Dois

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--Você tá louca Miranda? - perguntou Ramone cobrindo seu amiguinho.

Apontei para ele e depois para aquilo que estava a choramingar no canto do quarto, mordi meus lábios diante à decepção pelo que minha irmã fez, o sangue de meu sangue.

Não sei porque fiquei surpresa, afinal, já fui traída pela minha própria "mãe". Só não esperava que Amanda fosse capaz de fazer isso comigo... sinceramente preferiria ter sido traída com a puta da minha vizinha que vivia se insinuando ao Ramone do que ela...

Aquele familiar caroço na garganta começar a se formar indicando que longas horas de choro com soluços incontroláveis estavam por vim, e piorava cada vez mais, em uma fútil tentativa de manter minhas emoções ao controle olhei para Ramone.
Ha todo o momento sentindo meu coração sangrar, não suportava olhá-la e vê-la com seus cabelos mel uma bagunça total de quem acabou de foder. Olhar tornava esse pesadelo mais real e insuportável.

Suprimir a tristeza e mágoa, para uma calma fria, controlei minha respiração e com nervos de aço, lembrei o que meu pai sempre dizia.

"Nunca perca o foco, controle seu corpo e emoções"

É foi isso o que fiz, sem mãos trêmulas aponto novamente aquela pequena, porém mortal arma para meu "ex-noivo", os anos de treinamento na pequena fazenda da tia Zélia me veio em mente, tanto de tiro ao alvo e o básico de defesa corporal que Ricardo Teixeira sargento das forças armadas do primeiro batalhão ensinou para que sua pequena filha soubesse se defender quando necessário, imediatamente segurei a arma para que o coice não machucasse, e esvaziei a mente.

Pensar ou sentir eram coisas para depois, apontei para as coisas dele com um movimento de cabeça, e com a voz baixa disse.

--Vocês dois pegam suas coisas e saiam da minha casa.

--Sua casa? - perguntou Ramone com cinismo, mas assim que viu que tirei a trava de segurança engoliu em seco e disse com certo medo. - Querida abaixe isso, vamos conversar. Não haja de cabeça quente.
Sua voz estava suave como se quisesse acalmar uma fera selvagem.

Mal sabe ele que essa fera é indomável.

--Em menos de trinta minuto eu quero que você seu bosta e essa. - Não encontrando algo para nomeá-la, falo a primeira palavra que veio em mente. -  Coisa saiam da minha casa.

--Miranda. -- minha irmã mais nova disse baixinho.

Senti meu corpo ficar rígido, a voz suave dela ao invés de causar aquele sentimento que trazia meu lado de irmã protetora não existia mais. Olhei para ela e o que quer que tenha visto em minha expressão trouxe mais lágrimas à ela que chorava copiosamente, minha irmãzinha aquela por quem eu me sacrifiquei tanto para ter tudo o que queria quando nossa mãe nós abandonou quando éramos crianças, aquela menina por quem eu deixava de ter o que queria para que nosso pai entregasse a ela, aquela que me fez desde pequena assumir um papel de "mãe", morreu ali naquele instante. Eu não a matei, Amanda não precisou que eu atirasse uma bala no meio da testa para morrer, só precisou transar com meu noivo, um sorriso amargo repuxa meus lábios.

Ex-noivo agora, não me casaria com aquele homem nem por todo o dinheiro do mundo, enquanto via aqueles olhos cinza que mostravam um arrependimento e culpa pelo que fez, não abalaram em nada meu coração. Antes, eu já não sentia amor por ele somente uma paixão que me satisfazia na cama, o corpo é rostinho colaboram grande parte para isso. Afinal imaginação é tudo.

Agora nem isso seria capaz de apagar o que ocorreu ali, Ramone deu um jeitinho para acabar com qualquer sentimento que já cheguei a ter por ele, me imaginar ser tocada por ele, mexia com meu estômago de uma forma nada boa.

--Estão esperando o que para sumirem da minha frente? - perguntei secamente.

--Miranda amor, eu....olhe você não pode me culpar! A culpa é totalmente sua por isso ter acontecido!-- disse Ramone vestindo a calça.

--Minha?.- perguntei arqueando a sobrancelha.--Como exatamente a culpa é minha? Eu forcei você à por seu pinto pequeno na minha irmã?.-- desdenho

--Querida foram seis semanas! Seis semanas ! O que queria que eu fizesse?

Amanda olhou chocada para Ramone, e se toda aquela situação não fosse bizarra eu riria até doer a boca do estômago, como este imbecil podia ser tão cínico?

-NÃO TRESPASSE COM A PORRA DA MINHA IRMÃ!.

--Miranda...

--Chega.-- rosnei e olhei para Amanda que tinha o cenho franzindo em repulsa ao ver que meu "ex noivo" agia como se ela fosse a total culpada por aquilo, não impedi o sorriso sarcástico ao dizer.-- Veja bem Amanda esse é o cretino por quem abriu suas pernas; para ele não passou por um tapa buraco.

Amanda olhou para mim seus olhos verdes claros marejados, as bochechas coradas pela vergonha, e algo bem lá no fundo do meu coração se entristeceu pela dor que vi lá, um desejo passageiro de abraça-la e murmura palavras suaves dizendo que tudo ficará bem passou tão rápido quanto veio, antes que aquela muralha de pedras que construir em meu coração caísse, antes que eu perdesse o juízo disse pela última vez.

--Quando eu retornar, não quero vê-los.
Ao sair daquela casa, entrar no carro pisar no acelerador, e atropelar o gnomo de jardim do vizinho, o único refúgio em que pensei no momento, foi à pessoa em que contava para os bons e maus momentos.
Minha melhor amiga Andréia.
.....

MEU CHEFE DEVASSO ( Em Revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora