Capítulo Trinta

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Jade:

A situação com seu pai abalou bastante Nicholas. Ele ficou tão pra baixo e tão triste, que fiquei com ele depois que voltamos do restaurante. Ele saiu de lá acabado. Nem posso imaginar o que está passando na cabeça dele.

Assim que chegamos, subimos para o seu quarto e ele ficou deitado no meu colo, chorando baixinho. Não ficamos muito no restaurante depois que David falou tudo, eles apenas conversaram um pouco e depois Nicholas resolveu voltar pra casa. Não ficamos nem 1h no restaurante. Embora no restaurante ele apenas chorou um pouco, chegou em casa ele praticamente desabou. Não disse nada, apenas chorou. 

Não tive muito o que fazer, e nem o que falar. O que faz com uma pessoa que achou que seu pai tinha lhe abandonado e agora ele aparece do nada dizendo que sumiu porque estava protegendo ele e a sua mãe ?

Me deixa tão triste ver ele assim. Prefiro ele mais animado, ao meu lado, rindo com suas brincadeiras e me deixando sem jeito.

— Nicholas, você precisa comer alguma coisa. Você sequer comeu  algo no restaurante e quando chegou também não comeu nada. — Digo a ele que está deitado em sua cama abraçado a um travesseiro.

— Eu não quero. — Sua voz é baixa, quase imperceptível.

Tiro o travesseiro dos seus braços, me deitando ao seu lado e analisando seu rosto vermelho e inchado.

— Você não pode ficar sem comer pra sempre. — Digo fazendo um carinho delicado em seu rosto. — Você vai acabar passando mal assim. Por favor, só um sanduíche pelo menos.

— Tá bom.

— Vou buscar. — Digo me levantando e logo ele vem atrás de mim. — Vai aonde?

— Jade, eu estou triste, não doente. — Ele fala dando um pequeno sorriso.

Pelo visto já está voltando ao normal. E eu prefiro ele assim, embora as vezes me irrite um pouco.

Descemos as escadas, caminhando até a cozinha. Olho pra ele, que mantém uma carranca no seu rosto.

Ele se direciona até um armário pegando um saco de biscoito doce e pegando uma garrafa de água na geladeira.

— Vamos. — Ele diz pondo tudo em uma mão e pegando meu braço com sua outra mão, me puxando até seu quarto de novo.

Ele se senta na cama abrindo o saco de biscoito, ainda com sua cara de mal humorado, e comendo apenas três biscoitos. Em seguida, ele fecha o saco de biscoito de qualquer forma, pondo em cima da pequena mesinha de cabeceira preta, combinando com todo o seu quarto preto e branco.
Ele abre a garrafa d'água, dando alguns goles e depois depositando também a garrafa na mesinha.

— Satisfeita? — Ele me pergunta com a sobrancelha arqueada.

— Nicholas, reage. — Digo pegando em seu ombro e o sacudindo enquanto ele revira os olhos. — Seu pai está de volta, isso não é bom?

— Claro que é bom. Só que não estou assimilando nada, entendeu? É muita coisa pra digerir. — Ele fala e seus olhos começam a se encher d'água novamente.

— Ah não, chega de chorar. Você já deve estar ficando desidratado de tanto chorar. — Digo secando suas lágrimas. —  Vamos fazer alguma coisa pra te animar.

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