Inimigos De Infância

Capítulo Cinquenta e Quatro

Nicholas:

Observo Jade pulando e dançando com outras pessoas, incansavelmente.
Ela parece muito mais que bêbada, mas por incrível que seja, não a vi bebendo nem mesmo três copos.

— O que deu nela? — Pergunto pra Mia, que está ao meu lado encostada em Brian.

— Eu não faço ideia. Mas pura ela não está. Não é melhor ela subir e tentar descansar? Acho que ela exagerou um pouco no álcool dessa vez.

— Você acha que eu não tentei? Ela continuou dançando e fingindo que eu nem estava falando com ela.

Continuo a observando de longe. Será que ela não se cansa? Eu não sei há quanto tempo exatamente ela está dançando sem dar uma pausa, mas sei que é bastante.

Após alguns minutos, ela vai cessando aos poucos os seus movimentos, ficando parada no meio de todo mundo, olhando pro chão.
Em seguida, ela sai andando e sobe as escadas apoiando-se no corrimão, até sumir totalmente do meu campo de visão.

Resolvo ir atrás dela. Acho que pelo seu estado, não é muito seguro deixá-la sozinha.
Subo as escadas rapidamente, já imaginando aonde possivelmente irei encontrá-la

— Jade? — A chamo, dando duas batidinhas na porta do
banheiro.

— Pode entrar. — Ela fala do outro lado, com a voz um pouco abafada.

Abro a porta, vendo ela sentada e encostada na parede, olhando pra mim com sua maquiagem levemente borrada e seus cabelos meio bagunçados.

— Você está bem?

— Não. — Ela fala, dando uma risada. — Senta aqui, do meu lado.

— O que você veio fazer aqui em cima? — Pergunto, após me sentar ao seu lado.

— Não tenho ideia. — Ela diz, bocejando e fechando seus olhos lentamente.

Ela encosta sua cabeça em meu ombro sem dizer mais nada, ainda de olhos fechados.
E ficamos em silêncio, apenas com a música abafada vindo lá de baixo. Tenho quase certeza que amanhã ela irá acordar exausta e não querendo nem mesmo provar qualquer coisa que tenha álcool no meio.
Após alguns minutos em silêncio, ela levanta seu rosto, me olhando. Seus olhos parecem estar ainda mais brilhante, apesar dela estar cansada.

— Eu acho que eu estou apaixonada por você. — Ela fala séria, mas tendo uma crise de risos em seguida.

Sinto meu coração errar um batida, e um pequeno sorriso surge em meu rosto. É incrível e inédito ouvir isso da boca dela. As palavras parecem que ficam até mais bonitas, como músicas para os meus ouvidos.
Mas seria bem melhor se ela estivesse sóbria, ou pelo menos um pouco, que seja.
Não que eu esteja duvidando da sua palavra, mas eu definitivamente iria adorar ver ela falando isso sem impulso do álcool.

— Eu acreditaria bem mais se você não estivesse bêbada.

— Mas eu não estou bêbada. — Ela fala, fazendo com que eu a olhe de sobrancelha arqueada. — Tá bom, talvez levemente alterada.

O dia que eu escutar isso da boca dela, sem precisar de álcool para influenciar, acho que serei uma das pessoas mais realizadas do mundo. Eu realmente me apaixonei por ela, então tudo que eu mais quero é vê-la dizendo isso.