Desenterre-me

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  Após ficar satisfeito com a notícia de que Maca estava a salvo e bem, Rafael pôde respirar fundo. O fato de ser um simples garoto sem habilidade de proteger ninguém acabava com ele. Todos estavam lá para proteger Maca exceto ele. 

  O garoto estava caminhando pelas ruas indo em direção a casa de Maca e pensando sobre o assunto naquela manhã. Já estava propriamente vestido para ir à escola, mas queria checar pessoalmente se a amiga estava de fato bem quando aquele arrepio veio novamente. Seu braço. Ele parou de andar encarando a rua para conferir se alguém via. A voz chamando por seu nome de novo... E aquela sensação ruim... As marcas reapareceram no braço o deixando assustado. Seria ele uma nova vítima? Um enfermo? 

  Ele passou a tentar se acalmar. Precisava se acalmar.  O vento se cessou, e foi então que ele sentiu que estava acompanhado.

  Virou-se lentamente ficando de frente a frente com um ser misterioso que havia causado dores e caos aos seus amigos, por um motivo ainda mais misterioso.

— Oi. — Disse ela.

— Oi. —  Respondeu.

  Rafael ainda não sabia quem era ela, ou não entendia o que ela fazia ali. Mas aquela sensação... Era tão ruim que o fazia ficar ainda mais assustado.

— Quem é você? —  Ele perguntou de testa franzida e Aurora sorriu com a pergunta.

— Você sabe quem eu sou.

— Não. Eu não sei não. — Ele respondeu e Aurora se aproximou dele até chegar a um braço de distância do rapaz.

  Rafael não se afastou. Ele não queria. Tinha algo nela de estranho que ele queria saber o que era.

— Você é a voz que me chama toda vez que o meu braço dói... —  Respondeu o rapaz.

—  E você me escuta. Isso só reforça a conexão que temos um com o outro. —  Ela respondeu. — Quero tomar café da manhã com você. Posso?

—  Por que? O que quer comigo?— Ele perguntou desconfiado.

—  Sua confiança. 

—  Por que? — Ele perguntou e Aurora sorriu acariciando o rosto de Rafael. 

— Por que é isso que acontece quando uma mãe conhece o filho, Rafael. —  Respondeu e o menino deu um pé atrás. —  Meu nome é Aurora. E eu sou a sua mãe. — Disse por fim o encarando.

—  Não... Isso é... Impossível...

***

—  Isso é incrível eu devo dizer. —  Disse o mesmo médico que tratou Rafael enquanto olhava os exames de Alexia dentro do quarto onde a menina estava sendo examinada. —  Nunca vi isso em toda minha carreira, é basicamente impossível.

—  O que doutor? — Perguntou Azakiel.

—  Bom... Sua irmã sofreu um grave traumatismo craniano. Veja. —  Respondeu entregando um raio-x onde mostrava o crânio rachado na parte de trás e região occipital da cabeça. — Era para ela estar completamente em coma, com prováveis sequelas graves ou até mesmo morta!  Mas cá está ela falando e agindo como se nada estivesse acontecido! —  Respondeu o médico. —  Isso é um milagre.

—  É, legal. Já posso ir? Tenho revisão para a prova... Sabe como é, estudantes né. —  Respondeu Alexia retirando a faixa da cabeça.

—  Ei, ei. Não remova isso! — Disse o médico. —  E não pode ir para a escola hoje! É extremamente importante que fique em..

—  Sei, sei. —  Disse Alexia se levantando e colocando a faixa em cima da cama. —  Caguei para isso. —  Disse ela puxando o irmão. —  Eu falei para você que eles iriam encher o saco.

—  Ei! Você não pode deixar o hospital assim! Precisa assinar um...

— Valeu doutor! A gente se vê! —  Disse a menina dando tchau.

—  Queria ter tido certeza que estava bem! —  Respondeu o menino.

—  Você sabe que não somos humanos! Se eu tivesse na merda eu iria saber! —  Disse ela saindo do hospital. — Notícias da Maca?

—  Ainda não perguntei a ela. Mas se ela for a escola perguntaremos. —  Disse Zak com a mochila nas costas e a da sua irmã na sua mão. — Ok. Depois da escola a gente passa na casa dela para conferir como ela está.

—  Espera. — Disse Zak a parando no meio da rua. — E... Sobre o papai? Como vamos voltar para casa hoje?

— Não vamos... É capaz dele me enviar para a Bolívia da próxima vez e te mandar para algum colégio de padres.

—  Credo! Que horror!

— Se virar um padre você sabe que te faço engolir um crucifixo! —  Respondeu ela tirando sarro da situação.

—  Vou falar com Macayla. Os pais dela estão viajando talvez ela deixe a gente ficar até mamãe chegar de viagem e levar a gente. —  Ele respondeu.

—  Mas... A mamãe mora em outro estado... E ela não pretende morar aqui. Se formos com ela, você sabe que...

—  É... Eu sei... Vamos, resolvemos essa parte depois. Não vamos ficar pensando nisso agora... — Disse ele e Alex fez que sim com a cabeça.

***

  Desta vez, Macayla estava vestida. Respirou fundo ao ver Rachel sentada na sua sala. A rainha parecia pensativa. Apoiava os cotovelos nas coxas enquanto segurava seu copo de uísque com as duas mãos.

  Na mesa estava a garrafa já no final, sem saber dizer se foi em sua maioria o pai, ou a vampira. Tinha algo de estranho nela. Ela estava diferente, mais sombria. Encarava uma fotografia suspensa na mesa da família. Nele Macayla era apenas uma criança, abraçando o cachorro Hela que não fora visto até então. Seus pais estavam abraçados e todos sorriam. Até mesmo o cachorro parecia sorrir na foto.

— Aonde ela está? —  Perguntou Rachel e Macayla se aproximou ainda sem manter muito contato com a vampira encarando a fotografia.

— Meus pais viajaram. Estão em lua de mel...

—  Falo da cadela... —  Respondeu e Maca encarou a foto.

—  Hela... Ela era um ótimo cachorro. A melhor cadela que um alguém poderia ter, mas ela morreu há um tempo atrás... Na época eu já tinha perdido o controle dos meus poderes e não podia arriscar ressuscitá-la de novo. Até por que não sabíamos o que poderia acontecer com ela se fosse ressuscitada pela segunda vez... 

—  Morreu como?

 Macayla encarou Rachel.

— Estávamos brincando. Quando pedi que ela fosse buscar a bolinha... O carro não viu... —  Respondeu e Rachel a encarou, acariciou a mão de Maca que observou o gesto e franziu a testa.

— Eu sinto muito. — Disse Rachel.

— Você já sabia. —  Disse Macayla. —  Não finja que não sabia. — Ela puxou sua mão para que Rachel entendesse que até ela se explicar, não haveria contato físico.

  A vampira voltou a olhar para a fotografia quando fechou os olhos e os abriu novamente.

— Tudo bem... Vou te dizer tudo. — Disse Rachel voltando a encarar Macayla. —  Mas primeiro, preciso me alimentar. —  Os olhos de Rachel ficaram vermelhos e ela sorriu. 

—  Não... Nem pensar, tira essa boca sexy e sensual daqui! —  Disse ela já imaginando que seria o provável jantar. 








Descendentes do Inferno - Uma história Renegados do Inferno - Vol ÚnicoWhere stories live. Discover now