Capítulo Sete

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— Não vou sair, e ninguém vai me tirar daqui. — Diz Jade sentando no sofá e cruzando seus braços.

Está Emília e Joana há aproximadamente 30 minutos, tentando convencer Jade a fazer uma trilha pela floresta.

— Vamos Jade, já não está mais frio, o sol está quase saindo. Um dia lindo para fazer uma trilha. Você vai adorar, com certeza. — Diz Joana, que está sentada ao lado da menina.

— Eu tenho certeza que não vou gostar. Sol, mosquitos. Não sou fã disso aí não.

— Deixa, eu fico com ela. — Diz Nicholas descendo as escadas. — Também não estou muito no clima. Podem ir.

Emília e Joana se entreolham e soltam uns sorrisinhos. O plano deles duas de juntar eles dois está fluindo melhor do que pensavam.

— Então tá bom, não iremos demorar. — Emília diz depositando um beijo na testa de Nicholas e Jade, logo Joana também faz o mesmo. — Juízo.

Elas saem pela porta deixando os dois sozinhos na casa. Nicholas se senta ao lado de Jade e olha para o nada, como Jade também está fazendo. Os dois olhando para o nada mas com a cabeça pensando em tudo.

— Por que ficou em casa? Você tinha me dito que adora trilha. — Jade para de olhar para o nada e agora olha para o rapaz.

— Eu estou te devendo uma mesmo. — Seu olhar vai de encontro ao de Jade. — Eu realmente também não estava muito afim de ir.

— Obrigada. — A menina sussurra em um tom de voz quase inaudível.

— Desculpa, eu não te ouvi. Pode repetir, por favor? — Ele se vira completamente pra ela, a provocando.

— Eu disse "obrigada". — Ela fica vermelha com o olhar dele sob ela.

O que está acontecendo ali, é que o sentimento de ódio está sendo substituído por de amor e amizade. Ambos já deixaram claro um para o outro que não se odiavam, mas ambos também gostavam de alimentar esse ódio fictício que não existe por puro ego.

— De nada. — Ele ri e deposita um beijo de testa de Jade, deixando a menina mais envergonhada ainda. — Pimentinha.

Nicholas se direciona a cozinha para fazer algo para ele comer, mas antes disso, volta na sala e pergunta se Jade quer algo.

— Irei cozinhar pra gente. Quer comer o que?

— Desde quando você cozinha? — Ela indaga, com a sobrancelha arqueada e com um sorrisinho debochado no rosto.

— Você está duvidando dos meus poderes na cozinha, senhorita Jade?

— Que eu me lembre, a última vez que você pegou numa panela, você quase botou fogo na cozinha da tia Joana. — Ela se levanta e vai em direção a cozinha. — Deixa que eu faço algo pra gente comer.

Ela mexe na geladeira e nos armários, logo pega uma panela e põe no fogo, pensando no que poderia fazer.

— Que tal panquecas? — Ela pergunta a Nicholas, que está parado na porta a observando.

— Eu irei adorar.

Nicholas está sendo tão carinhoso e gentil com ela. Por que? Ninguém sabe. Simplesmente ele está deixando aos poucos de provoca-lá e começando a ser um garoto gentil. Talvez Jade não fosse admitir, mas ela está amando todo esse amor e carinho. Na verdade, os dois estão amando essa "amizade" que eles estão construindo. Estão aprendendo a ficar na mesma companhia sem brigar, e está sendo uma experiência adorável e memorável.

— Sabe, Nicholas, eu estava pensando. — Ela começa a falar e dar uma pausa enquanto faz as panquecas. — Você que conhece isso aqui melhor que eu, afinal a casa é da sua mãe, não existe mais nada que a gente possa fazer sem ser trilha?

Ele pensa. Ali não tem muito o que de fazer, porque é literalmente no meio do mato.

— Aqui não tem muito o que se fazer. Mas se você quiser, eu posso te levar em um lugar muito bonito, que dá pra ver todas as estrelas. E eu sei que você desde pequena gosto das estrelas, do universo, então acho que vai ser uma boa.

— Meu sonho de princesa ver as estrelas sem nenhum tipo de luz artificial. — Ela ri concentrada nas panquecas. — Pode ser hoje?

— Acho que não, porque eu vi na meteorologia que o tempo vai ficar nublado mais tarde, então será viagem perdida. Mas amanhã eu te levo lá sem falta.

— Por mim, tudo bem.

E os dois continuaram ali, conversando e conversando. Se entendo como ninguém.

Jade sente algo estranho na presença de Nicholas, algo como borboletas no estômago mas, de acordo com ela, não é nada demais. É só por ela estar feliz deles estarem virando amigos, palavras dela com a sua amiga no telefone quando conseguiu sinal. Já Nicholas, sente que precisa proteger e cuidar de Jade, algo de amizade, assim disse ele pra si mesmo.

Nenhum dos dois iriam admitir, mas o que estava acontecendo ali é algo bem além de só um sentimento de cuidado e sentimento de amizade. E eles sabem disso.

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