|15| As revelações: Eles

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Assim que o trovão cessou o barulho, dois guardas gigantes adentraram a sala e me agarraram pelos cotovelos. Um era enorme, talvez três metros de altura, possuía a pele cinzenta como a de uma gárgula, braços grandes e musculosos, e estava vestindo uma armadura pitoresca de metal rude com detalhes em finas linhas de bronze marcando a linha dos músculos de seu abdômen. Bem no centro da lataria, o título "Sem-nome I" estava escrito. Sua cabeça era chata e quadrada, as rugas da testa eram proeminentes, o nariz era achatado e circular, e da boca onde havia duas grandes cicatrizes, provavelmente de brigas passadas, sobressaiam presas gigantes como uma ameaça. A segunda era um pouco menor, todavia tão horrorosa quanto, possuía a mesma fisionomia que a primeira, porém, no lugar do olho esquerdo havia apenas um buraco sinalizando que a orbe havia sido arrancada há não muito tempo.

— Ei! — Gritei quando eles me puxaram com brutidão, arrancando-me do chão como um boneco de pano. — Por que eles estão fazendo isso, Jungkook? Ordene que eles me soltem!

Jungkook me observou dos pés à cabeça com lentidão, analisando meu rosto amedrontado por um pouco mais de tempo, depois arrebitou o nariz e bufou impaciente, cruzando os braços, e se encostou na porta como se estivesse apenas aguardando.

— O Rei não quer dirigi-lo a palavra, humano. Você fez algo muito grave estando aqui — Ruda informou com um risinho maléfico.

— Mas eu não quis vir aqui, meu corpo me trouxe! — Tentei me explicar, sacudindo os braços para tentar escapar do aperto dos guardas. — Quando acordei, senti a urgência de estar aqui. Não pude me controlar!

— Não diga asneiras! — Ruda advertiu: — Mentindo na presença do Rei da Mentira? — Indagou.

— Rei da Mentira... — murmurei, pensativo.

Em minha mente, a única memória que veio foi quando Jungkook me agarrou nos braços dizendo que não gostava de mentir com uma careta.

— O que... O que está acontecendo, Jungkook? — Indaguei encarando-o. — Por que não manda esses brutamontes me largarem? Fizeram algo com você? Sou eu! Seu Jimin!

O guarda "Sem-nome I" gargalhou e fez meu corpo tremer. Ruda o acompanhou.

— Jungkook não irá ajudá-lo, humano... — ela divagou, então. — Estou tão animada! Senti que o momento do início nunca iria chegar!

Com minha visão noturna, observei um brilho misterioso surgir nos olhos de Jungkook à distância. Algo, com certeza, misterioso, todavia incapaz de mascarar o ar de ambição que carregava acorrentado. Um olhar sonhador.

— O início de quê? — Perguntei num fio de voz, encarando ambos os guardas gargulosos, depois Ruda, depois Jungkook. — Do que está falando?

Ainda no efeito da carta de visão noturna, percebi quando o cenho de Jungkook franziu e seus lábios se comprimiram para dar ao rosto uma expressão de dúvida momentânea. Ele esticou os braços e se afastou para dentro da sala andando em minha direção até estar cara a cara comigo, então agarrou meu queixo e acariciou meu lábio inferior com extrema concentração.

— O olho — começou, com a voz rouca. — Você o eliminou?

— Eu... — gaguejei diante de seu olhar incisivo, sentindo a área queimando onde ele segurava. — Eu não sei, ainda me sinto estranho.

Ele largou meu queixo com brutalidade ao dar as costas como se eu fosse um total estranho, aproximou-se de Ruda e sussurrou algo contra seu ouvido, deixando a sala. Ela voou para perto de mim e analisou meu rosto com extrema atenção. Suas unhas afiadas pressionaram contra minhas bochechas num aperto doloroso, seu rosto se contorceu em uma careta assombrosa, logo voltando ao normal, porém não menos assustadora. Ela estava carregando a expressão de um psicopata diante de um banquete de corpos.

Nas Mãos do Diabo [1] O MaestroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora