|12| Veja ele trocá-lo lentamente

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Encarei a figura imponente de Oxelfer curvando-se para abraçar Jungkook com afinco, serpenteando os braços esguios por sua cintura enquanto apoiava o queixo em seu ombro para me olhar mais de perto. Lambeu os lábios e piscou um dos olhos com uma expressão grandiosa, brilhante de pura ansiedade por algo que eu não fazia ideia e que também pretendia não fazer. Afastou-se de Jungkook, dedilhou seu peitoral e o ofereceu um pequeno sorriso contido.

— Olá, Jungkook — cumprimentou-o, então tornou a me fitar dizendo algo a ele que, na verdade, parecia estar sendo dito para mim. — Há quanto tempo...

— Nem me fale! — Jungkook concordou com um suspiro teatralmente desolado. — Nem parece que esteve aqui há um ano atrás!

— Um ano atrás? — Indaguei levantando-me apressado de minha cadeira.

O salão entrou em silêncio assim que todos notaram minha agitação, talvez até minha expressão de ceticismo mesclada ao desespero. Um ano atrás? Aquilo não fazia muito tempo... Ainda mais quando o fato de que eu ainda estava em meu sono profundo entrava em questão. No fundo de minha mente, imaginei Oxelfer entrando por aquela mesma porta, sendo recebido daquela mesma maneira e, o pior, aquilo acendeu as chamas de minhas dúvidas sobre o que eu, de fato, sabia que havia acontecido durante minha ausência.

Morfus surgiu no salão segundos depois, parecia tão surpreso quanto eu, afinal, antes de deixar o Inferno para o Mundo Mortal, ele havia me confirmado que Oxelfer estava morto e enterrado no Cemitério dos Perdidos.

— Sim — Jungkook respondeu ligeiramente confuso com minha reação. — Ele vem aqui todos os anos.

Não pude evitar de olhar para Morfus mais uma vez antes de engolir em seco e fingir um pequeno sorriso compreensivo. Evitei fitar Oxelfer, olhá-lo significaria mais uma dose de nervosismo em meu sangue, mais suor na palma de minhas mãos, mais calafrios em minha espinha, ..., significava que ele não estava morto, mas tão vivo quanto qualquer monstro ali presente, e aquilo era um problema.

Ele não parecia alguém cuja memória havia sido apagada – uma vez que eu não havia feito questão de apagá-la antes de partir, pois, parta mim, ele estava morto! Entretanto, Oxelfer estava vivo, sorridente e totalmente são do que estava acontecendo ao seu arredor. Eu não tinha certeza, mas possuía uma forte intuição de que ele mesmo havia decidido alimentar minha mentira por motivos desconhecidos e que me davam bastante medo apenas em pensar.

Jungkook puxou-me pelo braço para perto para apresentar-me a ele e pude ver um brilho vermelho em suas írises. Aquela cor era nova... Oxelfer não gostava de vermelho – dizia que era uma cor dramática demais –, todavia, notei uma fina linha vermelha nas ombreiras de seu terno alvo denunciando indícios de que havia algo estranho ali. Oxelfer detestava vermelho.

Mas... se odiava tanto..., por que seus olhos haviam relampejado em escarlate?

Nervoso, envolvi o torso de Jungkook quase timidamente e ofereci-o um sorriso sem ao menos mostrar os dentes apenas para não denunciar minha confusão e desconforto. Jungkook cutucou-me e perguntou o que estava acontecendo baixinho contra meu ouvido, disse-o que não era nada e que ele não precisava se preocupar. Tudo o que eu queria, naquele momento, era falar com Morfus e perguntar que raios estava acontecendo!

— Você deve ser o Jimin — Oxelfer comentou estendendo a mão pontuda num cumprimento. — Seu nome foi citado umas quinze vezes no convite que recebi na última sexta-feira 13.

Encarei Jungkook, depois Morfus – à distância – e aceitei seu cumprimento hesitantemente. Sua mão asquerosa fechou os dedos ao redor da minha num aperto forte e insistente. Se eu não fosse forte o suficiente, juraria que ele havia aplicado tal força para machucar. Encarou nossas mãos juntas e seus olhos brilharam em escarlate novamente, mais fortes e vívidos, antes de fitar meu rosto para sorrir um sorriso angustiantemente maléfico para mim.

Nas Mãos do Diabo [1] O MaestroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora