Capítulo Sessenta

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Jade:

— Joana, você precisa ir pra casa e descansar. Vamos, eu te levo. — Minha mãe diz, se ajoelhando ao lado dela.

— Eu não posso ir, não vou deixar ele sozinho. — Ela fala, com a voz fraca.

— Tia Joana. — A chamo, fazendo ela levar seus olhos cansados até mim. — Pode ir, eu fico aqui com ele.

Já está de noite, e desde então não tivemos mais notícias de nada e Nicholas continua dormindo.
Mia e Brian foram embora agora pouco, e pediram pra avisar por qualquer notícia.

Minha mãe está há alguns minutos tentando convencer ela a ir pra casa. E ela não quer, apesar de estar lutando contra os olhos e extremamente fraca.

— Você tem certeza querida? — Ela me pergunta, pegando em minha mão.

— Sim, pode ir pra casa e ficar tranquila.

Ela assente, se levantando e minha mãe vem em minha direção, mexendo em sua bolsa e me entregando um dinheiro.

— Fica bem. Qualquer notícia, não esquece de me ligar e pega esse dinheiro pra você comprar alguma coisa pra comer. Amanhã de manhã estamos de volta. — Ela deposita um beijo em minha testa.

E volta de encontro a tia Joana, e elas duas saem pela porta do hospital juntas.

Respiro fundo e me levanto, indo em passos largos até o quarto dele. Abro a porta, me deparando com uma enfermeira checando o soro dele, e anotando algumas coisas em uma prancheta.

— Ele vai acordar logo? — Pergunto, me sentando em uma poltrona desconfortável ao lado da cama dele.

— Sim, daqui há alguns minutos o efeito do sedativo passa e ele acorda. — Ela diz, checando mais algumas coisas e logo sai do quarto, deixando somente nós dois.

Observo ele, do mesmo jeito de hoje mais cedo. Sem mudar de posição, intacto. Meu coração fica apertado em ver ele assim, ao invés de me fazendo rir e me divertindo.

Pego sua mão fazendo um carinho suave sobre o dorso, observando seu braço com alguns vermelhidão.

Ver ele desse forma só me fez ter certeza de uma coisa:

Eu não só gosto dele, como amo ele também, e preciso dele vivo, comigo e ao meu lado.
Perder ele é uma possibilidade que eu não aceito e não vou deixar acontecer.

Há um tempo atrás, eu estava extremamente confusa sobre tudo que eu sentia por ele, mas parece que as coisas simplesmente foram se encaixando.

Eu gosto dele, eu sou apaixonada por ele e eu amo ele

Sinto minha mão sendo levemente apertada e levo meus olhos até o rosto de Nicholas.

Ele acordou.

Me levanto no mesmo instante, me aproximando mais ainda dele, o olhando com cuidado. Me sento com cuidado em um pequeno espaço em sua cama.
Aos poucos seus olhos vão se abrindo, até ir de encontro ao meu e um pequeno sorriso se formar em seu rosto pálido.

— Finalmente você acordou.

— Acordei e com uma bela visão pra quem acabou de sofrer um acidente. — Ele diz com sua voz um pouco fraca, me fazendo rir.

Me inclino pra mais perto dele, analisando cada mínino detalhe do seu rosto.
Ele leva sua mão até meu rosto, acariciando minha bochecha com o polegar.

— Eu achei que iria te perder. — Sussurro.

— Você jamais vai me perder.

Sem hesitar, colo nossos lábios em um beijo calmo e apaixonado, apesar de eu estar um pouco desajeitada para não machucá-lo.
Nossas línguas se conhecem tão bem, e mesmo apesar das circunstâncias, o beijo é o mesmo. Carregado de sentimentos e de paixão.

Um hospital não é o melhor lugar pra beijar alguém, mas eu definitivamente precisava disso, precisava dele.

Separo nossos lábios, ainda de olhos fechados, sentindo sua respiração próxima da minha.

Abro meus olhos, encarando o seu olhar vidrados em mim, e um sorriso se forma em minha
boca.

— Você é doido.

— Sou doido por você.

Meu sorriso aumenta e dou um pequeno selinho em seus lábios, saindo da sua cama e ficando em pé ao lado dele.

— Cadê minha mãe?

— Ela foi pra casa porque estava muito mal e precisava descansar, estava muito aba...

Paro de falar após alguém dar duas batidinhas na porta. Logo ela é aberta, revelando a mesma médica.

— Como você está se sentindo? — Ela pegunta, parando ao lado
dele.

— Dolorido. — Ele responde, fazendo uma careta.

— Faz parte. O acidente foi muito grave, você teve sorte de não ter acontecido nada pior. — Ela dá um sorriso. — Posso falar com você, rapidamente? — Ela pergunta pra mim.

— Claro. — Balanço a cabeça positivamente.

Caminhamos pra fora do quarto, parando no corredor, de frente pra porta com ela fechada. Pelo jeito, é coisa séria.

— Pode falar, doutora.

— Não conseguimos achar o sangue compatível ao dele.

— O que? Como não? É impossível não ter uma pessoa compatível que nunca tenha doado sangue. — Passo a mão pelo meu rosto, tentando manter a calma.

— Infelizmente, não é todo mundo que doa sangue. Um ato tão simples que pode salvar vidas. Mas ainda não é motivo pra se desesperar. Quando isso acontece, geralmente as pessoas fazem campanhas na internet a procura de alguém compatível ou... — A interrompo.

— Eu posso doar?

— Pode, se você for saudável e não tiver nem um tipo de vício... E se for compatível, é óbvio.

Eu não sou a maior fã de agulhas, mas em saber que talvez eu possa ajudar a salvar a vida dele, o medo de agulha vira praticamente inexistente.

Eu faço de tudo que estiver ao meu alcance. E se eu precisar simplesmente levar umas agulhadas pra isso, farei e com a maior felicidade do mundo.

Eu amo Nicholas e não posso deixar ele ir.

— Eu quero tentar.

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