|14| Sobreviva ao Hotel Mortal

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— Do que... — engasguei, observando meu próprio sangue começando a escorrer por meu rosto. Era uma visão desesperadora. — Do que está falando?

Quem é Hades?

Olhei ao redor, em busca de algo que pudesse me ajudar, mas minha visão estava girando e girando em um ritmo assustador, me impossibilitando sequer de pensar em algo.

Jungkook, onde você está?

O homem se inclinou um pouco mais e agarrou meu queixo, forçando meu maxilar com tanta força, que senti que partiria meu rosto caso não abrisse minha boca imediatamente.

— Isso vai servir para que você seja erradicado de uma vez por todas — murmurou entredentes, despejando um liquido incolor de um pequeno vidrinho.

Ele sorriu e largou meu rosto, fazendo minha cabeça bater com força no chão e mais um gemido doloroso escapar de minha garganta. De primeira, pensei que ele havia se enganado e me dado apenas um pouco de água, mas depois que comecei a sentir meu corpo inteiro esquentar assustadoramente, arregalei os olhos e provei o gosto das minhas lágrimas de sangue. As lágrimas de meu próprio desespero.

De repente, tudo parecia queimar minha pele; o ar, a pouca luz e, principalmente, minhas roupas.

— Por que... quente... — ofeguei, tentando rasgar minha blusa com minhas mãos trêmulas. — Quente... demais...

Comecei a me desesperar ainda mais quando percebi que não conseguiria rasgar o tecido com minhas mãos fracas e patéticas, ainda mais quando meus dedos pareciam tão magros e anêmicos. Me assustei quando percebi que minha blusa estava encharcada de suor e chorei ainda mais, começando a arranhar meus próprios braços para tentar sentir algo além daquela sensação de pavor e.... calor.

Por que estava queimando!

— Você conseguiu se esconder por bastante tempo, não foi mesmo? — o homem perguntou, com as mãos atrás das costas em uma postura calma e controlada, mesmo que seus olhos azuis transparecessem ódio expeço e tangível. — Achou que conseguiria fugir por bastante tempo, você é muito burro mesmo...

Gargalhou, me dando um chute forte o suficiente para me tirar o ar. Abri a boca, mas nenhum som saiu; estava sobrecarregado pelas sensações do calor mesclado a dor intensa que foi sentir um de meus ossos quebrando com seu golpe.

Arregalei os olhos, engasgando com meu próprio sangue.

— Você achou que... depois de tudo o que fez, — começou a caminhar ao meu redor, me olhando de cima com superioridade com um sorrisinho medonho no canto dos lábios. —, você achou que iria causar mais danos?

— Eu... — tentei falar, queimando em meu próprio calor. — Eu não... sei... do que está falando, eu...

— Cale sua boca! — gritou, me acertando mais um chute certeiro no rosto.

A força foi tamanha, que meu corpo foi projetado contra a parede. Acabei caindo brutalmente no chão, incapaz de sequer me arrastar para longe do homem que já voltava a se aproximar com passos lentos.

— Não me engana, eu sei que é você, Hades! — voltou a gritar, puxando um punhado de meus cabelos para ter meu rosto em mãos novamente. — Você é um nada!

Senti um choque seco quando ele bateu minha cabeça contra a parede pela primeira vez, depois mais uma e outra, até que não conseguisse enxergar mais nada com meu olho esquerdo, e apenas vermelho com o meu direito. Sentia que minha consciência se esvaía a cada instante, assim como meus sentidos, minhas ações... eu estava esvaindo a cada golpe que recebia de suas mãos afiadas.

Nas Mãos do Diabo [1] O MaestroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora