Capítulo Quarenta e Três

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Jade:

— Então quer dizer que vocês andam se beijando por aí, não é? — Mia fala rindo.

Eu nem sei há quanto tempo nós duas estamos sentadas no nosso típico lugar debaixo da arquibancada conversando. Provavelmente, já deve ter professor em sala mas o assunto está tão bom que eu definitivamente passaria o dia inteiro aqui.

— Não é nada demais.

— Duvido que não. Deve ser aqueles beijos de cinema que arrepia o corpo inteiro e deixa as pernas bambas. — Ele fala, fingindo uma cara de apaixonada.

Dou uma risada mas mentalmente concordo com ela. O beijo dele é tudo isso e ainda arrisco dizer que é mais um pouco. Parece que estou levitando quando nossas bocas se encontram.

— Acho melhor a gente ir pra sala. — Digo me levantando mas me sentando novamente ao bater minha cabeça em uma barra de ferro que eu nem lembrava que estava ali. — Merda.

— Presta atenção, sua lerda. — Ela fala após ter uma crise de risos alta. — Mas eu não estou afim de assistir a aula de história hoje.

— Por que não? História é a sua matéria preferida desde sempre.

Desde que conheço ela, não me lembro de uma vez sequer em que ela tirou uma nota vermelha em história. Ela é ótima na matéria, e sabe tudo que se possa imaginar.

— Não sei, não quero ir. — Ela fala e rapidamente sua expressão muda de feliz pra desanimada.

— Mia, o que aconteceu?

Ela pensa um pouco antes de falar alguma coisa. Ela tem seu olhar fixo no chão enquanto esfrega o polegar e o indicador. Ela sempre faz isso quando está muito nervosa ou quando está com medo de alguma coisa. Eu conheço ela, tem alguma coisa lhe afligindo.

— Pode confiar em mim, o que está acontecendo? — Digo segurando seu rosto entre as minhas mãos.

— É porque... — Ela começa, dando uma longa pausa, parecendo procurar as palavras certas. — Você sabe que a antiga professora de história foi substituída há alguns meses atrás, não é? — Ela pergunta e balanço a cabeça positivamente. — Então... Quem entrou no lugar dela foi Rafael, só que desde que ele entrou ele anda fazendo coisas meio... Estranhas.

Eu tenho medo do que eu irei ouvir e aonde que esse assunto irá chegar. Mas eu já imagino o que está acontecendo.

— Estranhas como?

— Algumas vezes que eu fiquei na sala enquanto arrumava o material, sozinha, ele dizia coisa do tipo: “Sabia que voce é a aluna mais bonita que eu tenho” ou
“Você tem um corpo muito bonito” ou “Eu daria 10 pra você em todas as provas que você quisesse, mas você também teria que me ajudar em uma coisa” e ainda disse “Você não quer ir lá em casa pra eu te ajudar a ficar muito boa em história?”.  Jade, teve uma vez que ele passou a mão em mim e disse que foi sem querer.

Apesar de eu já imaginar o que seria, meu queixo cai da mesma forma e automaticamente. Não posso acreditar que ela andava sofrendo assédio na mão daquele professor nojento. E capaz ainda dele já ter feito isso com outras meninas, que também não conseguiram contar ou fazer nada.

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