Inimigos De Infância

Capítulo Oitenta e Quatro

Jade:

— Nicholas, se você continuar me irritando assim eu vou ser obrigada a te jogar da janela.

— Por que você está tão irritada, pimentinha?

Cruzo os braços, olhando pra televisão desligada a minha frente. Hoje eu não acordei boa, ainda estou com uma cólica insuportável. E é justamente o dia que Nicholas resolve me perturbar mais que o normal.

— Sabia que você está me fazendo lembrar da época que eu te odiava? — Digo sem olhar pra ele, mas escuto sua gargalhada.

— Corrigindo. Época que você me amava mas não admitia.

— Vai dormir, vai. — Me viro de costas pra ele, ajeitando o travesseiro.

Sinto ele se aproximar de mim, e sua respiração em meu pescoço. Ele dá uma risada leve e leva sua mão até minha barriga, acariciando delicadamente.

— Não fica estressada, sua cólica é sinônimo que ainda não tem um mini Nicholas ou uma mini Jade aqui dentro.

Deixo uma pequena risada escapar junto com toda minha carranca. É impossível ficar séria do lado dele, por mais estressada que eu esteja. Ele com certeza vai fazer algo que a risada vai ser inevitável. Eu namoro o cara certo.

Me viro de frente pra ele, analisando seu rosto com cuidado. Eu me acho a pessoa mais sortuda do mundo em ter Nicholas comigo, que mesmo quando estou muito mais insuportável que o normal, ele me atura e ainda consegue me fazer sorrir.

— Ainda?

— Sim. A gente vai ter vários bebês, mas não agora. Mas vamos ter. Um, dois, três, quatro. Nossa casa vai ser cheio de bebês, que vão ter o cabelo cacheados igual o seu. — Ele dá um sorriso largo e seus olhos literalmente brilham ao falar. Ele está falando muito mais que sério. — E eles vão ser lindos.

— Só se tiverem seus olhos e seu sorriso.

Eu tenho a sensação que meu relacionamento com Nicholas parece ser um sonho que eu vou acordar a qualquer instante. Eu nunca me entendi com alguém tão bem quanto eu me entendo com ele. Nossa química parece aumentar a cada dia.

É tão forte a conexão que temos, que eu não consigo me imaginar entrando no altar com ninguém a não ser ele. Não consigo me imaginar tendo os meus filhos com outra pessoa sem ser ele.

Eu o odiava. Mas pra ser sincera, ele é exatamente tudo que eu sempre sonhei.

— Nossos filhos serão os mais bonito desse mundo.

(...)

— Prontinho. Pode comer tudo. — Nicholas diz jogando os diversos doces em cima da minha cama.

— Eu já disse que te amo? Se não, eu te amo muito. — Dou uma risada, depositando um selinho em seus lábios e me jogando na cama repleta de doces e chocolate. Eu acho que estou no paraíso.

Hoje mais cedo eu disse que estava com vontade de comer doce, e ele foi ao mercado e trouxe quase todo o estoque de doce e guloseimas. Mas eu não vou reclamar, muito pelo contrário.

Quando eu era mais nova, meu pai me comparava a uma formiga. Tanto pelo meu tamanho, que eu nunca fui muito alta para minha idade, e tanto por eu ficar maluca sempre que via uma doce. Bom, as duas coisa não mudaram muito até hoje.

Pego um chocolate e abro rapidamente levando até minha boca. Isso é uma perfeição que não consigo explicar em palavras.

Sinto o olhar de Nicholas sobre mim, e levo meus olhos até ele que está parado na frente da cama me olhando de braços cruzados, como se quisesse me decifrar.

— Quer um pedacinho? Eu divido.

— Não, pode comer. — Ele ri, caminhando até a cama e sentando ao meu lado.

— Por que você me olha tanto?

— Gosto de apreciar a divindade que eu tenho ao meu lado.

Pode passar dias, meses ou anos. Eu sempre irei ficar vermelha com seus elogios. Eu amo, mas é inevitável, e ele faz propositalmente porque sabe que o meu rosto sempre irá me entregar e eu nunca vou ter o que dizer.

— Eu tive tanto medo de te perder...

Dou um pequeno sorriso, e seguro seu rosto entre minhas mãos analisando cada traço seu. Se ele soubesse do medo que eu tive de nunca mais vê-lo...

— Você nunca vai me perder. Você já me tem por completo. Eu já sou só sua. — Deposito um beijo demorado em seus lábios. — Você vai ter que me aturar muito ainda.

— Prometo te amar e te aturar até quando você quiser me jogar da janela. — Ele ri. — Agora não existe mais ninguém pra tentar atrapalhar nós dois.

— Agora é só nós dois. Não existe mais Scarlett ou Meredith. Não existe mais ninguém. Somente eu e você.

Acaricio delicadamente seu rosto e espalho diversos beijos rápidos. Eu sei como ele gosta disso somente pelo seu sorriso. Nicholas é do tipo que não precisa dizer muito pra mostrar que gostou de algo, esse seu sorriso alinhado que ilumina seu rosto todo já o entrega.

— Eu te amo.

— Eu também te amo.