|13| Faça-o olhar somente para você

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Não estava brincando ao dizer que a madrugada seria longa, esqueci de adicionar apenas uma coisa: desastrosa.

Assim que o bondinho começou a descer a colina sob a lua cheia e amarelada escondida pelas nuvens avermelhadas do céu escarlate, pensei que iria ter que arrancar meus próprios olhos para não precisar olhar tamanho cinismo de Oxelfer junto de Jungkook. Quando tivemos que nos abaixar para desviar de um galho mortal que bateu nas colunas de metal um pouco depois da metade do caminho, Oxelfer disse estar com medo e isso pareceu bastar para atrair a atenção de meu, não-tão-amado-no-momento, amado pelo resto da decida. Enquanto isso, decidi me juntar aos demais pecados assim que ouvi-os conversando sobre o que iriam fazer quando chegássemos\; algo que envolvia uma forca, um guindaste infernal e um guarda de transito monstruoso.

Jennie estava explicando como ela gostava de arrancar cabeças de madrugada quando Mino cutucou meu dedo mindinho e me chamou para o canto do bondinho com um balançar de cabeça e um ar misterioso. Foi a primeira vez em que o vi tão sério.

— Diga, Mino — sussurrei após seu pedido por confidencialidade.

— Você precisa fazer alguma coisa — murmurou pondo as mãos na cintura gorducha com um ar de indignação. — Você vai mesmo permitir que um demônio horroroso como aquele tente conquistar o Jungkook?

Olhei de soslaio para o "casal" e revirei os olhos com gotas de fúria borbulhando em minhas veias. Encarei Mino, não sabia o que dizer.

— Mas...

Ele me interrompeu.

— Jungkook é louquinho, louquinho, louquinho, louquinho — começou a contar o tanto de vezes que repetia a palavra com raiva. — Louquinho por você. Não conto as vezes em que ele chamou eu e Wonho para conversarmos sobre você e como lidar com suas loucuras de humano.

Engoli em seco, em choque com o que disse.

— Está falando sério mesmo... mesmo, mesmo? — Indaguei com a voz um pouco alterada de uma emoção que não conseguia nomear. Talvez euforia.

— Mesmo, mesmo! — Deu um soco com seu punho pequeno em meu joelho. — Teve uma vez em que ele quase quebrou meu quarto após uma briga entre vocês. Não me recordo muito bem, mas era sobre você ter expulsado ele do banheiro quando ele estava, tipo, com muito tesão — esfregou o queixo com uma expressão confusa, sentando de pernas cruzadas em cima de minha coxa. — Ou foi quando você quase morreu com o adorno dele no peito e ele, de tão burro que é, nem mesmo percebeu?

Inalei trêmulo, bisbilhotando Jungkook com o canto dos olhos antes de voltar a fitar Mino no ápice de seus devaneios. Ele estava falando de momentos que eu desconhecia. Não os momentos em que eu e Jungkook vivenciamos – daqueles, tinha tudo gravado em minha mente – contudo, os em que ele explodia de fúria ou impotência eram desconhecidos. Para mim, enquanto Jimin, Jungkook nunca mostrou seu lado alterado. Ainda mais quando sua alteração tinha origem em sua indignação comigo. Oh! Jungkook havia ficado com raiva quando o dispensei do banheiro quando tive minha alucinação de vê-lo morto no chão, não somente naquela, mas em muitas outras. Aquilo era novidade.

— Ele gosta de quebrar coisas quando está irritado — comentei com um sorriso animado.

— Ele quase quebrou as paredes de meu quarto quando você foi machucado pelo arcanjo Chamuel. Ele se sentiu um merda por não tê-lo impedido de te machucar antes de qualquer coisa. Quando você desmaiou e ele percebeu, matou Chamuel com apenas um golpe e correu desesperado para te pegar.

Arqueei as sobrancelhas e me inclinei um pouco mais para baixo, muito interessado em seus sussurros reveladores.

— Foi um momento de quase tristeza quando pensamos que você tinha morrido. Jungkook destruiu o quarto inteiro e depois chamou Wonho parar lutar para tirar o estresse. Meu amor é forte, mas Jungkook com raiva e triste é uma combinação perigosa para qualquer um.

Nas Mãos do Diabo [1] O MaestroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora