Inimigos De Infância

Capítulo Quarenta e Oito

Nicholas:

— Nicholas. Nicholas. Acorda. — Ouça a voz de Jade, enquanto sinto todo o meu corpo sendo chacoalhado.

Abro meus olhos vagarosamente tentando me acostumar com a claridade, até levar meu olhar pra Jade que está sentada ao meu lado, enquanto me olha atentamente.

— O que foi? — Pergunto coçando meus olhos e me sentando na
cama. — E porque você está me acordando tão cedo?

— Cedo, Nicholas? Quase 11h da manhã. — Ela fala revirando os olhos. — Mas enfim, eu vim aqui por outro motivo.

— Bateu saudades?

— Não. Vim aqui pra dizer que nosso aniversário está chegando. É daqui uma semana.

Eu tinha me esquecido completamente disso. Na verdade, não ando prestando muita atenção nas coisas. Principalmente em datas.

Não me sinto muito animado. Fazer aniversário nunca foi algo que eu sempre gostei muito.
Penso que ao invés de um ano a mais, é um ano a menos. Mas até que quando eu era criança e comemorava junto de Jade, era algo divertido.

— Nós iremos fazer 18 anos. Precisamos fazer uma festa com muita droga e bebida. — Ela diz, fazendo com que eu a olhe com a sobrancelha arqueada. Ver isso saindo da boca dela é meio estranho. — Eu estou brincando em relação às drogas mas estou falando sério em relação as bebidas.

— Então você quer fazer uma festa? — Pergunto, fazendo ela balançar a cabeça positivamente, de forma animada. — Certo, vamos fazer essa festa.

Ela dá um largo sorriso e em seguida, me laça em um abraço apertado. Ela realmente está animada pra isso, inevitavelmente eu também fico. Sua felicidade é contagiante.

— A gente precisa começar os preparativos. Só temos uma semana.

— Vai ser na sua ou na minha casa? — Pergunto, vendo uma expressão de dúvida se formar em seu rosto.

— Tanto faz, acho que pode ser na minha. — Ela dá de ombros. — Podemos sair hoje para comprar as coisas?

— Claro, como quiser.

(...)

— A gente realmente precisa de tantas bebidas assim? — Jade pergunta, analisando as sacolas, as quais eu coloco no porta-malas do carro.

— Sim, a menos que você queira substituir isso por drogas. Que vai dar uma sensação semelhantes para aqueles jovens sedentos por
bebidas. — Dou de ombros entrando dentro do carro, e ela faz o mesmo em seguida.

— Esses adolescentes de hoje em dia... — Ela fala, me fazendo dar uma risada.

Assim como ela quis, saímos pra comprar as coisas para festa. Ela realmente está muito animada pra isso. Compramos bebidas, comidas, descartáveis. Tudo que é necessário para uma festa.

Começo a dirigir, me concentrando na estrada
Mas escuto Jade resmungando algumas coisas enquanto reluta contra o som do carro, apertando todos os botões possíveis.

— Por que isso não quer ligar, Nicholas?

— Você pode tentar apertar o botão de ligar ao invés do que desligar. — Digo, olhando para ela rapidamente.

— Ah, ligou. — Ela fala rindo após o som ter ligado.  E em seguida, ela se encosta no banco do carro, ficando em silêncio.

Permanecemos em silêncio, apenas com uma música ecoando por todo o carro, por alguns minutos, até ela perceber que estou seguindo um trajeto diferente do qual nos leva para casa.

— Pra onde estamos indo?

— Vou te sequestrar. — Digo, tentando segurar a risada.

— Eu estou falando sério. Pra onde você está me levando? — Ela pergunta de forma
manhosa, com um biquinho formado em sua boca.

Não respondo nada, apenas dou um pequeno sorriso prestando atenção na estrada, mas vendo de canto ela ficar emburrada com os braços cruzados, sem olhar pra mim.

Em pouco menos de 20 minutos, estaciono e saio de dentro do carro junto de Jade. Sua expressão de emburrada muda no mesmo instante, ao ver a paisagem a sua frente.

Lhe trouxe em uma praia. Como a tarde já está dando lugar a noite, o céu é ocupado por um belo pôr do sol. Ver o pôr do sol é incrível. Na praia, fica cem vezes mais incrível. Ao lado dela, fica
perfeito.

Ela me olha com seus olhos brilhando e um sorriso largo iluminando seu rosto. Ela não precisa dizer nada pra mostrar que gostou.

Estendo minha mão pra ela, que a pega e caminhamos juntos até a orla. Algumas pessoas tomam banho no mar, outras estão sentadas na areia, outras sozinhas. Até que para o horário, tem bastante pessoas na
praia.

Nos sentamos em um banco, observando o céu alaranjado e o sol indo embora.
Passo meu braço pelo ombro de Jade, trazendo ela pra mais perto de mim. Ela deposita sua cabeça em meu ombro enquanto brinca calmamente com a minha mão.

— Obrigada, por ter me trazido aqui. É lindo. — Ela fala observando o mar.

O sol iluminando seu rosto lhe deixa ainda mais bonita. E só consigo ver como eu me apaixonei por ela.
Um sentimento tão diferente de todos os outros. Diferente, porque ninguém nunca fez com que eu me sentisse dessa forma.
Entregue ao amor, entregue a amar. E ela conseguiu, sem ao menos querer.

Minha parte predileta do meu dia, é estar com ela. E se passo um dia sem vê-la, mais me parece um dia sem cor e nublado.
Quem diria que eu me apaixonaria por essa garota que por muito tempo, eu a odiei. A vida as vezes me surpreende. Mas ela foi, sem dúvidas, a melhor supresa que já tive.