A Exorcista e a Arqueira

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Azakiel havia saído por um momento para que Rafael descansasse. Estava do lado de fora do quarto bebendo uma lata de refrigerante e pensando em certas circunstâncias, porém Adam o pai de Rafael aparece o encarando de longe.

Adam respirou fundo e se aproximou do rapaz.

- Será que podemos conversar? - Disse Adam apontando para o corredor do hospital sinalizando que queria andar. Azakiel começou a andar junto à Adam quando o o silêncio incomodou o rapaz.

- Aconteceu alguma coisa? - Perguntou.

- Vou ser breve e direto. Eu não quero você perto do meu filho. - Foi curto e grosso parando bruscamente no meio do caminho.

- Que? - Disse Zak o encarando. - Mas eu salvei ele, um obrigado já basta.

- O salvou por sentimento de culpa, mas não por bondade. Você tem sangue celestial garoto, mas também tem sangue de demônio. E eu não confio em nenhuma das duas raças. Sem contar que salvou meu filho logo após ele apanhar dos SEUS amigos, ou estou enganado? - Disse Adam e Zak ficou quieto. - Queria saber o que te incentivou a me odiar tanto. Te acolhi na minha casa, você e Rafael eram inseparáveis e de repente você se torna um babaca sem coração. Que decepção... - Respondeu voltando a andar pelo hospital.

- EI! Você não sabe nada sobre sobre mim! - Disse Azakiel o seguindo. - E eu não te odeio Adam!

- Oh não? Então de repente virou homofóbico? Tirando sarro da cara do garoto por ter dois pais, um menino que o ajudou tanto. Se não me odeia, odeia Rafael.

- Olha, eu não mexo com ele, são os garotos que mexem! Eu só ando com eles pela popularidade, e agora eu vou perder tudo! Vou voltar a ser um fracassado por ter sido o anjo da guarda do teu filho!

- De anjo você só tem o sangue. Você é igual ao seu pai. Falso. Quando você for quebrar mais a sua cara vai entender a diferença entre amizade e interesse. E Azakiel. Eu sou mais homem do que você, pois o contrário de você e seus amiguinhos, não tenho medo de encarar os desafios da vida. Mesmo que eu apanhe no processo. Pirralho. - Respondeu largando o garoto sozinho que acabou socando a parede com a raiva.

***

Macayla não conseguia jantar. Estava pensativa e preocupada com Rafael, de fato havia exagerado ao sair correndo pelo hospital e gritando pelo menino, e especificamente ao bater em Zak de forma agressiva daquele jeito.

Mas dele ela não sentia remorso, Zak havia deixado de ser quem ele era há tempos atrás.

- Macayla? Você está escutando? - Perguntou Rebecca encarando a menina pensativa.

Logo ela despertou de seus devaneios buscando aonde se perdeu nos olhos de sua mãe.

- Que?

- Bom é que... Eu... Sabe, eu e seu pai... Faz um bom tempo que nós não saímos só eu e ele então... Estive pensando em sabe... Uma possível viagem de lua de mel, mas eu totalmente entenderei se você não aceitar e...

- Vai mãe. - Ela respondeu ao interrompê-la e Becca arregalou os olhos. - Sério, sei me virar sozinha, já sou grandinha. - Ela sorriu.

- Tem certeza? Digo... Mas e se você precisar de algo?

- Meu padrinho mora na próxima esquina mãe, eu vou ficar bem. - Respondeu sorrindo.

- É que seu padrinho e eu estamos meio que sem se falar no momento.

- Mãe! Já disse que vou ficar bem. - Respondeu se levantando da cadeira e apertando o ombro de sua mãe e respirando fundo. - Agora se me der licença eu preciso ir ao banheiro. Depois me conta as novidades da sua nova "lua de mel" - Disse piscando o olho já entendendo do que a viagem se tratava deixando Becca um tanto surpresa.

Macayla foi até o banheiro do seu quarto jogar uma água no rosto. Com seus pais fora, ficaria mais fácil sua caçada aos enfermos. O problema era que para fazer o exorcismo era difícil já que eles eram extremamente violentos e da última vez ocorreu um pequeno acidente.

Um dos enfermos puxou seu colar e Macayla perdeu o controle de seus poderes. Haviam vários deles... E nenhum sobreviveu... Foram todos largados em um beco vazio em bloodville.

Ela pensava se essas pessoas pessoas possuíam famílias, ou filhos... Ou por que estavam assim...

Porém tudo que ela se lembra é de ter acordado em sua cama, nua e com o colar de volta em seu pescoço. Suas lembranças eram embaçadas, assim como suas emoções naquele momento.

Ao secar o rosto Macayla se encarou no espelho. Desta vez ela tinha que fazer o seu trabalho direito, sem matar ninguém inocente, como uma exorcista.

***

O vento estava desregular aquela tarde o que impossibilitava Alexia de soltar aquela flecha.

Seu arco de madeira era bonito e aparentemente foi feito a mão onde segurava com a mão esquerda. O arco era simples porém sua resistência e força era precisa. O cotovelo estava rente ao queixo, levemente arqueado e a flecha estava apontada para frente.

Havia um alvo vermelho pintado em uma tora de madeira quadriculada no chão, para onde aparentemente ela mirava.

Assim que o vento parou de assoprar Alex soltou a flecha que voou em disparada, porém passou raspando por cima da tora de madeira fazendo uma pessoa que estava atrás dela rir da situação.

- Dessa vez você errou feio. O que houve? Distraída? - Era a voz de Handriel Parker escorado em uma árvore.

Alexia se virou.

- E quem te disse que eu estava mirando naquilo? - Ela perguntou e então Handriel encarou o local onde estava a flecha marcada. Ele ficou sério naquele momento.

A flecha havia prendido uma acerola no ar que havia caído por ter amadurecido, uma minúscula fruta que agora estava manchada em vermelho na árvore onde a flecha a prendia. Ela estava esperando a fruta cair para atirar... O vento não impossibilitava sua flecha de se mover, mas sim da fruta. Ela era um gênio.

A menina era linda. Havia olhos azuis e cabelos negros, porém, era extremamente familiar, ela era idêntica ao Azakiel. Inclusive o olhar de alguém que não tem paciência com nada.

- Foi bom te ver também, pai.

- Já deu o seu showzinho, agora me dê esse arco. - Pediu erguendo a mão. E Alex sorriu em deboche.

- Nem pensar. - Respondeu.

- Isso é uma ordem Alexia.

- Esse arco era a única coisa que me manteve sã durante esses anos que você simplesmente me despachou para a droga de um colégio interno! SEM NADA!

- E aí você resolve matar um padre com um crucifixo? Parece que essa coisa é o que te deixa violenta.

- Não quis matar o padre, eu fiquei nervosa, estava me defendendo ele tentou me estuprar! Sabe o que é isso? é a força! Ou eu o desacordava ou eu me ferrava.

- Pare de mentiras! Se fosse na defensiva você não usaria um crucifixo!

- Mas eu não usei! - Disse ela e Handriel a olhou repreensiva. - Usei um abajur o crucifixo enfiei na guela dele depois pra que ele chegue no inferno com classe. - Ela sorriu em deboche e Handriel se enraivou pedindo novamente o arco. - Pai... - Ela parecia implorar, mas não adiantou então respirou fundo e se aproximou dele. - Quer saber Handriel, enfia isso no seu...

- ALEXIA! - Ele a interrompeu e ela jogou o arco e as flechas no chão indo em direção a sua casa.

Enquanto Handriel? Ele ficou ali por um tempo encarando aquela acerola e pensando que seus filhos eram claramente perigosos... Eles eram descendentes de renegados do Inferno.... E descendentes dos anjos... Mestiços, assim como Rebecca... O que faz deles tão perigosos quanto qualquer outro descendente. Até por que, Azakiel e Alexia eram gêmeos idênticos e compartilhavam do mesmo poder...



Descendentes do Inferno - Uma história Renegados do Inferno - Vol ÚnicoWhere stories live. Discover now