Capítulo Sessenta e Três.

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Jade:

Já fazem alguns dias desde que  Nicholas voltou pra casa, e eu diria que ele está melhor que nunca.
Quem o vê agora, nem imagina que ele sofreu um acidente daquela proporção.

Seus machucados estão quase todos curados, e ele já não sente mais tanta dor, graças aos antibiótico.

Apesar de não estar indo pra escola, estou copiando todos os deveres por ele e o ajudando com as matérias. O ano letivo já está próximo de acabar, então ele não pode perder nada.

Inclusive, o assunto do momento é o tal baile de outono. Os alunos estão tão animados pra arrumação, que eles mesmo terão que fazer, como também estão muito animados para a festa.

Tem tudo pra ser um baile memorável.

— Ai, você está me machucando. — Nicholas reclama, fazendo uma careta.

— Que pena. — Brinco, dando uma risada. — Estou brincando, mas tem que passar o remédio senão isso não cura nunca. — Passo o algodão delicadamente sobre o seu braço, na pequena cicatriz onde foi feita a cirurgia.

— Eu não aguento mais ficar em casa. — Ele diz, jogando a cabeça pra trás. — Me sinto um prisioneiro.

— Veja pelo lado bom, semana que vem você já volta a estudar. — Guardo o mini kit pra cuidar dos seus machucados e me sento lado dele, depositando um beijo em sua bochecha.

Eu não sei exatamente em que estágio estamos. O sentimento é recíproco, e isso nós sabemos mas como pede em namoro uma pessoa que você já “namora”?  Nenhum de nós dois temos idéia de como passar pra outra fase.

Eu só estou esperando o momento certo pra dizer tudo o que eu sinto de verdade por ele, e eu sinto que esse momento, apesar de próximo, ainda não chegou.

Depois do beijo no hospital, não rolou muita coisa porque nenhum de nós dois nos atrevemos há algo a mais.

Não existe palavra certa pra definir como está as coisas entre a gente. Arrisco dizer que, estão andando em passos vagarosos mas aos pouquinhos está tudo acontecendo.

Ver Nicholas naquela cama, me fez apreender uma lição: O ser humano só valoriza quando perde ou quando quase perde.

Precisou de um acidente, pra me mostrar tudo que eu sinto por ele, sentimentos que eu estava tentando me negar a sentir e enganando a mim mesma.
E foi quando ele estava sedado em uma cama, que eu queria dizer tudo pra ele e agora eu sinto que não é momento, que eu não consigo, embora queira e muito.

Mas como dizem: Tudo é uma lição.

(...)

Me deito em minha cama tranquilamente, cobrindo todo o meu corpo e dando uma checada em minhas redes sociais.

Depois de alguns minutos, desligo meu celular, colocando na mesinha ao lado da minha cama. Me aconchego na cama, prendendo meu cabelo em um rabo de cavalo e fecho meus olhos.

Mas o silêncio do meu quarto é substituído pelo toque do meu celular, fazendo com que eu abra os meus olhos e pegue o celular de novo. É o número de Nicholas estampado no visor.

— Jade?

— Que foi?

— Desce aqui embaixo e abre a porta. Rápido.

Antes que possa contestar ou perguntar o porquê dele estar na minha porta a essas horas, ele desliga o telefone.

Franzo minha testa, olhando com curiosidade para o meu celular. O que será tão importante que não pode esperar até amanhã?

Me descubro, levantando da cama e calçando minhas pantufas de gatinhos e desço as escadas em silêncio, parando em frente a porta fechada.

A abro, me deparando com Nicholas apoiado no batente da porta, de braços cruzados e seus olhos vão de encontro ao meu.

— Por que você está aqui uma ho...  — Sou interrompida por Nicholas puxando minha cintura e colando nossos corpos, em um gesto rápido.

Ele me olha com seus olhos que parecem muito mais escuros e penetrantes, adentrando suas duas mãos em meus cabelos e aproximando nossas bocas. Fecho meus olhos após sentir sua respiração quente e descontrolada muito próxima da minha.

Ele cola nossos lábios no mesmo segundo, me surpreendendo. Mas logo dou passagem pra sua língua adentrar em minha boca.

Um beijo que ao mesmo tempo que parece ser carregado de desejo, também é carregado de paixão e necessidade um do outro.
Aquele beijo de deixar sem fôlego e com as pernas bambas. É exatamente assim que ele me deixa. Fraca.
Ele desce sua mão até minha coxa, apertando fortemente. Como eu quero ele...

Ele descola nossos lábios, percorrendo uma trilha de beijos em meu pescoço, fazendo um breve gemido escapar pelos meus lábios. Ele sabe o quanto quero ele e quanto o desejo, e se aproveita disso.

Deslizo minha mão até sua intimidade, sentindo um leve volume em seu short. Aperto sua ereção, fazendo com que eu solte um sorriso ao ver ele suspirar.

— Você me deixa maluco. — Ele sussurra em meu ouvido, e em seguida ataca meus lábios novamente

Por um momento, quase me esqueci que estamos na porta da minha casa. Com a porta aberta, inclusive. Infelizmente.

Finalizo o beijo, e ele deposita três selinhos em meus lábios, fazendo um sorriso se formar nos nossos lábios. O encaro. Seu olhar diz tantas coisas...

— Só vim te dar boa noite. — Ele sorri, largando meu rosto e descolando nossos corpos. Eu poderia passar tranquilamente a noite toda, sentindo a pele dele em contato com a minha. — Boa noite.

Ele se vira, e atravessa a rua indo para sua casa. Ele abre a porta e antes de entrar, me olha por alguns segundos.

Dou um pequeno sorriso, e fecho a porta, me encostando nela, tentando assimilar o que acabou de acontecer.

A cada toque dele, fica mais difícil de controlar o desejo que tenho por ele. Mais uma vez as coisas esquentaram, deixando nós dois apenas na vontade. 

Esse garoto está me fazendo perder todos os meus sentidos. Eu só quero ele, eu só desejo ele. E eu preciso dele.

Quero ele ao meu lado, comigo, e principalmente, dentro de
mim.

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