Prólogo: o Limbo.

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NAS MÃOS DO DIABO

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NAS MÃOS DO DIABO

PRÓLOGO

O Limbo

É lançado da luz para as trevas,

é banido do mundo.

Jó, 18:18.

A peça se moveu lentamente, sob os olhos de todos, manuseada pelas mãos calejadas do oponente concentrado. O atrito com o tabuleiro arranhou o ar e retumbou no quarto como uma pequena agulha raspando em uma mesa de vidro. O adversário estava suando e temia o pior, não por apenas perder o jogo, mas por ter que pagar o preço de sua perda. Assim que a peça parou no quadrado escolhido, o oponente concentrado juntou as mãos ao queixo e esperou pela reação do adversário. Finalmente, depois de várias e várias partidas empatadas, teria sua vitória e seu prêmio final.

Ele teria o seu Reino.

— Eu não acredito que você vai ganhar — o adversário temeroso soou ainda mais nervoso. — Não acredito...

— O que foi, Jimin? — Hoseok perguntou com um sorriso ladino, encostando-se despojado contra a cadeira, de pernas abertas e braços cruzados, carregando um semblante desafiador. — Está com medo de perder seu quarto por uma noite?

— Eu vou ter que ir dormir na garagem — Jimin fez uma careta, resmungando. — E parece que vai chover, então não estou gostando muito da ideia...

— Qual é... — Hoseok riu, encarando o tabuleiro por segundos antes de fitar o amigo. É, o jogo estava ganho. — Esse quarto sempre foi seu reino, sua fortaleza! — Argumentou abrindo os braços, apontando para os arredores do quarto do amigo. — Você praticamente mora aqui e nunca sai.

— Você conhece minha mãe... — Jimin murmurou brincando com as mãos. — Sabe que ela não gosta quando vou lá para fora.

Um raio iluminou o cômodo ao atravessar a cortina da janela do quarto, destacando as sombras dos garotos simultaneamente. A de Jimin estava normal, contudo, a de Hoseok era estranha e deformada, como se não existisse um corpo firme para segurá-la no lugar. Jimin não a percebeu, todavia.

— Mas hoje você vai — disse Hoseok, apontando para o rei do amigo, cercado por sua rainha e um cavalo. — Não se preocupe, vai ser divertido.

— Eu não sei bem...

— Vai ser — Hoseok o cortou de vez, dando duas batidas com o indicador no tabuleiro, em um pedido implícito para que o jogo continuasse.

E Jimin perdeu.

No mais tardar, após abdicar do conforto de sua cama e seu quarto para a frieza da garagem rudimentar, Jimin arrastou sua coberta pelo chão limpo até uma pequena cama no canto extremo do lugar, com uma pequena lanterna iluminando seu caminho

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No mais tardar, após abdicar do conforto de sua cama e seu quarto para a frieza da garagem rudimentar, Jimin arrastou sua coberta pelo chão limpo até uma pequena cama no canto extremo do lugar, com uma pequena lanterna iluminando seu caminho. Deitou-se com pesar, se enrolando da cabeça aos pés até estar totalmente coberto, então apontou a lanterna acesa para o teto que o cobertor fazia, brincando de fazer círculos de luz enquanto o sono não vinha.

Apostar meu quarto com Hoseok foi um erro, pensou, mas o amanhecer não tardará a chegar.

E ele estava certo, pois o relógio havia acabado de marcar 3h00min da manhã.

Pensou ter escutado o barulho de passos se aproximando e ganhando acústica, levantou a coberta e iluminou o único corredor que dava acesso à garagem, não havia ninguém. Escutou o barulho de um zumbido vindo próximo ao pequeno Celta de seu pai e o iluminou também, mas não havia nada ali. Em seguida, escutou o som de algo se arrastando em meio a barulhos desconexos, como se a coisa não possuísse uma garganta, muito menos cordas vocais para falar, mas não havia nada além de brinquedos antigos, peças enferrujadas de carro e caixas cheias de papéis e outras coisas velhas de antigas mudanças. Haviam se mudado mais do que podia contar. No fim, escondeu-se debaixo da coberta novamente, assustado e sem fôlego.

Eu quero meu quarto! Eu quero meu quarto! Ele pensava enjoado.

Pensou que, o que quer que fosse, poderia voltar novamente e fechou os olhos com força, contando até seiscentos e sessenta e seis, precisamente, até conseguir dormir. A coisa não voltou, todavia, e, ao amanhecer, ele suspirou aliviado por isso. Entretanto, nada poderia afirmar que alguma coisa não havia o visitado naquela noite chuvosa do dia 29 de outubro de 2018.

Talvez aquela visita havia sido um presságio para algo muito maior e pior do que o garoto, sequer, chegaria a imaginar. Talvez fosse apenas um delírio derivado do medo de estar fora de seu ambiente de conforto pela primeira vez na vida, ou talvez, somente talvez, a coisa que havia tentando avisá-lo, porém, não conseguido, estivesse querendo avisá-lo que algo muito ruim iria acontecer na noite seguinte.

Como aconteceu.

Na noite do dia 29 de outubro de 2018, após participar de um intenso encontro com forças desconhecidas nos fundos de sua Igreja, caiu em um buraco profundo, por tanto tempo que jurou estar em uma queda infinita. Talvez tivesse se sentido como Alice enquanto a queda não acabava, jurando ver coisas como rostos, espelhos, cartas e pinturas de anjos e demônios. Quando, finalmente, chegou ao chão, em meio a uma escuridão sem fim, cinco quadros surgiram diante dele, emergindo da penumbra como se estivessem sendo convocados.

O primeiro quadro trouxe sua imagem com um semblante tristonho; o segundo, alegre; o terceiro, imparcial; o quarto, eufórico; o quinto... Jimin suspirou, ...O quinto parecia furioso!

Idênticos a ele.

Assustado, recuou dois passos para trás e gritou ao cair em um buraco antes não visto. Tal queda não demorou muito, pois logo chegou ao fim. Um fim que tinha sentido e direção: o de uma fila.

Havia caído em uma fila no Inferno.

Havia caído em uma fila no Inferno

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Sejam mal-vindos ao mundo de Nas Mãos do Diabo! Espero que gostem!

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Nas Mãos do Diabo [1] O MaestroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora