Capítulo 16

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Abro meus olhos, mas não reconheço o lugar onde estou.
Me sento na cama, que não é a minha, e conforme meus olhos vão se ajustando a claridade da manhã, eu percebo onde estou.
O quarto de hóspedes da casa de Hero, onde eu já dormi uma vez.
Tiro o edredom, que estava me cobrindo, e saio da cama, percebendo que Hero tirou meus sapatos.
Começo a me lembrar do que aconteceu ontem, e me recordo de chorar desenfreadamente no peito de Hero e depois de acordar no colo do mesmo, mas voltar a dormir porque os carinhos que ele estava fazendo em meus cabelos era realmente muito bom!
Saío do quarto, e vou na direção do de Hero. Bato na porta, mas ninguém me responde, decido abrir a mesma mas assim que o fasso, não encontro Hero.
Escuto alguns barulhos vindo do andar de baixo, e decido descer as escadas.
Chego no andar de baixo, e caminho na direção da cozinha, pois é de lá que o barulho vem. Eu adentro a cozinha, e vejo Bianca mechendo em algumas panelas, e Hero sentado no balcão de mármore com uma xícara de café nas mãos e um prato de panquecas com mel em sua frente.
Sinto meu estômago roncar, e me lembro de não ter comigo absolutamente nada ontem a noite, o que explicava minha fome matinal, já que eu não estava acostumada a comer de manhã. 

- Bom dia, Jo!

Bianca exclama, e eu dou um sorrisinho e também lhe desejo um bom dia.
Hero me olha diretamente nos olhos, e eu vejo a preocupação estampada em seus intensos olhos verdes, eu me aproximo do mesmo e me sento ao seu lado no balcão e tento dizer com o olhar que eu estou bem, mas sei que Hero não acredita completamente nisso , porque de fato eu não estou sendo completamente sincera.
Bianca me pergunta se eu quero comer alguma coisa e se surpreende quando eu digo que sim. Na mesma hora, Bianca me dá um prato de panquecas com mel e um garfo, eu aceito ambos e começo a comer. Reparo no olhar que Hero mantém sobre mim, e eu o encaro de volta ao mesmo tempo em que digo:



- Obrigada, por ontem. Eu acho que nunca dormi tão bem em toda a minha vida! 


Aprecio o sorriso com covinhas que Hero me oferece, e eu dou um sorrisinho para o mesmo.
Tanto eu quanto Hero terminamos de comer em absoluto silêncio, mas eu não me incomodo, pois não sinto vontade de falar.


- Eu vou me arrumar, para poder ir para o trabalho!


Eu digo, quando Hero e eu deixamos a cozinha e vamos na direção da sala.



- O que? Não, você não precisa ir. Fique em casa e tente descansar um pouco mais, você não precisa ir trabalhar hoje !


Hero exclama, mas eu fasso um sinal negativo com a cabeça, ao mesmo tempo em que digo :


- Não, eu quero ir. Não quero ficar no meu apartamento pensando no que aconteceu, se eu fizer isso vai ser pior!


Eu digo e é verdade. Mesmo depois das palavras de Hero me proporcionarem um extremo alívio, as palavras da minha mãe ainda ecoavam na minha cabeça e se eu ficasse em casa, sozinha, com meus pensamentos, iria enlouquecer. Então, o melhor a ser feito, era mergulhar no trabalho e tentar não pensar muito na morte extremamente recente da minha mãe!


- Tudo bem, se você tem certeza de que ir trabalhar vai te fazer bem, então nós nos vemos daqui a pouco!


Hero diz, e eu subo as escadas para pegar minha mochila e meu sapato...

●●●

Me olho no espelho do meu enorme closet, e tento me sentir bem comigo mesma, mas simplesmente não consigo .
Eu estou usando a mesma calça jeans preta, do meu primeiro dia de trabalho, uma blusa azul escura de malha, e o meu blazer preto, que eu também usei no meu primeiro dia de emprego.
Mas hoje eu não me importo com minha aparência. Olho no espelho e sinto um enorme vazio em meu peito.
Minha mãe estava morta. Minha mãe estava morta, e eu não tenho mais família. Eu não tenho mais significância!
Escuto o barulho de passos na escada, e encosto a cabeça no espelho ao mesmo tempo em que fecho meus olhos. Já fazia cinco minutos, mais ou menos, que Hero estava no andar de baixo e eu ainda não havia decido.
Sinto a presença de Hero, quando o mesmo adentra o meu closet, e antes que ele possa me perguntar se eu tenho certeza de que quero ir trabalhar, eu desabafo.


   Os Herdeiros Where stories live. Discover now