. 

- Obrigada, filho. Eu estava vendo as suas fotografias, ficaram incríveis. Parabéns. - Sorri entregando a ela o lanche em um prato. - A faculdade começa quando?

- Daqui dois meses. - Ela assentiu e se sentou a mesa para comer, me juntei a ela. Terminei de comer, e fomos assistir um filme. 

Diferente do meu Passado? ( A Rockeira e o Playboy).Where stories live. Discover now