|01| Veja através de outros olhos

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Antes que Jungkook entrasse, pulei para fora do espelho e fitei meu reflexo, observando com deleite quando meus cabelos adquiriram o mesmo tom de loiro monótono e minhas roupas negras foram substituídas pelos trapos que vestia anteriormente, ordenando que Morfus sumisse com todos os espelhos.

— Aqui estão suas cartas, meu Senhor... — reverenciou-me, entregando-me as seis cartas mais importantes de meu baralho e depois escondeu-se na escuridão.

Com calma, andei em direção a porta e abri-a antes que ele o fizesse, observando com uma animação contida seu olhar vermelho de surpresa em minha direção. Tinha o nó da gravata desatado junto dos primeiros dois botões de sua camisa social branca desfeitos. Os cabelos estavam desarrumados e parecia que havia passado por algum desentendimento em sua conversa.

Cerrei os olhos por segundos... Lúcifer estava frustrado com alguma coisa?

Interessante.

— O que está fazendo aqui, Jimin? — sua voz estava mais rouca do que eu era capaz de lembrar.

Rouca e totalmente sensual.

— Eu meio que me perdi... — desconversei, agarrando a ponta de sua gravata suave despretensiosamente, então olhei-o no fundo dos olhos com um sorriso sugestivo. — Estava esperando que você me encontrasse.

— Onde está Morfus? — perguntou incisivo e tive que ficar na ponta dos pés ao vê-lo tentando se aproximar um pouco mais para olhar se havia algo a mais atrás de mim. — Onde está aquele morcego miserável?

— Deve estar me procurando também — soltei um risinho. — Ele foi convocado para... — tentei soar confuso e perdido. — ...Para desajudar alguém no Grande Salão e, como ainda estávamos um pouco distantes, pediu para que eu não saísse de onde havia me deixado, mas... Eu acho que ainda estava um pouco tonto e...

— Você não deveria sair sozinho pelos corredores assim — avisou, mas seus olhos estavam fixos em meus dedos que deslizavam sorrateiros pelo tecido de sua camisa, tocando meramente contra sua pele. — Coisas estranhas acontecem.

Rubel já havia me falado sobre aquilo.

— Coisas estranhas? — dei um passo para frente, prendendo o lábio inferior entre os dentes. — Que tipo de coisas estranhas?

Observei seu pomo-de-adão subir e descer quando engoliu em seco. Talvez tivesse ficado surpreso quando deslizei a ponta de minhas unhas até seus ombros, depois por seu pescoço até envolvê-lo com meus dois braços serpenteantes, ou então por minha voz estar mais touca e grossa do que antes.

Eu precisava tê-lo assim...

— O que está fazendo, Jimin? — indagou com uma expressão confusa, contudo, senti quando suas mãos envolveram minha cintura e trouxeram-me para mais perto.

Fiz um biquinho e deitei o rosto contra seu peito, abraçando-o mesmo que meu corpo tremesse em ódio só em sentir seu cheiro. Percebi quando sua respiração ficou mais pesada, assim como seu peito passou a subir e descer com mais lentidão. Aquilo denunciava seu desejo, sua luxúria por mim, e era exatamente aquilo que eu procurava.

Eu precisava tê-lo assim...

Esfreguei meu rosto por seu peito, raspando a ponta de meu nariz pelo tecido macio de sua blusa, subindo por seu pescoço, por seu queixo, até ter meus lábios raspando contra a pele de sua bochecha quente. Respirei fundo, fitando seus olhos escuros fixos em meu rosto. Estávamos tão próximos, que se eu me movesse um pouquinho mais, já poderia sentir o gosto de seu beijo.

Só mais um pouquinho...

Incapaz de me controlar, avancei e capturei seu lábio inferior entre meus dentes, suspirando uma lamúria antes de me aproximar um pouco mais e colar nossos lábios. Não o permiti ter tempo para pensar sobre o que estava acontecendo, apenas beijei-o com força e vontade, agarrando e bagunçando os cabelos sedosos de sua nuca entre meus dedos.

Nas Mãos do Diabo [1] O MaestroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora