Os Herdeiros

Capítulo 39

Lavo o sangue de Hero das minhas mãos, e assim que a pele volta a ficar branca, mas com leves manchas vermelhas devido a força que eu usei para limpalas.
Molho meu rosto, e assim que volto a encarar meu reflexo no espelho do banheiro feminino, eu solto um suspiro ao reparar no quão inchado meu rosto está e na vermelhidão de meus olhos.
Saio do banheiro, e encontro Titian encostado na parede do lado esquerdo da porta.

- Toma, você precisa comer alguma coisa.

Titan diz, ao mesmo tempo em que me oferece um saquinho de salgadinhos de uma das máquinas do hospital.
Eu penso em recusar, já que colocar qualquer coisa no estômago parece uma missão impossível no momento, mas sei que vou precisar estar de pé quando finalmente puder ver Hero, por isso eu aceito o salgadinho e reparo em como os olhos de Titan estão vermelhos.
Eu e o irmão mais velho de Hero começamos a andar na direção da sala de espera, e assim que eu vejo Shene e Mercy conversando, eu me aproximo deles.

- Eu posso falar com você ?

Eu pergunto para Shene, e quando o mesmo aceita, Mercy segura levemente minha mão, ao mesmo tempo em que começa a se afastar de mim e de Shene.

- Eu só quero te agradecer. Você está salvando a vida do Hero, e eu sei que se ele não sobrevivesse eu não iria suportar a dor.
Então, obrigada por salva- lo, eu te devo a minha vida, porque sem ele eu não teria uma vida !

Lágrimas voltam a enxer meus olhos, e Shene me abraça antes que eu começe a chorar novamente.
Eu encosto meu queixo no ombro de Shene, e o mesmo diz de um jeito brincalhão : .

- Eu juro que posso ver o rosto enciumado do Hero.

Eu acabo rindo, pois sei que isso é verdade.
Eu e Shene nos afastamos, e Mercy volta a se aproximar de nós dois, mais antes que ela possa dizer qualquer coisa, a médica baixinha e de cabelos castanho escuro aparece, e quando tem a atenção de todos na sala de espera, ela começa a dizer :

- Nós já transferimos o Hero para um quarto particular, e ele já está recebendo a bolça de sangue!

E com essas únicas palavras, eu sinto o ar voltar para os meus pulmões, e meu coração se livrar aos poucos do aberto e da angústia que antes o envolvia por completo.

- Nós podemos vê-lo?

Eu pergunto, e a médica inclina a cabeça levemente para o lado direito e diz de um jeito pensativo e contido.

- O efeito da anestesia ainda não passou por completo, e ele ainda está muito fraco por conta da perda de sangue.
Mas, vocês ainda tem alguns minutos do horário de visita, então, se prometeram não demorar, vocês já podem vê-lo!

Alegria toma conta do meu ser, e olho para os outros Fiennes-tiffin e para Shene e seus pais, que haviam ficado esse tempo todo ao lado de George e Martha, e vejo um sorriso invadir o rosto de cada um deles.
Martha diz para a médica que todos queremos ver Hero, a médica deixa claro que só podem entrar no quarto de quatro em quatro, mas como nós estávamos ali a quase sete horas, ela diz que vai liberar a enterrada dos quatro Fiennes-tiffin, mais a minha e a do Shene!
A médica pede para que nós a seguimos, e eu ando apressada ao lado de Titan. A enfermeira April sai do quarto onde Hero está, no instante em que a médica coloca a mão na maçaneta.
George e Martha são os primeiros a entrar no quarto, seguidos por Mercy e Shene e depois por mim e Titan.
Assim que eu adentro o quarto, eu me deparo com um corredor largo e pequeno, que a princípio não me permitem ver quem está ocupando esse quarto. Na parede da direta, há um suporte para álcool em gel, que eu imediatamente passo na mão, assim como os outros Fiennes-tiffin e Shene.
Hero está deitado em uma cama hospitalar, usamos uma camisola azul clara, e cercado por um monitor cardíaco e por um metal que mantém suspenso uma bolça de sangue, que vai direto para Hero através da intravenosa.
Meus olhos se enchem de lágrimas ao vê-lo tão frágil e desprotegido, eu dou um passo a frente, e fico parada do lado direito da cama, perto do aparelho que monitora os batimentos cardíacos de Hero.