Capitulo 15

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Eu nunca havia ido a um enterro. Mesmo quando meus pais biológicos morreram, eu não compareci ao enterro, que alguns bombeiros pagaram para ser realizado, pois estava no hospital, mas mesmo assim, eu senti a dor da perda, mesmo sem estar nesse ambiente, eu senti a dor da perda. Por isso, eu sei que jogar as cinzas da sua mãe em um rio não deve ser fácil, principalmente quando ela é a única família que você tem !
Josephine está lidando com tudo de uma maneira muito forte, mas mesmo assim é possível ver o quão destruída ela está.
Nós estamos em um táxi, a caminho do aeroporto, pois assim que Jo despejou as cinzas de sua mãe no rio, ela me implorou para voltar para Londres. E eu entendi muito bem o porque dessa pressa, eu sei o quanto é difícil ficar em um lugar que te trás memórias ruins, eu mesmo sofri durante muito tempo quando era criança, e a única coisa que me manteve de pé, foram meus pais adotivos. A maneira como eles cuidaram e me protegeram dos meus medos, me deixou mais forte, e só assim que eu consegui, de certa forma, superar a morte dos meus pais biológicos!
O táxi estaciona, e eu pago a corrida. Saio do carro, e ajudo o motorista a tirar a minha mala e a mochila de Jo da mala do carro.
Encontro o piloto do avião, ao lado das escadas do mesmo e a medida que jo e eu nos aproximamos, o piloto me comprimenta e sobe as escadas, indo na direção da cabine.
JO e eu adentramos o avião, e eu caminho na direção do quarto, para quardar minha mala e a de Jo.


- Eu acho que vou ficar aqui, sabe ? Deitar um pouco e tentar descansar.


Jo diz e eu concordo com a cabeça, eu chego para o lado, para dar espaço para ela passar, e no momento em que jo escolhe se deitar em uma só cama ao invés de na beliche, eu saio do quarto.
Encosto minha cabeça a porta do mesmo, e solto um suspiro profundo. Eu sei que jo não é de falar muito, mas esse seu silêncio já está me deixando preocupado. Sei que as vezes nós não temos vontade de falar, ou conversar com ninguém, principalmente quando se está de luto, mas Jo está excessivamente quieta, e encolhida no seu canto.
Abro a porta do quarto, e da mesma maneira, que meu coração se apertou quando Jo me abraçou quando me viu na porta da suíte do hotel, meu coração se aperta quando vejo Jo encolhida em posição fetal na cama.
Ela solto um soluço e, antes que eu consiga me controlar, eu me aproximo da cama em que Jo está.
Eu tiro meus sapatos e  subo na cama ao mesmo tempo em que abraço Jo por trás.
Fico com medo de estar passando dos limites, da mesma forma que Shene disse pouco antes de eu sair da empresa, mas esse medo desaparece quando Jo se vira, de forma que nós ficamos cara a cara, e me abraça.
Jo encosta a testa em meu peito, e eu passo meus braços ao seu redor, ao mesmo tempo em que acarencio seus cabelos loiros e sedosos.


- Shhhh, está tudo bem. Você vai ficar bem Jo!


Eu digo, em uma tentativa de confortar Jo o máximo possível. 

- Ela me odiava Hero, ela me odiava!

Jo chora, e eu a aperto mais contra mim ao mesmo tempo em que digo :


- O que?! Claro que não! Ela te amava Jo!


- Não. Você tinha que ter visto a maneira como ela me olhou. Ela disse que eu era igual ao Marcos, que eu fugi no momento em que as coisas ficaram difíceis!
Ela disse que eu era uma pessoa horrível, e que ela nunca mais queria me ver!

Jo soluça, e eu tento entender o que está acontecendo.  Por que a mãe de Jo disse essas coisas para ela ? Isso não fazia o menor sentido! Não quando a própria Jo só aceitou minha oferta depois do consentimento de sua mãe !


- Jo, sua mãe estava sóbria quando disse isso ?!


Eu pergunto, mas de uma maneira contida, pois eu sei que esse assunto é um tanto delicado para jo, principalmente agora!
Jo nega com a cabeça, e eu respiro fundo e falo:

- Jo, sua mãe não quis dizer essas coisas, eu sei que não.
Eram só as drogas falando por ela. A sua mãe te amava Jo, e eu tenho certeza que ela não te achava uma pessoa horrível, ela não poderia. Você só aceitou a minha proposta porque ela te deu permição para isso!
Eram as drogas Jo. Você foi a pessoa que mais lutou pelo bem estar da sua mãe, e eu tenho certeza de que se ela estivesse sóbria , ela não teria dito essas coisas !


Eu termino de falar, e Jo se agarra mais a mim, ao mesmo tempo em que soluça mais e mais.
Sinto minha blusa de malha, que eu havia posto no avião quando tirei o terno, ficar molhada com as lágrimas de Josephine, e eu dou um beijo carinhoso no alto de sua cabeça, ao mesmo tempo em que digo:


- Agora, tente dormir um pouco !


- Não acho que conseguiria, mesmo se tentasse!

Jo diz, e eu abro um sorriso, mesmo que ela não esteja vendo e digo:


- Sabe, quando eu fui morar com meus pais adotivos, eu tinha medo de dormir e acordar com eles mortos.
Então, meus pais me levavam para a cama deles, e diziam que estava tudo bem, e que eu estava seguro. Então, eles me abraçavam apertado e faziam um carinho na minha cabeça até eu dormir !


- E o que isso significa ?

Jo pergunta, e eu me acomodo melhor na cama, ao memso tempo em que a abraço apertado e fasso alguns  carinhos em sua cabeça, da mesma forma que meus pais faziam comigo, quando eu era pequeno!
Jo não diz nada, ela apenas me abraça e deixa que eu continue com os carinhos em sua cabeça, alguns minutos depois, percebo que sua respiração fica mais pesada e eu sorrio no escuro, pois sei que ela está dormindo!

●●●

O piloto pousa o meu avião, e eu tomo o maior cuidado para não acordar Jo, que ainda estava adormecida em meus braços. 
Eu me sento na cama, e pego Jo no colo, pois não quero acorda-la, não quando ela chorou o tempo todo antes de, finalmente, pegar no sono.
Saio do avião, e vejo Guilherme parado ao lado do meu carro, eu havia ligado para o meu motorista e mandado ele ir me buscar as 23h, pois essa seria a hora em que tanto eu quanto Jo chegaríamos  de Seattle!



- Nossa malas estão no armário!


Eu digo para Guilherme, ao mesmo tempo em que ele abre a porta do banco de trás, e eu me acomodo no mesmo, ainda com Jo em meus braços.


- A onde nós estamos ?


Jo me pergunta, em uma voz extremamente sonolenta, e eu acarencio seus cabelos loiro e sedosos,  para que ela volte a dormir, ao memso tempo em que digo:



- Estamos no meu carro, indo para casa.
Agora volte a dormir!



Eu termino de falar, e Jo se ajeita melhor no meu colo, mas não levanta a cabeça. Ela apenas me abraça mais forte e deixa que eu continue a acarenciar seus cabelos loiros e sedosos...

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