Dez

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Marlon Wenecker

--São onze e cinquenta e cinco...

Miranda disse antes de voltar a checar novamente seus papéis, ela agia normalmente, sem perceber que eu, um homem formado e crescido quase cai no chão como um garotinho assombrado, e se não fosse a parede de aço fria contra as minhas costas, isso teria acontecido.

Eu não sabia exatamente o que estava sentindo, por um breve segundo achei que aquela mulher a minha frente fosse fruto de minha imaginação traiçoeira, que por consequência de minha ansiedade em vê-la logo, ela foi projetada e ali estava na minha frente em minha empresa....

Quase cheguei a acreditar nisso, e teria até mesmo coagido a pensar que era um sonho, e que ainda estava naquela cama enorme de solitário apartamento, após finalmente ter calado as preocupações sobre meu pai, e dormindo as três da manhã.....

Talvez ainda eu esteja dormindo, pensei, mas logo afastei esse pensamento quando Brad pisou em meu pé sem conter a força, na mesma hora o tirei  resmungando e lançando-lhe um olhar mortal.

Definitivamente eu não estava sonhando, nem em mil anos eu gostaria de ter um sonho vivido com ele, e se fosse  mesmo um. O faria sumir para ficar a sós com meu anjo.

Brad claramente divertido discretamente fingiu fechar a boca e depois apontou para mim.

Foi aí que me dei conta, eu estava com a boca aberta, a fechei a contra gosto, e voltei a olhar para meu anjo,e só então percebi que um par de olhos azuis nos fitava com uma curiosidade respeitosa.

Não deu de me sentir pego em flagrante, pois nesse exato momento Miranda estava com sua atenção voltada para mim. Cheguei a sentir meu coração errar uma batida, talvez por aquele inesperado momento.

Ou por ainda estar abalado pelo repentino encontro imprevisto.

Mas quando ela desceu seus olhos para minha boca e voltou aquele hipnótico contato visual, e suas sobrancelha se ergueram como se ela estivesse refletindo sobre algo, me peguei me perguntando.

Ela se lembrou de mim? Sabe o que fizemos? Ou ao menos sabe que fui eu que a levou a loucura naquela suíte ? Estaria meu anjo se lembrando que agora era minha esposa?

Não sei como reagiria se a resposta fosse sim, mas controlei minhas emoções e minha postura, pronto para o que viria.

Talvez um jantar, em um restaurante para por o papo em dia....

--Ee...-- começou ela hesitante me tirando de meus devaneios, ela ainda me encarava com uma sobrancelha arqueada, as folhas na pasta ja esquecidas em suas mãos delicadas.--Perdoe-me a indelicadeza...

Ela sabe, ela... lembra de mim!

--Pois não?.--perguntei exibindo o meu melhor sorriso sedutor para não deixa-lá sem jeito.

Mais ao invés de parecer um pouco aliviada, por pelo menos saber que eu estava ciente dessa estranha situação, Miranda desviou brevemente seus olhos, por um segundo antes de voltarem a me encarar e parecendo constrangida.

CONSTRANGIDA!!!

Ela disse apontando para a própria boca e murmurou.

--Você está com um pedaço de alface no dente.

Que??.

O som de um riso contido nos fez encarar Brad que estava com os braços cruzados e mordendo os lábios para não rir, seus ombros tremiam tamanha era sua diversão.

Rapidamente olhei para o espelho do elevador verificando minha boca, e lá na frente, logo na parte mais visível de minha boca um enorme pedaço de alface do meu almoço parecia  dizer "Oii" para qualquer um.

MEU CHEFE DEVASSO ( Em Revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora