Capítulo Dezessete

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Nicholas:

— Se der pra gente sair ainda hoje, seria ótimo. — Digo parado na porta da cozinha observando Jade enchendo uma bolsa térmica com todo tipo de comida possível.

— Não me apressa não. — Ela fecha a cara olhando pra mim, ficando extremamente fofa. — Eu já vou, só não quero que a gente passe fome. Comer é necessário.

Levanto minhas mãos em rendição e volto pra sala, me sentando no sofá ao lado de tia Emília, que assiste um filme concentrada junto da minha mãe.

Em questão de minutos, Jade aparece na sala com a bolsa, e joga no meu colo.

— Você leva.

— Porque eu?

— Porque você faz tudo que eu mando.

A olho com a sobrancelha arqueada, e ele faz uma expressão do tipo: “ Você vai entender por si só ou quer que eu diga pra elas que estamos forjando um namoro e que você tem que fazer tudo que eu mando?”. Uma expressão facial de Jade diz mais que qualquer coisa.

Me levanto do sofá, me despedindo das duas que quase não me dão atenção e caminho até meu carro com Jade.

— Não sabia que fazer tudo que você quer incluía virar seu empregado particular. — Digo colocando o cinto.

— Que bom que agora você sabe. Tá achando que vai me beijar sem pagar um preço por isso? A vida não é um morango não, Nicholas.

Dou uma risada diante seu comentário. Hoje mais cedo tiramos uma foto nos beijando e pra ser sincero eu nem fazia muita questão de postar a foto, mas eu amo provoca-lá.

— É muito longe? — Ela indaga olhando pra mim com seu típico olhar curioso.

— Não, em pouco menos de 20 minutos estamos lá.

— Então porque não fomos a pé?

— Não sei Jade, mas se você queria sair andando por um atalho que é rodeado de árvore, escuro e perigoso era só ter dito. — Digo olhando pra estrada, mas de canto a observo levantando o dedo do meio pra mim.

Em menos de 20 minutos chegamos ao meu amado lugar. Aqui faz bastante frio também, mas é um frio que vale a pena passar.

Aqui é rodeado de árvores, mas o que mais chama atenção é o céu brilhante, estrelado. Não existe nenhum tipo de iluminação artificial aqui, então o que apenas ilumina o lugar é a lua.

Saímos do carro, andando apenas a alguns passos pra longe do carro. Jade estende um pano no chão, e nos sentamos um ao lado do outro.

Observo seu olhar em encantado para o céu, e um pequeno sorriso dançando em seu rosto. Ainda mais linda.

— É incrível. Obrigada por ter me trazido aqui. — Sou surpreendido por um abraço apertado dela.

Desde criança ela é completamente encantada pelo céu, pelas estrelas, lua. E parece que não mudou muito.

Logo ela volta pra sua posição sentada, observando o céu, com o sorriso ainda estampado em seu rosto. Observando cada detalhe do céu. Cada estrela. Cada feixe de luz.

— Deita aqui. —  Chamo a atenção dela, apontando pra minhas pernas.

Acho que definitivamente toda inimizade de tínhamos um do outro se foi. Não existe mais. Em poucos dias acabamos com brigas que duraram por anos.

Começo a mexer calmante em seu cabelo encaracolado, completamente fascinado. Pelo seu cabelo. Pelo momento. Por ela. Por tudo.

“Dizem que cada átomo do seu corpo, um dia, foi uma estrela no céu.”

Lembro-me dessa frase e que eu a achava a coisa mais brega e ridícula. Mas, agora ela faz tanto sentido quanto o ar que eu respiro. Acredito que ela seja a constelação mais linda que já se viu.

— Nicholas, uma estrela cadente, faz um pedido, rápido! — Ela diz animada apontando pro céu enquanto me olha. Ela dá uma longa pausa e volta a falar.  — Fez o pedido?

— Fiz.

— E pediu o que?

— Não posso falar, se não, não vai se realizar.

— Por favorzinho! — Ela diz fazendo um biquinho absurdamente fofo.

— Não, mas quem sabe um dia eu te conte...

Ela resmunga algo voltando a se deitar na minha perna e voltando a analisar o céu. Faço o mesmo. Observo o céu estrelado. E vejo mais uma estrela cadente. E mais uma. E em frações de segundos começa incontáveis estrelas cadentes pairando no céu.

— É uma chuva de meteoros? — Jade indaga.

— Sim... — Digo abismado. Eu venho aqui desde novo, e nunca presenciei isso. — Nós demos sortes.

Tudo contribuí pra essa noite ser incrível e inesquecível pra ela. Eu sei que ela está saltitante por dentro.
E eu, ao ver pela primeira vez uma chuva de meteoros ao lado dela, estou bem contente e surpreso por isso.

— É tão lindo... — Jade diz, em tom de voz baixo e quase imperceptível.

É  verdadeiramente uma obra de arte, e ao lado dela, é perfeito e único.





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