Inimigos De Infância

Capítulo Doze

— Mamãe, posso entrar? — Jade dá duas batidinhas na porta do quarto de sua mãe, logo entrando e por sorte dando de cara com ela a sós no quarto.

Desde que Jade espiou o que Emília conversava com Joana e descobriu que sua mãe é lésbica, ela ficou um tanto atordoada, sem reação mas com o fim da tarde e ao cair da noite ela resolveu que era importante conversar sobre o assunto com sua mãe.

— Oi, filha. — Ela diz fechando o  livro e o colocando ao lado da cama, em uma pequena estante e se sentando.

Jade se senta de frente para sua mãe, buscando palavras certas e uma alternativa de como conversar com isso sobre sua mãe.

— Eu queria conversar com você sobre uma coisa.

— Sou toda ouvidos. — Ela fala um sorriso calmo no rosto.

— Então, é que... — Ela dar uma longa pausa, respira fundo e retorna a falar. — É que hoje mais cedo eu escutei você conversando com a tia Joana sobre uma coisa.

— E essa coisa séria...? — Ele indaga, tranquilamente sem lembrar-se do que seria.

— Sobre você ser lésbica. — Em questão de segundos sua  expressão de tranquilidade some, e o rosto de Emília é tomado por uma expressão de medo e angústia.

Antes mesmo que Emília abra a boca para dizer algo, Jade a envolve em um grande abraço apertado e caloroso, que sem nenhuma palavra, tranquilizou o coração das duas.

Elas permanecem em silêncio, abraçadas, falando com o coração e lágrimas automáticas surgem nos olhos de Emília. Jade não precisou dizer nada, mas Emília entendeu.

— Eu te amo e jamais irei deixar de te amar. Você é a pessoa mais importante da minha vida e eu quero te ver feliz ao lado de quem for. — Jade diz com sua voz embargada, logo também desmoronando em lágrimas. — Mãe, eu quero que você saiba que não é um problema você gostar de mulheres e que eu estou muito feliz por isso.

Elas se afastam do abraço e ficam se olhando por um curto período até Jade voltar a falar.

— Você levou anos pra superar a morte do meu pai. Foi tão difícil pra você encontrar paz, encontrar o amor de novo. Eu não me importo se você encontrou paz nos braços de uma mulher. Eu não me importo se... — A voz embargada de Jade falha mas logo ela retornar a falar. — Se você quer dormir com homens ou mulheres, eu não me importo. Todos somos iguais e o amor é um só.

Emília não consegue dizer uma palavra sequer diante ao abraço e as palavras de sua filha que realmente significam muito pra ela. As lágrimas apenas rolam disparadas pelo seu rosto.

— Eu tenho medo porque o mundo lá fora é cruel, é maldoso, é preconceituoso. Tenho medo deles não te aceitarem como eu te aceitei e fazerem coisas maldosas. — Ela diz com dificuldade em meios as lágrimas. — Vá, mamãe! Seja feliz, se case novamente, tenha mais filhos, compre uma casa maior. Apenas seja feliz.

E novamente elas se fecham em um abraço, sem precisar dizer mais nada. O coração de Emília está fervilhando de alegria, por ter sido aceita por sua filha e o amor e apoio que ela transpareceu por cada palavra dita.

Jade está imensamente feliz por sua mãe finalmente ter encontrado alguém e ter voltado a sorrir de novo. Era tudo que ela sempre quis. E realmente não faz diferença alguma se  é com uma mulher ou um homem, o importante é ser feliz.

— Você é a filha que qualquer mãe pode desejar. — Ela se afasta da filha, e segura o rosto de Jade entre as mãos.

— Não, você que é a mãe que qualquer filho deseja. — Jade abre um enorme sorriso. — Inclusive, quero conhecê-la logo, não vejo a hora.

Suas risadas preenchem o quarto, trazendo leveza, felicidade e paz para as duas. Uma felicidade sem igual. Única e perfeita.

“Ser gay não é falta de porrada!

Ser lésbica não é porque foi “mal comida” por um homem!

Ser bissexual não é porque é indeciso.

Não é errado amar os dois sexos ou amar o mesmo sexo. Não há justificativa. Aceite todas as formas de amor. O AMOR JAMAIS SERÁ ERRADO!

Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor vale amar!

Apenas seja feliz do seu jeitinho, porque você é perfeitx!🏳️‍🌈

VIVA O AMOR!”