A Fé que Não Move Montanhas

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  Macayla fechou a porta do banheiro se aproximando cada vez mais de Lizzy. Descruzou os braços enquanto Lizzy rapidamente amarrava o lenço no local.

— Você não sai daqui até me dizer o por que está machucada.

—  Já disse que foi um engano...

—  Acho bem difícil isso ter sido um engano. —  Respondeu Macayla.

—  Fique fora disso ok! Desculpa, mas nem tudo nessa vida pode ser resolvido com magia! Isso é pessoal e eu não quero você se envolvendo! — Respondeu ela com as lágrimas nos olhos saindo do banheiro logo depois. 

***

 — Então... — Disse Rachel de volta a casa vazia de Laura encostada na parede, com seus braços e pernas cruzados encarando a descendente de Eva se explicar. — O que aconteceu por aqui?

    Laura suspirou buscando palavras para iniciar sua explicação.

—  Depois que eu e Carmilla terminamos há quatro anos atrás, eu comecei a procurar emprego e um local para morar... Foi quando ele apareceu. Rowan. — Iniciou sua versão.

  Laura havia arregalado os olhos. Encontrava-se na pracinha do centro sentada no banco próximo ao parque repleto de crianças lendo seu grimório herdado pela sua mãe, quando deu-se de cara com ninguém mais ninguém menos que o vampiro escravo de Aurora.

— Você?! Mas você... Estava morto... —  Respondeu franzindo o cenho perplexa.

— Fantasmas sempre retornam para assombrar suas vítimas. —  Ele respondeu com aquela voz grave e sensual.

  Rowan se sentou no banco apreciando a imagem das crianças correndo e brincando ao parquinho daquela praça.

— É um livro poderoso este que seguras Laura. — Respondeu sem olhar para ela e a bruxa iluminada fechou o livro imediatamente encarando o vampiro inteiramente desconfiada. — Agora que percebeu que não estou mais do mesmo lado que o seu. Gostaria de alertá-la. 

— Sobre?

—  A mãe dos anjos pode tentar matar você. —  Respondeu. —  Sei que é a única demônio que conheço que é cristã o suficiente e temente a Deus. E acho isso fofo, embora não salvará sua alma corrompida. Ou a minha... Exceto se escolher o Deus certo. Se seguir a mãe dos anjos, poderá ter o paraíso eterno como desejas.

  Laura sorriu e encarou a paisagem junto a Rowan.

—  Está vendo essas crianças correndo para lado e para o outro? —  Perguntou a bruxa e Rowan finalmente encarou o rosto de Laura com aquela expressão de tristeza nos olhos. — Pra mim isso é o paraíso. —  Respondeu logo cruzando as pernas. — É uma mania feia dizer que um demônio é temente a Deus apenas por acreditar que o demônio anseia o perdão.

— Então o que buscas com ele?

— Buscava sanidade. — Respondeu curta e grossa se referindo ao passado. Seu olhar estava extremamente sério. — Eu nasci com a alma corrompida. Não pude ter o direito de escolher minha crença. Mas da onde eu venho, precisamos ter uma crença. Acreditar em algo para conseguir sobreviver ao mundo. Então só pelo fato de eu ter o sangue corrompido deveria eu crer no Lorde das Trevas?  Se eu aceitasse os métodos dele eu estaria  apenas me transformando nos demônios dele, e eu não sou assim. Mesmo depois de morta e nas celas do inferno ei de prosseguir crendo no meu Deus.

— Isso significa que você aceita os métodos dele?  —  Perguntou e Laura encarou os olhos castanhos do rapaz. — Por que se a resposta for sim. Estará concordando que o que sua mãe passou fora necessário.

— Deus fez de tudo para manter a linha em equilíbrio! 

— Ele é todo o poderoso ou só metade?  Aquele que é todo o poderoso, pode fazer qualquer coisa. Até o impossível. —  Respondeu  Rowan. — Mas a verdade é que você não é mais uma pessoa crente a Deus. Você crê em outra... Pois se crê-se nele, jamais o recordaria no passado, como se fosse algo que não e mais.  —  Disse ele e seus olhos se tornaram sérios. —  Rachel Alucard não é uma Deusa, ela não entende o fardo do mundo e não pode te ajudar. Ela só gosta de poder. Porém nunca será uma rainha ou Deusa de verdade! — Concluiu fazendo com que Laura se levantasse ficando na frente de Rowan. Os olhos dela estavam alaranjados e sua voz se tornou mais fria em tom de ameaça.

—  Como ousa insultar a rainha dos demônios! Seu traidor imundo! Eu não sei o que você acredita que irá acontecer em relação a sua Deusa, mas se insultar minha crença novamente serei obrigada a matar você.

—  Esta é a sanidade da qual falou que não queria perder Lady Hollis?

— Eu já não tenho mais nada a perder. —  Ela se aproximou do banco ao ponto de segurar o banco com as mãos enquanto ficava de frente a frente do Rowan encarando seus olhos. — Sua Deusa me deu duas escolhas. Morrer, ou me curvar. E minha resposta é: Sua Deusa pode ser a mãe dos anjos. Mas a minha Deusa é a mãe dos demônios. E nós dois sabemos que nosso sangue pertence a Rachel Alucard.

—  Fez sua escolha. Arque com as consequências, Bruxa. Disse Rowan e Laura sorriu, acabou rindo da situação como se passasse de uma mera piada.

— Salve a rainha Drácula. — Respondeu ela por fim saindo de perto do rapaz o mais rápido possível.

  Todos ali presentes pareceram inteiramente surpresos com o fato de que Laura havia se convertido a uma nova religião. Uma da qual nem sequer existia, mas que aparentemente havia ganhado força através do inferno, e dos descendentes dele.

  Tem certeza disso? — Perguntou Eva.

—  Foi como eu disse a Rowan, não tenho o que perder. E eu só seguia Deus por que era quem eu mais espelhava na bondade. Porém não convivi com ele. Com Rachel eu convivi. E tenho fé nela. —  Respondeu encarando a rainha com um sorriso no rosto.

  Agora seu olho já estava cicatrizado, e Rachel lhe devolveu o sorriso.

—  Como sabe que não foi uma armadilha? Esse "aviso" repentino de Rowan, para atrair seu medo. Ou para que Aurora observasse seus passos.

—  A princípio pensei a mesma coisa. Foi daí que tirei a ideia dos círculos de proteção. Também recebi informações do amigo da Rebecca, Adam, ele tinha recolhido informações sobre a Deusa dos anjos. Foi assim que descobri sobre Aurora. Foi então que tive uma ideia. Se eu estivesse mesmo sendo vigiada, precisava mandar uma mensagem escondido.

— O livro nas mãos de Macayla.

— Sim. O feitiço era para se ter enviado para Macayla de início. Mas ele apenas mandou para a casa de uma senhora aleatória que vive na cidade de Maca. Não sei dizer, se foi Destino ou Deus ou o que aconteceu. Mas a senhora que recebeu meu livro tem uma neta.

—  Amiga de Macayla. —  Disse Eva. — A sorte é que o livro acabou sendo destinado a Maca de qualquer maneira.

— Você não pode ficar sozinha aqui. —  Disse Rachel para Laura. —  Você e Carmilla, vamos comigo resolver isso. Já passou da hora de formularmos um plano para interromper Aurora. — Disse e os olhos de Carmilla se tornaram vermelhos suas veias se dilataram e ela franziu o cenho para Rachel.

—  Rachel... —  Disse Carm. —  Seu nariz está... —  Ela apontou para o nariz próprio e Rachel reparou.

  O nariz dela estava sangrando. Rachel o limpou e pigarreou.

— Estou bem... Vamos, temos trabalho a fazer. —  Respondeu a Rainha. 



Descendentes do Inferno - Uma história Renegados do Inferno - Vol ÚnicoWhere stories live. Discover now