Descendentes do Inferno - Uma história Renegados do Inferno - Vol Único

Memórias de um passado sombrio

  Rowan ficou brincando com a boca do copo enquanto retornava à sua explicação.

—  Amália e eu nos conhecemos através dali. Havia perguntado a ela se o homem que a acompanhava era seu marido e ela havia rido de minha face respondendo que era seu pai. —  Ele sorriu. — O homem era bondoso e até me deu carona em seu carro, onde pude conversar mais com os dois. Eu era rico. Imagina? Eu rico em uma cidade urbana? — Desta vez até mesmo Rachel havia rido da situação. 

—  Não. Não consigo imaginar isso não. 

—  Pois bem. Quando se vive muito, chega uma hora que suas economias sobem, e você possuí dinheiro demais.

— Nah, Gastei tudo em prostitutas e bebidas. —  Rowan a encarou e os dois riram daquilo.

—  Quando Amália e eu estávamos mais íntimos eu sabia que ela era o amor de minha vida. Depois de anos a sua procura, e nada de te achar, eu decidi fechar meu coração, mas Amália... Ela era diferente... Seus cabelos cacheados eram gloriosos, e... Aquela época as pessoas eram extremamente rancorosas por ela ser bem sucedida. Mas ela pisava nessas pessoas. Amália tinha respostas na ponta da língua. E tinha dinheiro. Herdado do avô. Eu tinha orgulho daquela coragem dela de assumir o controle das financias e por as pessoas em seus lugares mesmo que arriscasse uma prisão. —  Ele sorriu novamente e Rachel parecia concentrada em suas palavras.

—  Deixe-me adivinhar. Você cometeu a burrice de se apaixonar e a pediu em casamento da mesma forma que fez comigo? — Perguntou e ele não respondeu apenas encarou o copo agora já embriagado.

—  É... E ela cometeu a burrice de dizer sim. —  Ele respondeu com o rosto triste. —  Nos casamos Rachel. E você acredita que... Ela sabia sobre mim? —  Ele perguntou e Rachel pareceu surpresa. — Ela sabia Rachel. E ela não me julgou em nenhum momento.

— Uau... Eu te invejo por isso...

—  Nunca me senti tão revigorado. Tão feliz em saber que eu e ela seriamos felizes assim. O problema era que ela era humana e eu um simples vampiro. Imortal... Eu a queria comigo, mas não podia ser egoísta e transformá-la. Eu queria ter filhos com ela e ela comigo, mas não poderíamos, queria comprar uma casa em um local bonito, mas não poderíamos ficar por muito tempo... Não sabendo que meu rosto jamais envelheceria e as pessoas me destratariam.

  Rowan pressionou o maxilar, parecia irritado.

—  E então aconteceu algo. —  Ele estava enfurecido. —  Eu havia saído para comprar um jornal. Assim que pus minhas mãos no jornal pude ver a manchete. Nele dizia "Uma bruxa é encontrada em nossa cidade" E na reportagem falava de suspeita de canibalismo e tudo mais.

— Acharam que era uma mulher... Quando na verdade era você se alimentando.

—  Fui discreto! Sempre fui! Não matava ninguém por respeito a Amália! E pela minha consciência! Mas infelizmente alguém havia me descoberto. Só que acreditaram que fosse uma bruxa. Não pensei duas vezes e corri até Amália, tínhamos que sair daquele lugar o mais depressa antes que a pegassem. Mas quando cheguei... — Lagrimas de ódio escorreram de seu rosto e o copo de partiu em pedaços com a força do vampiro. — Eles haviam a matado... Eles a mataram por que.... Por que eram filhos da putas e preconceituosos... Dizendo que era bruxaria uma mulher ter ficado rica daquela forma! Rachel. Eles preferiram acreditar que era ela... Do que qualquer outra mulher ou homem da cidade... — Ele estava chorando.

—  Sinto muito Rowan. — Rachel também parecia querer chorar.

—  Eu jurei a mim mesmo nunca mais perder a mulher que amava. Fui atrás de bruxas, de todos os tipos e ninguém sabia como trazê-la de volta Rachel! Mas a garota pode! 

—  Não pode. Rowan ela morreu a muito tempo atrás... Trazer pessoas assim de volta seria o mesmo que matar Macayla... O mundo exige uma balança de equilíbrio!

— NÃO! AURORA ME PROMETEU ISSO! AMÁLIA VAI VOLTAR VOCÊ QUERENDO OU NÃO! Tudo o que fiz, tudo o que sofri, tudo o que passei foi por ela! Você não sabe de nada Rachel! Como pôde?! passou a vida caindo nos braços de qualquer um! 

—  Para de falar assim comigo... Eu também tive uma vida pesada...

—  PESADA? Coitadinha da rainha do inferno. Aquela que se considera Deusa da morte.  —  Rachel parecia se doer com as palavras dele. — Você luta contra Aurora sem motivos! Não vê que ela só quer eliminar a dor do mundo?! Existe sacrifícios... Sim! E se pararem de lutar contra ela apenas uma pessoa seria sacrificada! Para salvar bilhões Rachel! BILHÕES! Não haverá dor, morte, ódio, ou tristeza. Seria um novo jardim do éden para todos nós! Um recomeço sem emoções negativas! 

—  Não vou sacrificar a liberdade de ninguém....

—  Por que você é uma puta egoísta! —  Rachel reconheceu que ele estava irritado, ela havia entendido que ele queria vingança por aqueles que mataram sua amada e queria ser feliz. Estava caindo em um mar depressivo de dor por uma única mulher. Sem saber que Rachel havia caído em 50 mares depressivos por vários homens. — Não precisa se preocupar mais não é mesmo Rachel? A sua mãe biológica era uma vaca e seu pai tentou te destruir mais de uma vez! Você é igual a porra da Rapunzel que foi trancada no castelo por anos! E quer falar de liberdade? Está presa no pecado! Vive de pecado! É uma pirralha brincando de amar. Quer tanto assim proteger Macayla? Vai acabar matando todos nós por causa dessa garota!

— Você queria me irritar. pois bem. —  Ela ergueu os olhos tristonhos e cheios de lágrimas para Rowan que havia se acalmado. —  Não conseguiu. — Ela se levantou. — Sei que Aurora quer me deixar irritada para explodir de uma vez, mas diga a ela. Que falar da minha vida, e especialmente da minha família não me torna... Dela. —  Seus olhos ainda eram tristes. —  Eu amei você. E me culpei por toda eternidade pelo o que aconteceu. Mas nunca tentei sacrificar ninguém pra trazê-lo de volta. Pois esta puta egoísta gosta de sofrer sozinha. Você? Se você não é egoísta eu não sei o que é. —  Ela enxugou os olhos. —  Você entra em um bar cheio de descendentes do inferno... —  A música do nada havia parado.— Destrata a rainha deles em nome da sua. —  Rachel lhe entregou um sorriso triste. —  Então você é mais burro do que eu imaginava.

— Eu também amei você. —  Ele respondeu.

—  Saia daqui. Nunca mais apareça... — Disse Rachel Logo todos os descendentes do inferno encaravam o vampiro, que havia entendido o recado e se virado para retirar-se do bar. — Diga a Aurora que ela é a mãe dos anjos. Não minha. Pois eu sou o diabo, e estes são os meus filhos. Portanto considere-me a mãe deles também.

  Os descendentes do inferno se aproximaram de Rowan que saía vagamente para fora do bar

—  Está tudo bem, majestade? —  Disse um homem colocando a mão no ombro de Rachel.

—  Não me toca. —  Respondeu com frieza e o homem rapidamente se afastou. Estava sensível e queria mais uma vez sofrer sozinha. —  O QUE ESTÃO ESPERANDO? VOLTEM COM A MÚSICA VÃO CURTIR! Gritou e logo chamou o barman para encher seu copo novamente.